Para Complexo do Pecém, UTEs a carvão usarão H2V a partir de 2028

Falando ontem a um grupo de industriais e agropecuaristas, o presidente e diretores da CIPP S/A disseram que este é o plano, por exemplo, da UTE Pecém I, da EDP, que já produz Hidrogênio Verde

Legenda: O plano estratégico do Complexo do Pecém está pronto e será executado conforme a demanda das empresas
Foto: Carlos Marlon

Durante duas horas, o presidente da Companha de Desenvolvimento do Complexo Industrial e Portuário do Pecém (VCIPP S/A), Hugo Figueiredo, e toda a sua diretoria reuniram-se ontem com empresários da indústria e da agropecuária, aos quais deram notícias de como a empresa está sendo preparada para atender às demandas das empresas que já estão chegando para produzir Hidrogênio Verde na ZPE-Ceará e gerar energia eólica offshore no litoral Norte do estado. 

Veja também

Mas a agenda da reunião foi mais ampla, envolvendo até queixas de alguns exportadores, que ouviram do comando da empresa a seguinte pacífica e estimulante mensagem: “Estamos aqui para melhorar a produtividade dos senhores”, como disse Hugo Figueiredo.

O auditório ouviu com atenção a exposição que ele fez acerca do CIPP e do seu planejamento de médio e longo prazos. Durante sua fala, Hugo Figueiredo revelou:

Primeiro: Até 2028, as usinas termelétricas (UTEs), movidas a carvão mineral, instaladas e em operação no Pecém, terão encerrado seus contratos de geração celebrados com a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Em 2008, essas usinas termelétricas, muito provavelmente, já terão substituído – ou estarão em processo de substituição – o combustível de origem fóssil, como o carvão, por uma fonte limpa de energia, como o Hidrogênio Verde. A UTE Pecém I, da EDP Brasil, já começou a fazê-lo: o Hidrogênio Verde que ela produz, por meio de eletrólise, em sua unidade piloto do Pecém é utilizado no processo de resfriamento de sua usina de energia movida a carvão mineral. A EDP Brasil já anunciou que essa UTE será, nos próximos cinco anos, ou menos, movida totalmente a H2V;

Segundo: O plano estratégico da CIPP S/A está pronto e o início de sua execução dependerá das necessidades das empresas-clientes. Por exemplo: o Consórcio Portocém, que construirá uma UTE movida a gás natural na ZPE do Pecém, disporá de uma estrutura flutuante a ser localizada na área protegida do porto e na qual atracará seu navio regaseificador. A ampliação do atual TMUT (Terminal de Múltiplo Uso) está no planejamento, mas será executado quando a demanda for apresentada pelas empresas interessadas.

Terceiro: A empresa suíça Fracht Logística, que comprou a CTI – uma gigante da área de armazenamento – já informou a CIPP S/A que implantará um grande projeto de armazenagem, para o que precisará, na primeira fase, de seis hectares. A empresa construirá uma câmara de armazenagem frigorífica que abrigará diferentes tipos de carga. 

Quarto: Na estrutura administrativa da CIPP S/A foi criada a Diretoria de Gestão e Projetos e uma Superintendência de Acompanhamento e Inovação. Afinal – explicaram os diretores da empresa – tudo avança muito rapidamente, principalmente os processos de gestão e as tecnologias em todas as áreas de interesse do Complexo do Pecém e dos seus clientes.

Quinto: O início de operação das primeiras empresas que já celebraram pré-contrato com a CIPP S/A para a produção de Hidrogênio Verde no Pecém está assim definido: Casa dos Ventos em 2026; EDP Brasil em 2027; Fortescue em 2028; AES Brasil em 2029. Mas a Fortescue está acenando com a antecipação do início de suas operações, que poderá acontecer também 2026, coincidindo com a operação da unidade industrial da Casa dos Ventos.

Sexto: Os processos de liberação das cargas das empresas exportadoras do agronegócio estão sendo feitos quase 100% pelo meio digital no porto do Pecém. Neste sentido, a Superintendência Estadual do Ministério da Agricultura agilizou seus procedimentos, reduzindo bastante o tempo da burocracia, e tudo isto tem contribuído para a aceleração dos embarques.
 
Quase no fim da reunião, dois exportadores questionaram o presidente e os diretores da CIPP S/A sobre as taxas cobradas pelo Porto do Pecém, que eles consideraram muito altas. Um deles chegou a dizer que transferiu suas cargas de exportação para o Porto do Mucuripe.