Juazeiro do Norte e o Cariri são uma festa em movimento
Entre 2005 e 2025, ali tudo cresceu, ficou moderno, bonito e saneado. A economia caririense é outra, dinâmica, e a indústria, o agro e o turismo crescem juntos
Havia 20 anos, este colunista não visitava o Cariri. Por dever de ofício, retornou lá no fim da semana passada para ver a II ExpoCariri, maior feira e exposição da agropecuária do Sul do Ceará, realizada na Estação Experimental da Embrapa Algodão, na zona rural de Barbalha, cuja sede é um espaço histórico abençoado por Santo Antônio e habitado por uma população que dispõe de alguns dos melhores hospitais do estado.
De 2005 para 2025, tudo mudou, e para melhor, na região caririense. Arregalaram-se os olhos dos passageiros do King Air que, partindo de Fortaleza e aproximando-se do seu destino, sobrevoou Juazeiro do Norte: a cidade à frente mostrava os fortes sinais da verticalidade que assumiu sua paisagem urbana, com belos edifícios residenciais e largas avenidas. E do lado direito da janela do avião, a nacionalmente conhecida estátua do Padre Cícero, o taumaturgo cantado em verso e prosa e fonte de uma romaria que só aumenta a cada ano nos meses de fevereiro (Dia de Nossa Senhora das Candeias), março (seu aniversário de nascimento), julho (aniversário de sua morte) e novembro (dia de Finados).
A segunda boa e bela surpresa é o Aeroporto Regional do Cariri, agora livre da Infraero e sob a gestão da espanhola Aena, a mesma que administra o Aeroporto Internacional do Recife. Amplo, confortável, cheio de lojas e com praça de alimentação, o terminal tem acompanhado o progresso de Juazeiro do Norte, com pousos e decolagens diários das grandes empresas do transporte aéreo nacional.
Há 20 anos, esse aeródromo e a avenida que lhe dava acesso, ligando-o ao centro comercial urbano da cidade, eram acanhados. Agora, para agradável surpresa deste colunista, há não apenas uma, mas várias avenidas que se entrelaçam. Surpreendentemente, são duplicadas, largas... e limpas. Em 2005, quando estive em Juazeiro do Norte pela última vez, a água do esgoto de suas casas escorria pela coxia das calçadas. Este detalhe, pelo menos ao longo de todos os trechos que percorri, desapareceu, sinal de que a cidade foi saneada, e esta é e será sempre a melhor notícia para o povo nordestino.
De repente, surgiu a silhueta de belos e altos edifícios residenciais, concentrados em uma área de Juazeiro do Norte que provavelmente é a sua Aldeota, muito próxima da qual estão situados bons restaurantes para todos os gostos, até para quem aprecia a cozinha asiática, outro sinal do desenvolvimento econômico, social e cultural da “capital do Cariri”.
No dia de minha visita, a sexta-feira, 31 de outubro, antevéspera do Dia de Finados, a cidade estava plena de romeiros vindos de todos os estados do Nordeste e de outras regiões, que chegavam de “paus de arara”, de ônibus, carros de passeio e de avião. Hotéis e pousadas lotados, algo que se registrava também nas cidades do seu entorno, como Crato e Barbalha, que recebiam, também, produtores rurais dos 25 municípios do Cariri atraídos pela ExpoCariri.
Outra surpresa: há uma bela e muito bem pavimenta avenida de duplas pistas que contorna Juazeiro e conduz à grande rotunda que encaminha o tráfego para as cidades de Crato e Barbalha. E a rodovia estadual, também duplicada e de pavimento 100% perfeito, sem buracos, que leva a Barbalha expõe a explosão do comércio regional caririense. Há lojas de marcas famosas que vendem de tudo, de material de construção a produtos para o agro, de automóveis a medicamentos. E há, também, churrascarias. Uma paisagem de deixar boquiaberto quem, pela primeira vez, visita o Cariri. Ou quem passou 20 anos sem visitá-lo.
Para terminar, a cidade de Barbalha, que segue linda como antigamente, sendo agora palco de uma festa religiosa anual e tradicional que ganhou cobertura nacional das redes de tevê – a festa do Pau da Bandeira de Santo Antônio, em junho – conta desde o ano passado com a maior feira e exposição da agropecuária do Sul do Ceará, a ExpoCariri.
É outra gratíssima e surpreendente novidade que o Cariri também mostra nos dias de hoje. Ocupando boa parte da Estação Experimental da Embrapa Algodão, a ExpoCariri reúne a cadeia produtiva dos 25 municípios caririenses, atraindo empresas estrangeiras e nacionais que expõem e vendem seus produtos, incluindo tratores, caminhões e tecnologias para o agro. Enfim, o Cariri é uma festa em movimento.
FAEC CONVIDA JAMIL A ABRIR FÁBRICAR NO O CEARÁ
Patrícia Morais, empresária paulista dona da Máquinas Agrícolas Jamil, com sede em São Paulo, confirmou a mim que recebeu convite do presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Ceará, a Faec, Amílcar Silveira, no sentido de instalar em Fortaleza uma unidade industrial de sua empresa.
Ela disse que o convite a surpreendeu positivamente, porque, na sua opinião, a agricultura cearense está crescendo em alta velocidade, atraindo a atenção do setor industrial que lhe fornece produtos e serviços. Ontem, durante uma reunião de empresários do agro cearense, Patrícia Morais anunciou que vê com simpatia o convite do presidente da Faec, mas disse que, para concretizar a implantação de uma fábrica no Ceará precisará de capital de giro.
Amílcar Silveira, que estava ao seu lado na reunião de ontem, garantiu que “capital de giro nós, da Faec, resolveremos aqui, e para isto temos o Banco do Nordeste que tem linha de financiamento específico para atender ao pleito da Máquinas Agrícola Jamil”.
Patrícia Morais, que participou no último fim de semana da ExpoCariri, em Barbalha, retornará hoje a São Paulo, mas prometeu continuar mantendo negociação com o presidente da Faec.
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