Nem cara de chique, nem cara de rica
Antes do bege e alfaiataria serem uma personalidade, eu costumava me divertir me vestindo.
Querido diário,
De agora em diante, eu me visto para ela: a mulher que sou. Não quero ficar com “cara de rica”, eu quero ficar com cara de “eu”.
Se vestir para mim é uma brincadeira - ou deveria ser. É como construir um personagem, do qual eu realmente gosto, toda vez que saio de casa. Alguém que usa paetê às quintas e não se importa se fica too much.
Hoje se vestir parece uma grande performance, na qual eu preciso atuar e pensar no que terá o melhor resultado no post. O que fotografa melhor? O que vai para a pastinha de “salvos” do Instagram? O que encaixa melhor na mulher clean e cool que eu devo ser?
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Tem uma graça em escolher roupas sem pensar em quem vai me ver ou se o look tá “demais” ou “de menos” ou se está na moda. Se vestir requer alegria, hoje em dia parece que só segue normas e padrões.
Passeando pela internet eu vejo um mundo de tons neutros, silhuetas simples e fáceis, e pessoas tentando muito parecerem alguém que elas não são.
Então, hoje (só hoje) use algo “errado”.
Algo que pareça brilhoso demais, apertado demais, barulhento demais. E por um segundo, entre em contato com esse alguém que você conhece de verdade, invés de só parecer um alguém que é “palatável”.
Eu não acho que eu queira parecer ou ter a tal cara de rica. Eu acho que eu quero só parecer alguém que não tenha medo de ser vista. Por mim, primeiramente.
Então, amanhã em diante não vamos nos vestir para impressionar o algoritmo. Se vista para se lembrar de quem você é antes de todas as regras.
Não existe o look certo - apenas aquele que parece certo para você.
*Este texto reflete, exclusivamente, a opinião da autora