Granito de Uruoca embeleza o maior edifício do mundo

Burj Kalifa, em Dubai, com quase 200 andares, passa por retrovfit e usa novos materiais, entre os quais o belo e disputado quartzito cearense.

Escrito por
Egídio Serpa egidio.serpa@svm.com.br
(Atualizado às 03:11)
Legenda: Mais alto edifício do mundo, este é o Burj Kalifa, na cidade de Dubai, nos Emirados Árabes. Em tem mais de 800 m de altura
Foto: Site ND+
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Acredite, que é vero! Mais alto edifício do mundo, o Burj Kalifa (828 metros e quase 200 andares), em Dubai, nos Emirados Árabes, está passando por um retrofit, ou seja, por um processo de revitalização com a utilização de novos materiais e novas tecnologias. Pois bem, entre os materiais que são utilizados nessa revitalização, está o granito Taj Mahal, extraído do chão de Uruoca, aqui no Ceará.  

Quem o informa é Carlos Rubens Alencar, presidente do Sindicato da Indústria de Mármores e Granitos – o Simagran. A informação seria ainda mais interessante, se a indústria cearense tivesse agregado valor ao granito, o que não aconteceu, nem acontece, porque falta aqui uma unidade fabril que o transforme em peças prontas para aplicação em pisos e revestimentos internos e externos. Quem agrega valor ao granito cearense é a indústria do Espírito Santo, onde se localizam as maiores empresas do setor de rochas ornamentais do país.  

Acontece com o granito cearense o mesmo que acontece com o minério de ferro exportado pelo Brasil para a China, que o industrializa e o transforma em aço para seus navios, automóveis, trens, pontes, viadutos e uma infinidade de outros produtos que são vendidos no mundo inteiro.   

Agora, repare neste detalhe: as exportações cearenses de mármores e granitos, que no ano passado alcançaram US$ 43 milhões, fecharão 2025 na casa dos US$ 110 milhões. Estes valores chegariam a US$ 500 milhões, ou mais, se no Ceará houvesse uma ou duas indústrias beneficiadoras do Taj Mahal de Uruoca.  

De acordo com Carlos Rubens Alencar, sempre há uma esperança e ela está vindo aí: sem citar nomes, ele revela que duas indústrias de beneficiamento de mármores e granitos deverão instalar-se no Ceará ao longo de 2026, uma em Guaiúba, na Região Metropolitana de Fortaleza, 300 quilômetros a Leste de Uruoca, onde ficará a outra. A pergunta é: por que não as localizar na Zona de Processamento para Exportação, (ZPE) no Pecém, onde há à espera do interessado um cardápio de incentivos fiscais?  

Há um pouco de culpa do governo do Estado pela inexistência de indústrias beneficiadoras de mármores e granitos na ZPE do Pecém. Há cerca de 10 anos, foi celebrado um acordo com cinco grandes indústrias do Espírito Santo, que se instalariam na ZPE cearense, mas, por razões que a própria razão desconhece, esse acordo não foi cumprido. Resultado, a indústria da mineração do Ceará segue chupando o dedo, vendo sair daqui, quase diariamente, caminhões e navios transportando enormes blocos de rochas ornamentais que vão para a indústria capixaba ou para as da Europa, do Oriente Médio e da Ásia, que lhes agregam valor. E põe valor nisso. 

Um pouco mais de atenção do governo estadual poderia colocar o seu setor mineral no patamar onde estão os de calçados, pescados, frutas e aço, este é, pelo menos, o que pensa Rubens Alencar. 

CNI PEDE ACORDO COMERCIAL COM O MÉXICO 

Está sugerindo a Confederação Nacional da Indústria (CNI) que o Brasil avance na negociação para um Acordo de Livre Comércio mais abrangente com o México, mercado prioritário da agenda internacional da indústria nacional. A medida é considerada fundamental para proteger e ampliar a relação comercial bilateral, sobretudo neste momento. A CNI aguarda a confirmação de possíveis alterações no escopo da medida para estimar um impacto mais preciso sobre as exportações brasileiras. A CNI já havia feito estimativas sobre as novas medidas mexicanas, que impôs tarifas de até 50% às importações brasileiras, com base na proposta inicial do governo mexicano. A análise preliminar mostrava que a proposta poderia impactar US$ 1,7 bilhão (14,7%) do que foi exportado pelo Brasil ao México em 2024.  

Um dos principais pontos destacados na análise da CNI é que os acordos bilaterais vigentes são insuficientes e, principalmente neste momento, pode haver redução da competitividade brasileira. 

Para a CNI, é importante que os governos do Brasil e do México intensifiquem o diálogo bilateral, de modo a isentar ou diferenciar os produtos brasileiros das tarifas de importação anunciadas pelo governo mexicano, que vão na contramão das negociações em curso. Isso permitirá a manutenção do compromisso conjunto de modernizar a relação econômica, à medida que se cumpre com celeridade o cronograma do plano de trabalho para atualização dos acordos comerciais. 

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