Em Sobral, em Fortaleza, em Pacajus e no Crato, o Grupo Grendene tem 10 unidades de produção que fabricam calçados com a mão de obra de cerca de 30 mil cearenses.
A empresa que, em Sobral, fornece três refeições diárias para todo o conjunto de colaboradores da Grendene é a maior contribuinte do ICMS no município.
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Eis, do ponto de vista social, a grande virtude da empresa dos irmãos Pedro e Alexandre Grendene. Há outra virtude, vista pelo prisma da economia: mais da metade do que sai de suas fábricas cearenses vai para o mercado estrangeiro, gerando divisas para o Ceará e o Brasil.
Mas há um detalhe que intriga a mente de empresários cearenses que, digamos assim, procuram resposta para uma pergunta: por que o centro de inteligência da Grendene está sediado no Rio Grande do Sul e não aqui no Ceará? É ele que agrega valor às dezenas de modelos de seus elogiados produtos.
Esses mesmos empresários, que atuam na indústria e na agropecuária, elogiam a cearense Betânia Lácteos, que, também incentivada, cria e desenvolve aqui mesmo sua linha de lacticínios e sua política de marketing.
Na Betânia, há também um núcleo de inteligência, do qual saiu a ideia de implantação de uma moderna fábrica de leite em pó, em operação desde 5 de outubro do ano passado em Morada Nova, no Sertão Central do Estado.
A Betânia está presente em toda a cadeia produtiva do leite, sua matéria-prima, nos estados em que atua – Ceará, Pernambuco, Sergipe e Bahia.
Os mesmos empresários preocupam-se com o que poderá acontecer com as empresas nacionais e estrangeiras que se instalarão no Hub do Hidrogênio Verde do Pecém, para as quais o mesmo cardápio de incentivos fiscais está sendo oferecido.
“Temos de atrair para cá elos importantes da cadeia produtiva do H2V. Por exemplo: um núcleo de inteligência que forme e qualifique profissionais técnicos para as diferentes áreas do processo de produção do Hidrogênio Verde, o que inclui a dessalinização da água do mar e o uso de energias renováveis”, disse a esta coluna um empresário e engenheiro, que se declarou “estudioso da nova indústria e das novas tecnologias industriais”.
O que esse grupo inquieto do empresariado cearense sugere é um esforço de todos, a começar do governo estadual, no sentido de convencer as empresas do futuro Hub do H2V a investir, aqui também, nos outros elos da cadeia produtiva, “para que não se repita o que se passa com a usina siderúrgica da CSP, que a Vale, dona de 50% de seu capital, considera “um ativo não essencial”, podendo livrar-se dela.
A CSP promete, desde sua construção, uma laminadora para o seu aço, que é exportado em placas para mais de 30 países mundo, que lhes agrega valor.
Uma laminadora na usina da CSP transformaria o Ceará num grande e moderno Polo Metal Mecânico, atraindo a indústria automotiva e da Linha Branca.
SINDENERGIA RECEBE NOVOS ASSOCIADOS
Amanhã, ao meio-dia, na cobertura do edifício da Casa da Indústria, sede da Fiec, a diretoria do Sindicato da Indústria de Energia do Ceará (Sindenergia) dará as boas-vindas às suas oito novas empresas associadas.
São elas: Energo Soluções em Energia, Teto Solar Energia Renovável, MF Energy, Renovigi Energia Solar, Tendência Energia, 3E PAR, Sunplena Energia - e Uruquê Jaguaretama Energias Renováveis, em fase de associação.
Ao evento comparecerá o secretário Executivo de Energia e Telecomunicações da Seinfra, engenheiro Adão Linhares, e a dos sócios da Uruquê Jaguaretama, responsável pelo futuro complexo fotovoltaico Uruquê, que gerará, no Vale do Jaguaribe, quase 2 GW de energia, sendo considerado o terceiro maior complexo de energia solar do mundo e o maior da América Latina.
O BRASIL PRECISA DE CONCORRÊNCIA
Segue o debate entre empresários do setor de energias renováveis, incluindo o de geração eólica “offshore” (dentro do mar).
Ontem, numa rede social, o debate aprofundou-se. Um empresário paulista, que há dois anos apresentou projeto de geração de energia eólica no mar disse, com todas as letras:
“É absolutamente ilegal a licitação na cessão independente, por total falta ausência de condições de competitividade”.
Aqui no Brasil, boa parte do empresariado tem ojeriza à concorrência, adora incentivo fiscal e aplaude o governo quando este baixa medidas que dificultam a importação.
A Zona Franca de Manaus tem incentivo fiscal há 50 anos. Será que, em meio século, as empresas lá instaladas não aprenderam a inovar nem a competir com produtos estrangeiros?