Luiz Roberto Barcelos: do melão no Ceará à soja em Goiás

Fundador e ainda da Agrícola Famosa, hoje controlada por capital espanhol, o empresário investe no cultivo de soja no Norte goiano. Mas mantém as raízes no Ceará.

Escrito por
Egídio Serpa egidio.serpa@svm.com.br
(Atualizado às 05:07)
Legenda: Luiz Roberto Barcelos abraça sua plantação de soja na Fazenda Ponto Alto em Porangatu, no Norte de Goiás.
Foto: Divulgação

No distante estado de Goiás, no Centro Oeste do país, Luiz Roberto Barcelos – fundador, com o sócio e amigo Carlo Porro, da Agrícola Famosa, grande produtora e exportadora de melão e melancia com fazenda que se estende desde Icapuí, no Ceará, até Mossoró, no Rio Grande do Norte, da qual era também diretor de Assuntos Institucionais – está agora em carreira solo, investindo na produção de soja.

Ele adquiriu uma fazenda, a Ponto Alto, na geografia do município de Porangatu, no Norte goiano, muito perto da divisa com Tocantins, “um lugar também abençoado por Deus, assim como o é o Ceará”, disse ele ontem à coluna.

A primeira etapa do projeto de sojicultura da Ponto Alto tem área plantada equivalente a 1.100 hectares, cuja colheita começará dentro de 20 dias, segundo informa o próprio Luiz Roberto Barcelos. Como a região tem uma excelente pluviometria, a soja lá é cultivada em regime de sequeiro, ou seja, desenvolve-se apenas com a água das chuvas, dispensando gastos com a irrigação.

Uma parte da produção deste ano – informa Barcelos – foi vendida com antecedência para cobrir os custos. Mas todo o restante será exportado por meio de grandes tradings.

Por que investir em um lugar tão distante do Ceará e do Rio Grande do Norte, onde ele está há 40 anos e que dispõem de áreas propícias à produção de soja? – foi a primeira pergunta que fez a coluna.

Com outras palavras, Luiz Roberto Barcelos respondeu, dizendo que optou pela região Norte de Goiás por vários motivos, três dos quais foram fundamentais: a disponibilidade de terra com preço mais ou menos acessível, a qualidade do solo, que exige pouco investimento no seu trato, e o regime de chuvas, “o que nos tranquiliza”. Não é o caso do semiárido nordestino.

Luiz Roberto é hoje uma das mais influentes vozes da fruticultura, da agricultura irrigada e do setor de insumos biológicos junto ao Governo Federal, principalmente no Ministério da Agricultura, na Frente Parlamentar do Agro e, também, no Palácio do Planalto (tem boa relação com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva).

Por indicação de Carlos Prado – fundador da cearense Itaueira Agropecuária, outra grande produtora e exportadora de melão e melancia – que liderou os esforços para a criação da entidade, Barcelos foi eleito primeiro presidente da Associação Brasileira dos Produtores Exportadores de Frutas (Abrafruta), que conta hoje com quase 100 associados.

Você deixou de lado a produção de melão? Ele respondeu, usando outras palavras, com a explicação de que ainda é sócio da Agrícola Famosa, empresa hoje controlada por um grande grupo fruticultor da Espanha, com negócios em quase toda a Europa. Esse grupo dispõe de capital e expertise para manter e ampliar o negócio, assegurando a sua perpetuidade.

O foco de Barcelos é, agora, sua fazenda goiana, na qual esteve na semana passada, tendo se embrenhado plantação adentro, deixando-se fotografar de braços abertos no meio do que será a sua primeira grande safra.

“A produtividade de nossa fazenda de soja é estimada em 75 sacas de 50 quilos por hectare”, anunciou ele por meio de uma postagem numa rede social, acrescentando: “É produtividade alta, o que comprova a boa qualidade da semente que usamos e mais ainda do solo da nossa propriedade”.

Luiz Roberto Barcelos criou e mantém no Ceará, há 30 anos, um círculo de amizade que extrapolou a área da agropecuária e se ampliou à da política daqui e do Rio Grande do Norte, onde tem muito boa relação com a governadora Fátima Bezerra e, também e principalmente, com o senador Djalma Marinho. Seu nome foi sondado para assumir uma candidatura ao Senado pelo vizinho estado, mas ele, com a lhaneza que o caracteriza, desvencilhou-se da encrenca sem causar ruído.

Na sua opinião, graças às pesquisas da Embrapa, há 40 anos, e aos investimentos privados ao longo desse período, o agro brasileiro, incluindo sua pecuária e, também, sua agroindústria, alcançou um tão alto nível de desenvolvimento tecnológico e de inovação, que é considerado o melhor do mundo. Barcelos lembra que uma boa parte da população mundial é abastecida de proteínas e fibras produzidas pelo agro brasileiro.

E o futuro é promissor?

“Sim, nossa agricultura e nossa pecuária – cuja produção é comprovadamente sustentável do ponto de vista ambiental – seguem investindo na tecnologia e na inovação, buscando sempre produzir mais com menos. É o que faço na nossa Fazenda Ponto Alto, em Goiás”, finalizou Luiz Roberto Barcelos.

Veja também