Na Chapada do Apodi, a Nova Agro começa a colher seu algodão

Em 450 hectares irrigados, que poderiam ser 750 se houvesse energia elétrica com tensão suficiente, a fazenda de Raimundo Delfino tem alta produtividade: 5 toneladas por hectare

Escrito por
Egídio Serpa egidio.serpa@svm.com.br
(Atualizado às 06:19)
Legenda: Na próxima quarta-feira, 29, começará a colheita da safra de algodão deste ano da Fazenda Nova Agro, na Chapada do Apodi
Foto: Divulgação
Esta página é patrocinada por:

Festa na Fazenda Nova Agro, do agroindustrial Raimundo Delfino, que na Chapada do Apodi, numa área irrigada de 450 hectares, está vendo crescer sua produção de algodão de alta qualidade, cuja safra será colhida nos próximos dias. Delfino, que aposta todas as fixas no seu projeto de produzir o chamado “ouro branco” em 2.500 hectares naquela abençoada região, está meio alegre e meio triste, pois, em vez dos atuais 450 hectares, ele deveria estar cultivando algodão em pelo menos 750 hectares, “se a Enel garantisse energia elétrica estável e com tensão suficiente para a movimentação dos pivôs centrais de irrigação da nossa fazenda”.  

Ele é um crítico da Enel Distribuição Ceará, com a qual vem há dois anos sustentando uma arenga que, até aqui, “deu em nada, uma vez que os problemas permanecem, principalmente os causados pela queima dos motores dos pivôs e de outros equipamentos que a Nova Agro utiliza”. Esta coluna procurou, novamente, o presidente da Enel Ceará, engenheiro José Nunes, que voltou a informar que estão sendo feitos investimentos de monta não apenas na região do Apodi, “que beneficiarão a Nova Agro”, mas em toda a geografia do Leste do estado, onde novas subestações foram instaladas. 

Delfino postou, nas redes sociais, fotos da plantação de algodão de sua fazenda, como se quisesse provar que a área cultivada não é maior porque “falta o essencial, a energia elétrica”. Além da área de 450 hectares, toda irrigada pela água de 33 poços profundos, a Nova Agro já produziu em outros 2 mil hectares numa área de sequeiro, ou seja, dependente somente da água da chuva. A fazenda cultiva duas variedades de sementes: a BS 2324 e a TMG 83XKF. E tem contrato com a Embrapa Algodão, cujos especialistas estão constantemente acompanhando as pesquisas que desenvolvem com novas sementes para a Nova Agro. Há um detalhe que alegra a direção da Nova Agro: sua produtividade, que é de 5 toneladas por hectare. 

Na próxima quarta-feira, dia 29, a Nova Agro começará a colheita mecanizada de uma parte da área cultivada, e dentro de 45 dias, fará a colheita na parte restante. Toda a pluma colhida será destinada à Santana Textiles, empresa de Raimundo Delfino, que, além de fábricas no Ceará e na Argentina que produzem o tecido índigo usado para a confecção de roupas jeans, tem, também, uma unidade de fiação, que beneficia o algodão colhido na Chapada do Apodi.  

O solo e o clima da Chapada do Apodi são próprios para a cotonicultura, e a prova disto é o êxito da Nova Agro, cuja safra algodoeira deste ano é reveladora de que o Ceará poderá, no curto prazo, retomar sua antiga vocação agrícola: nos anos 50-60-70 do século passado, a cotonicultura cearense foi uma das três maiores do país. O Ceará exportava, pelo porto do Mucuripe, algodão para os Estados UNnidos. Suas safras de pluma alcançaram, na época de ouro, mais de 150 mil toneladas.  

Neste momento, o governo do Estado, a Federação da Agricultura (Faec) e a a Federação das Indústrias (Faec) estão juntos no projeto “Algodão do Ceará”, já tendo atraído para a Região do Cariri – onde a cotonicultura implantará uma nova fronteiraarícola – produtores da região do Matopiba (Mato Grosso, Tocantins, Piauí e Bahia).  

O presidente da Faec, Amílcar Silveira, não tem dúvida de que no Sul do Ceará, principalmente no solo e no clima da Chapada do Araripe, surgirão, com o apoio técnico e tecnológico da Embrapa Algodão, algodoais semelhantes aos da Fazenda Nova Agro Agro, que registra, como foi dito acima, alta produtividade. 

Ontem, pelas redes sociais, os empresários Cristiano Maia (Grupo Samaria), Tom Prado (Itaueira Agropecuária), Paulo Selbach (Brócolis do Ceará), Marden Vasconcelos (Tijuca Alimentos), Edson Brok (Tropical Nordeste), Fábio Régis (Sítio Barreiras) e José Antunes Mota (Sindlacticínios) transmitiram mensagens de congratulações a Raimundo Delfino. Um deles chegou a escrever: “Você não é só um empresário competente, mas reconhecidamente ousado”. Põe ousadia nisso! 

A propósito da Chapada do Apodi: o governo do Estado deve voltar seu olhar para essa região, pois é lá que a agricultura 5.0 está a desenvolver-se. Beneficiada por dois lençóis freáticos, a Chapada carece de melhor logística de transporte (máxime, estradas) e uma rede mais potente de energia elétrica. Do resto, cuidam o investimento privado, a tecnologia, o solo e o clima.   

Veja também