No Pecém, um Data Center de R$ 50 bilhões da Casa dos Ventos

Empreendimento de Alta Tecnologia da empresa liderada pelo cearense Mário Araripe consumirá 876 mil MW -- quase 1 GW -- de energia renovável, solar ou eólica.

Escrito por
Egídio Serpa egidio.serpa@svm.com.br
(Atualizado às 07:20)
Legenda: Foto do Data Center da Angola Cables, na Praia do Futuro, em Fortaleza. Os Data Centers são consumidores intensivos de energia.
Foto: José Leomar

Atenção! Um único projeto, que absorverá, quando estiver todo pronto, uma montanha de investimento do tamanho de R$ 50 bilhões, dobrará o consumo de energia elétrica limpa e renovável do Ceará. Sozinho, esse empreendimento consumirá 876 mil MW, ou seja, quase 1 gigawatt de energia eólica ou solar fotovoltaica – nada de origem fóssil como o gás natural, o óleo combustível ou o carvão mineral. Trata-se de um projeto sustentável do ponto de vista econômico, financeiro e ambiental.

Mas do que está a falar esta coluna?

Resposta: da implantação de um Data Center projetado pela Casa dos Ventos – a gigante brasileira de energias renováveis, fundada e liderada pelo empresário cearense Mário Araripe, na opinião de quem o Ceará tem tudo para ser, além de um hub do Hidrogênio Verde, um polo da Tecnologia da Informação.

Na terça-feira, 21, o deputado federal Danilo Forte tratou desse projeto com o vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Geraldo Alckmin, que é, também, presidente do Conselho Nacional das Zonas de Processamento para Exportações (ZPEs). O projeto do Data Center da Casa dos Ventos será apreciado por esse conselho ao longo do próximo mês de fevereiro.

Geraldo Alckmin ficou muito bem impressionado com o que ouviu do deputado Danilo Forte, que ontem transmitiu à coluna as informações macro do empreendimento.

Na primeira fase de execução do projeto, serão investidos R$ 12 bilhões; nas obras civis de sua construção, trabalharão 13 mil pessoas; quando o Data Center estiver em operação, 2.800 pessoas – todas de nível superior, todas com especialização em Tecnologia da Informação e todas ganhando bons salários – comporão o seu quadro de colaboradores.

“Essa mão de obra já está sendo preparada pelo IFCE em seus vários campi no interior do Ceará”, adiantou o deputado Danilo Forte, para quem, além do aspecto econômico e social, o projeto terá importância cultural, pois também aportará, fortemente, conteúdo de Inteligência Artificial.

“O Ceará viverá, com o Data Center da Casa dos Ventos na ZPE do Pecém uma evolução técnica, tecnológica, social e econômica que nenhum outro projeto proporcionará neste ou noutro estado brasileiro”, acrescentou o parlamentar.

Na conversa com o vice-presidente e ministro Geraldo Alckmin, Danilo Forte reportou-se aos últimos pronunciamento do presidente dos EUA, Donald Trump, que, na terça-feira, anunciou investimentos de US$ 500 bilhões (meio trilhão de dólares) na área da Tecnologia da Informação, hoje dominada pelas bigtechs Apple, Microsoft, Nvidia, Alphabet, Amazon, Meta e Tesla.

Como Trump pretende investir na perfuração de poços de petróleo, os Data Centers norte-americanos deverão ser abastecidos por energias de origem fóssil. Não será o caso do Data Center da Casa dos Ventos, que produzirá toda a energia limpa de que precisará seu equipamento a ser instalado na ZPE do Ceará, em Pecém. (A propósito: a ZPE cearense é a única que está em efetiva operação no Brasil).

Por proposta do deputado Danilo Forte, a legislação das ZPEs deverá mudar para permitir que as empresas que vierem a instalar-se em sua área possam comercializar, inclusive para o exterior, não apenas produtos, mas também serviços na área da Tecnologia da Informação, como é o caso dos Data Centers. O vice-presidente Geraldo Alckimin mostrou-se simpático a essa ideia.

Forte lembrou que, hoje, a região Nordeste – e o Ceará também – gera e exporta mais energia do que consome, incluindo as renováveis. Mas, inacreditavelmente, o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) tem restringido o despacho dos parques eólicos e solares nordestinos, causando prejuízos crescentes às empresas geradoras – algo que só parece acontecer no Brasil.

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