Hidrogênio Verde: CEO da Fortescue põe dúvida no Pecém
“"Se você está esperando alguém lhe pagar mais porque é verde, esqueça... no final das contas, a economia tem que funcionar", disse à Reuters Mark Hutchinson. O dono da Fortescue, Andre Forrest, está mais otimista.

Empresários cearenses da indústria e do agro assustaram-se, e seguem assustados, com o que disse quinta-feira, 23, à agência Reuters o CEO da Fortescue Energy, Mark Hutchinson. Falando na Reuters Global Markets Forum, um evento paralelo ao recém-encerrado Fórum Econômico Mundial, que anualmente, em janeiro, se realiza na estação de esqui de Davos, nos alpes suíços, Hutchinson disse o seguinte:
“A substituição de combustíveis fósseis por Hidrogênio Verde (H2V) depende da criação de demanda, tornando-o competitivo em termos de preço, já que os compradores não estão dispostos a pagar prêmios verdes”.
Mas ele acrescentou algo que deixou de orelha em pé, aqui no Ceará, os que acompanham o esforço do governo do Estado, da iniciativa privada e da academia no sentido de ser criado um Hub do H2V no Pecém. O CEO da Forstecue disse à Reuters, uma agência mundial especializada em economia:
“"Se você está esperando alguém lhe pagar mais porque é verde, esqueça... no final das contas, a economia tem que funcionar".
A australiana Fortescue, gigante mundial da mineração, fez em 2024 a promessa de divulgar, no meio deste 2025, a confirmação de sua decisão de investir US$ 5 bilhões na implantação de uma unidade industrial para produzir hidrogênio verde na geografia da ZPE do Pecém, no Ceará. No ano passado, a empresa chegou a anunciar que começarão, em 2025, os serviços de terraplenagem do seu terreno de 120 hectares.
Na informação que distribuiu aos seus assinantes – grandes empresas e grandes redes de jornais e televisão espalhados pelos países dos cinco continentes – a Reuters – maior agência internacional de notícias, com sede em Londres – lembrou:
“A Fortescue Energy, o braço de energia verde da mineradora australiana de minério de ferro Fortescue’s, disse em julho que era improvável que alcançasse sua meta de produzir 15 milhões de toneladas métricas de hidrogênio verde até 2030. Hutchinson disse que as aprovações finais de investimento ainda estavam pendentes para projetos de hidrogênio verde na Noruega e no Brasil, originalmente previstos para 2023, com a Fortescue Energy esperando para trazer mais investidores.”
Bem, a questão fulcral do H2V é, por enquanto, o seu alto custo de produção. Os eletrolisadores – que, usando energias renováveis, separam as moléculas da água – são, ainda, muito caros. Ao mesmo tempo, “os subsídios governamentais para reduzir esses custos para as empresas não foram feitos como esperado”, segundo disse o CEO da Fortescue à Reuters. Ele ainda emitiu a seguinte opinião:
“A demanda não surgiu da maneira que deveria, (mas) nos próximos anos esperamos que a demanda (aumente) à medida que os preços caírem", disse ele, conforme o texto da notícia distribuída pela Reuters.
Tudo isto tem a ver com o Ceará e sua economia, porque há mais de três anos os australianos da Fortescue descobriram Pecém como área ideal para a produção do H2V, uma vez que, além de estar ao derredor de um porto marítimo moderno e equidistante da Europa e dos EUA e a pouca distância do Canal do Panamá – dispõe de larga oferta de energias renováveis.
Lendo e relendo o que disse o CEO da Fortescue à Reuters, um deputado federal cearense, que lida com assuntos de energia, petróleo e gás, fez o seguinte e curto comentário em uma rede social: “Estaria a Fortescue jogando a toalha?”
O parlamentar desconfia de que a Fortescue esteja, agora, focada na produção do “ferro verde”, tendo em vista que a chegada de Donald Trump ao governo dos EUA e sua já declarada prioridade à perfuração de poços de petróleo e não à geração de energias renováveis (eólica e solar) poderão mudar os planos da iniciativa privada.
O deputado federal cearense comentou que, neste momento, o projeto mais consistente e viável para a produção de hidrogênio verde no Ceará “é o da Casa dos Ventos”, que, assim como a Fortescue, pretende investir semelhantes US$ 5 bilhões na construção de uma planta da H2V no Complexo do Pecém.
MAS O DONO DA FORTESCUE, ANDREW FORREST, MANTÉM SEU OTIMISMO
Matéria que está disseminada hoje nas redes sociais revela o que disse o controlador da Fotrscue, Andrew Forrest, falando no mesmo Fórum Econômico de Davos. Eis o texto que circula:
"A Fortescue reafirmou seu compromisso com a sustentabilidade e inovação no Fórum Econômico Mundial 2025, que acontece em Davos. Nosso Chairman Global, Andrew Forrest, apresentou nossa visão audaciosa de "Real Zero" ao lado de grandes líderes, incluindo o ex-vice-presidente dos Estados Unidos Al Gore, Karen Fang, o secretário John Kerry, Tzeporah Berman, Jaime de Bourbon de Parme e Laurence Tubiana.
Dr. Forrest convocou os líderes econômicos globais para identificar caminhos práticos para a rápida descarbonização e ressaltou que eliminar as emissões é um negócio inteligente, além de ser o caminho certo para um crescimento econômico mais forte.
O objetivo ambicioso, de zerar as emissões (Real Zero), será alcançado sem depender de compensações de carbono ou tecnologias de captura e armazenamento e representará um investimento de US$ 6,5 bilhões para descarbonizar totalmente nossas atividades na Austrália.
Entre os avanços destacados por Dr. Forrest estão o carregamento ultrarrápido de veículos em apenas 23 segundos, sistemas para carregar caminhões de grande porte em 30 minutos para 6 horas de operação, e o desenvolvimento de trens movidos a eletricidade verde ou amônia verde.
O modelo econômico por trás dessa transição é sólido e pragmático. Dr. Forrest destacou que a empresa espera economizar US$ 1 bilhão anualmente após a implementação completa dessas mudanças.
A Fortescue está provando que sustentabilidade e sucesso econômico podem e devem andar juntos. Nosso compromisso com a transição energética não apenas reforça nossa vantagem competitiva, mas também estabelece um novo padrão para a indústria global. Convidamos todos a se juntarem a nós nessa jornada rumo a um futuro mais verde e próspero, onde a inovação e a responsabilidade ambiental são os pilares do sucesso empresarial.
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