Na instalação do 14º Congresso Brasileiro do Algodão (CBA), que se realiza de hoje até quinta-feira, 5, no Centro de Eventos do Ceará, os quatro discursos que o abriram convergiram para o aplauso ao fato de que o Brasil é, hoje, o maior exportador mundial de pluma, e isto é resultado do trabalho dos produtores que fizeram investimentos na tecnologia, por meio da qual melhoraram a qualidade, e na inovação que permitiu a rastreabilidade do produto.
Os cinco oradores – o presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abarapa), Alexandre Schenkel; o presidente da Apec, Jorge Viana; o presidente da Frente Parlamentar do Agronegócio (FPA), deputado Pedro Lupion; o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro; e o governador do Ceará, Elmano de Freitas – ouvidos por um silencioso auditório de 3 mil pessoas, a grande maioria vinda de outros estado, apostaram no futuro promissor do algodão brasileiro.
Schenkel, sem esconder o entusiasmo pela grandiosidade do evento que sua Abrapa promove pela 14 vez, deu números a ele: estão no CBA deste ano, em Fortaleza, representações de 25 estados brasileiros e de 19 países das Américas, Europa, Ásia e Oceania, além de 62 empresas nacionais e estrangeiras, patrocinadoras do evento. A programação técnica tem 14 hubs temáticos com 114 palestrantes.
O CBA 2024 está alicerçado no tema central, que é “Construindo história: rumo ao protagonismo mundial”.
O presidente da Abrapa lembrou que a cotonicultura mudou muito desde sua criação 25 anos atrás, “graças à pesquisa e às pessoas”. Alexandre Schenkel disse que, há um quarto de século, o Brasil era um grande importador de algodão, “e hoje é o maior exportador do mundo”.
A produção brasileira, prevista para safra 2023/2024 é de 3,3 milhões de toneladas. O consumo da indústria nacional é de 700 mil toneladas. O excedente é todo exportado.
“Estamos exportando algodão até para o Egito”, disse Schenkel pondo força e ênfase na voz. Ora, se o Egito, que produz o que é considerado o melhor algodão do mundo, “compra o algodão brasileiro, é porque nosso produto é da mais alta qualidade”, acentuou ele.
Mais adiante, Schenkel o CBA deste ano debaterá sobre quatro pontos de alto interesse para a cadeia produtiva do algodão brasileiro: rastreabilidade, sustentabilidade, qualidade e promoção do produto no exterior.
A cotonicultura brasileira avançou em tecnologia a tal ponto que sua produtividade é hoje, três vezes maior do que quando a Abrapa foi fundada: são colhidos 2.400 quilos por hectare, tudo em sequeiro. “Essa produtividade é a maior do mundo, e com o detalhe importante: nossa produção é compromissada com o social e o meio ambiente”.
Mais entusiasmado, Alexandre Schenkel disse, em nome dos produtores brasileiros de algodão:
“Somos pioneiros na rastreabilidade, desde a semente ao guarda-roupa. E temos mais de 1 mil parceiros aqui e lá fora que nos ajudam na qualificação do nosso produto. Repito: vendemos algodão até para o Egito.”
Depois do presidente da Abrapa, falou o presidente da Apex, Jorge Viana, ex-governador do Acre, membro destacado da cúpula do PT. Ele lembrou que, “quando Cabral chegou ao Brasil, os índios cultivavam o algodão. E foi o Nordeste, mais especificamente o Maranhão, que fez a primeira exportação de algodão do Brasil para o estrangeiro, no ano de 1.760”.
Viana também disse que o Brasil “se tornou o maior exportador de algodão do mundo” e, igualmente entusiasmado, acrescentou que, por esta causa, a Apex, que já tem um escritório em Cingapura, pretende abrir um Centro de Armazenagem do algodão brasileiro na Ásia, para disputar com mais intensidade o mercado consumidor daquele continente.
“O algodão brasileiro é 82% certificado e 90% rastreado”, disse Jorge Viana, e esta é mais uma razão que leva a Apex a promover um intenso programa de divulgação dessa fibra, cujo processo produtivo é o que mais respeita os princípios ESG.
Depois, falou o presidente da FPA, deputado Pedro Lupion, do Paraná. Ele disse que foi extraordinário o esforço do produtore brasileiro, que, enfrentando a devastação promovida pelo bicudo, que arrasou os algodoais brasileiros, deu a volta por cima, investiu na tecnologia e hoje produz o melhor algodão do mundo.
Ele disse que essa transformação virou “um case”, que se tornou exemplo para outros setores do agro. E enalteceu a capacidade dos produtores, que hoje produzem com rastreabilidade e responsabilidade social e ambiental.
O ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Carlos Fávaro, falou em seguida, e aplaudiu os cotonicultores brasileiros, que fizeram do Brasil “o maior exportador de algodão do mundo”. Segundo ele, a produção brasileira de algodão pode ser ampliada sem que seja necessário invadir as zonas de selva.
Lembrou Fávaro que sua pasta lançou um programa de recuperação de áreas degradadas, que podem receber, com os devidos tratos, novos investimentos no cultivo do algodão.
Por fim, discursou o governador do Ceará, Elmano de Freitas, para quem o 14º Congresso Brasileiro do Algodão é “muito bem-vindo”, recordando que o Ceará já foi, na metade do século passado, protagonista da cotonicultura brasileira. E anunciou que seu governo, em parceria com a iniciativa privada, lançará um programa denominado “Algodão do Ceará”, cujo objetivo é da retomada daquele protagonismo.
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