Para Campos Neto, Selic de um dígito depende de choque fiscal

Ex-presidente do BC e chefe global do Nubank, ele falou nesta quarta-feira, em Paris, no Lide Brasil França Forum

Escrito por
Egídio Serpa egidio.serpa@svm.com.br
(Atualizado às 09:31)
Legenda: Econmista Campos (foto), ex-presidente do Banco Central e chefe global do Nubank, falou hoje no Forum Lide Brasil França
Foto: Marcelo Camargo / Agência Brasil
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Vice-chairman e chefe global do Nubank, o economista Roberto Campos Neto, ex-presidente do Banco Central, afirmou que o Brasil precisa de construir condições para alcançar juros de um dígito. Ao falar nesta quinta-feira no Lide Brasil França Forum, em Paris, ele disse que “para a gente ter uma queda de juros que faça diferença em termos de produtividade e de planejamento de longo prazo, para a gente ter no Brasil juto de um dígito, depende de um choque positivo na área fiscal”. 

Ou seja, o governo terá de rever sua política de gastos, que só faz aumentar, sem qualquer sinalização de corte de despesas. 

Campos Neto afirmou que, embora haja expectativa de redução da taxa Selic no futuro próximo, a trajetória mais relevante depende do avanço fiscal. Ele citou que a economia brasileira deve desacelerar, com previsão de queda de 0,9% no terceiro trimestre e crescimento anual entre 2,1% e 2,2%. Também mencionou que o mercado de trabalho permanece apertado e que a inflação em 12 meses está em 4,65%, ainda acima da meta. 

O executivo destacou as reformas aprovadas pelo Congresso nos últimos anos, citando a autonomia do Banco Central, as reformas previdenciária e trabalhista e a reforma tributária, afirmando que essas mudanças surpreenderam observadores internacionais durante a pandemia. 

Campos Neto abordou ainda elementos globais que influenciam juros e risco, como polarização política, envelhecimento populacional, aumento de impostos sobre capital, custos ambientais e tensões geopolíticas. Segundo ele, esses fatores “compõem uma “nova ordem global com impacto direto sobre as condições financeiras. 

Ao tratar de tecnologia, ele disse que o avanço do poder computacional e do armazenamento de dados impulsionou modelos mais eficientes de Inteligência Artificial (IA), mas também tende a pressionar mercados de trabalho e aumentar a desigualdade entre países com e sem domínio tecnológico. 

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