Reações à proposta de repactuação de contratos com a PMF

Um fornecedor que comercializa algo pelo preço de mercado não tem margem para absorver uma proposta de redução de 60% do contrato. Ele quebrará, alerta um industrial.

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(Atualizado às 03:57)
Legenda: Edifício sede da Prefeitura de Fortaleza, agora a administração do prefeito Evandro Leitão, do PT
Foto: Natinho Rodrigues / Diário do Nordeste

Empresas fornecedoras de serviços e produtos à Prefeitura de Fortaleza (PMF) reagiram com veemência à matéria publicada aqui no último sábado, 4, a respeito das sugestões que três empresários – dois industriais e um agricultor – encaminharam por meio desta coluna ao novo prefeito de Fortaleza, Evandro Leitão.

Um dos empresários sugeriu que o prefeito, durante seus 90 primeiros dias de gestão. “feche o caixa e repactue contratos com fornecedores”, aconselhando-o a oferecer desconto de até 60% para colocar em dia o pagamento das faturas.

O empresário autor da sugestão explicou que falou em tese, com o objetivo colaborar com a nova gestão da PMF. Ele reconheceu que exagerou no percentual, considerando que desconto tão amplo levantaria a suspeita de superfaturamento.

“O que eu quis dizer é que é preciso fazer o que faz o bom executivo público ou privado no início de sua gestão: reduzir as despesas, buscando equilibrar as contas e adequando a máquina administrativa às suas finalidades. Não tive outro intuito a não ser o de colaborar”, disse ele.

Esta coluna recebeu de fornecedores da PMF e, também, de empresários sem qualquer relação com a administração municipal várias e iradas mensagens. Uma delas, foi vazada e transmitida nos seguintes termos:

“A ideia desse empresário de baixar a inadimplência de R$ 10 para R$ 4 é fantástica com o sacrifício dos dois outros. Pergunto: os bancos que financiaram a inadimplência desses fornecedores vão dar também o mesmo desconto? Se não derem, como os fornecedores vão pagar aos bancos? Ideia idiota. Outra pergunta: se o dinheiro fosse dele, ele daria esse desconto?”

Um empresário da indústria também protestou e sua mensagem foi a seguinte:

“Quem são os grandes fornecedores aos quais será proposto esse deságio de 60%? Já pensou se a União fizesse a metade disto (a proposta dos três) com os detentores da dívida pública e que cobram juros extorsivos? Um fornecedor que está comercializando algo pelo preço de mercado, não tem margem para absorver uma proposta dessa. Simplesmente quebrará. No mundo das obras de infraestrutura e dos serviços, há sempre as possibilidades de superfaturamentos. Estas, certamente, são passíveis de negociação, mas será importante chamar o prestador de serviço e o Ministério Público, pois não há como fazer um ajuste sem admitir o superfaturamento. Vamos aguardar para verificar o posicionamento da nova gestão.”

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