Exportações cearenses enfrentam burocracia na hora do embarque

Pequenos exportadores de produtos perecíveis deixam de embarcar contêineres até por falta de fiscalização

Escrito por
Egídio Serpa egidio.serpa@svm.com.br
(Atualizado às 09:44)
Legenda: Exportações de produtos perecíveis do Ceará atrasam nos portos e chegam ao cancelamento até por falta de fiscalização
Foto: Governo do Ceará/ Divulgação
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Para além do tarifaço de 50% imposto por razões políticas e pessoais pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, a produtos brasileiros exportados para o mercado norte-americano, enfrentam os exportadores cearenses outro obstáculo de origem local: a falta de estrutura dos organismos responsáveis pela fiscalização nos portos do Mucuripe e Pecém e no Fortaleza International Airpot. Esta coluna recebeu, nos últimos dois dias, reclamações e protestos de um grupo de pequenos exportadores que, por falta de trabalho mais expedito dos fiscais desses organismos, deixaram de embarcar diferentes tipos de mercadorias. 

Os cearenses reclamam, e com razão, de que os atrasos que se registram naqueles terminais portuários e aeroportuário lhes causam prejuízos, inclusive os de responsabilidade e de imagem, junto aos importadores, com os quais têm contrato que fixam datas para o recebimento da mercadoria encomendada.  

“É triste e lamentável que isto continue acontecendo nos nossos terminais de embarque por exclusiva culpa dos organismos fiscalizadores, que às vezes não dispõe de pessoal em número suficiente para fazer o despacho, e às vezes, simplesmente, deixam de trabalhar nos fins de semana”, como contou um pequeno exportador de produtos perecíveis. 

Há produtos cearenses que disputam mercados na Europa “com o nosso maior concorrente, que é a China, onde são empresas estatais que produzem, comercializam, exportam e ainda ditam os preços a seu bel prazer”, de acordo com a mesma fonte, que ainda acrescentou: 

“É impossível concorrer com os chineses, porque lá não há, como aqui no Brasil, leis severas e organismos mais severos ainda para fiscalizar os impactos da produção no meio ambiente, para observar as condições de trabalho da mão de obra que lá é baratíssima e para, com essa fiscalização, retardar os embarques das mercadorias. A China é hoje a segunda maior potência econômica do mundo – em marcha batida para ser a primeira nos próximos anos – porque tudo lá é planejado e executado conforme as estratégias econômicas do seu governo e do seu regime político de partido único, o Partido Comunista. Eu queria ver a China produzindo e exportando sob a mesma Lei Trabalhista que existe no Brasil, sob a rígida fiscalização fitossanitária que há aqui, sob a vigilância de ONGs ambientalistas custeadas por governos e organizações europeias, como tem denunciado o ex-ministro Aldo Rebelo.” 

O mesmo pequeno exportador de produtos perecíveis disse à coluna que, no Brasil, e no Ceara também, “acontecem coisas incríveis, como a dupla fiscalização na mesma área de produção com idêntico objetivo, parecendo até que há um acordo para atrapalhar quem, legal e formalmente, produz e trabalha no campo e nas cidades”.  

O desabafo do pequeno produtor de mercadorias perecíveis é o que mais se ouve em reuniões de empresários. Está claro que, quando se produz no campo, essa atividade exige, naturalmente, o respeito às regras legais que dizem respeito à preservação do meio ambiente, pois, afinal, como disse o Papa Francisco, o planeta é a nossa casa e por isto deve estar sempre bem cuidada. Assim devem ser as áreas de produção agropecuária. No Brasil, que tem a melhor, a mais moderna e a agricultura de maior produtividade do mundo, há um cuidado especial das grandes empresas em relação à natureza. Isto não acontece na Europa, cujas florestas, quase todas, foram devastadas para dar lugar à produção agropecuária. Mas são os europeus da França, por exemplo, que não querem o acordo com o Mercosul porque não sabem produzir mais com menos, como o fazem os agricultores brasileiros.   

Nos EUA, alguém disse o seguinte em relação ao Brasil: “Fazendas aqui, florestas lá”. É como se tivesse dito: “Desmatem aqui, preservem lá.” A causa é a mesma: assim como os europeus, os norte-americanos, também não têm a produtividade do agro brasileiro. É por isto que a soja, o milho e o algodão produzidos nas diferentes regiões do Brasil têm preços mundiais competitivos. 

Retomando o fio da meada de hoje: os órgãos públicos do Ceará e do Brasil podem ajudar a melhorar a competitividade de quem exporta e assim ampliar o saldo da balança comercial do país e estimular a geração de mais empregos e renda neste estado.   

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