Encerrado o Fiec Summit, um gol de placa da indústria cearense

Evento idealizado e promovido pela Federação das Indústrias do Ceará concluiu: o planeta, ameaçado pelo aquecimento, não tem saída, que não transitar, com urgência, da energia fóssil para a renovável, e o Hidrogênio Verde é a grande e ainda cara novidade.

Legenda: Foram necessários dois auditórios para que que se cumprisse a programação técnica do Fiec Summit 2022
Foto: Diário do Nordeste / Thiago Gadelha

Um gol de placa! É o que se pode dizer do Fiec Summit, ontem encerrado, evento que reuniu no edifício sede da Federação das Indústrias do Ceará, durante dois dias, 1.345 brasileiros e estrangeiros de 18 países diretamente ligados à pesquisa, à produção, à comercialização, ao transporte, à distribuição e ao consumo do Hidrogênio Verde. 

Como deixaram claro todos os especialistas, investidores, empresários, executivos e pesquisadores que pronunciaram palestras ao longo do evento, não há hoje outra saída para o mundo, que não a de transitar - e em velocidade e segurança SpaceX - da energia fóssil, emissora de gases de efeito estufa, para as renováveis. 

Sem essa imediata providência, não haverá a sonhada descarbonização do planeta, de que é culpada a ação antrópica, ou seja, do próprio homem. 

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Da Fiec Summit 2022, emergem algumas conclusões. Por exemplo: o Ceará, por meio de suas instituições públicas e privadas, sabe como planejar e fazer eventos dessa magnitude. 

Em julho de 2014, o governo cearense, chancelado pela presidência da República e coordenado pelo Itamaraty, foi o anfitrião da reunião da Cúpula dos Brics, que trouxe até aqui os presidentes do Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul.  

No mesmo ano, sediou jogos da Copa do Mundo de Futebol, que se realizaram na Arena Castelão e, paralelamente, encheram de turistas toda a rede hoteleira de Fortaleza e mais os bares, os restaurantes, as praias e as casas de show da cidade, tudo dentro da mais perfeita organização. 

Esta coluna ouviu de vários empresários nacionais e estrangeiros rasgados elogios à forma como foi idealizado, planejado e executado o Fiec Summit, cujos anais serão bússola a orientar os investimentos – superiores a US$ 40 bilhões – que se farão, nos próximos cinco anos, somente na implantação de projetos de produção de Oxigênio Verde, afora outro tanto que será investido na geração de energia solar fotovoltaica e eólica onshore e offshore.  

Pretendem o governo do Estado, sua Federação das Indústrias, sua Universidade Federal e seu Complexo Industrial e Portuário do Pecém transformar o Ceará no que a governadora Izolda Cela está chamando de Casa do Oxigênio Verde, uma meta factível se for levado em conta o entusiasmo que une essas instituições em torno desse desafio. Superá-lo e alcançar o objetivo não é nem será uma tarefa fácil, mas os primeiros passos já foram dados na direção certa, e o primeiro deles data de 2017, quando Pecém e Roterdã deram-se as mãos e constituíram uma sociedade para grandes negócios de mútuos interesses.  

Ontem, no encerramento do Fiec Summit, o presidente da Federação das Indústrias, Ricardo Cavalcante, idealizador, e seu primeiro vice-presidente Carlos Prado, coordenador, receberam os cumprimentos pelo êxito do evento, que cumpriu, rigorosamente, a programação estabelecida – todos os convidados a proferir palestras técnicas compareceram. 

Dois auditórios e mais o saguão do piso térreo do edifício a Casa da Indústria foram necessários para abrigar os inscritos, parte dos quais de origem estrangeira, que se deslocaram de seus países para estar aqui. 

Com a mesma competência com que imaginaram e realizaram o Fiec Summit 2022, os que dele participaram têm agora a tarefa de transformar os Memorandos de Entendimento em grandes empreendimentos que tornem o Ceará – pioneiro no Brasil na geração de energia eólica – um polo de relevo mundial do H2V e das energias renováveis. 

Pelo andar da carruagem - e pelos motivos que, por exemplo, levaram a AcelorMittal a comprar a CSP e a Fortescue a procurar terrenos para a implantação de um parque gerador de energia solar fotovoltaica com potência de 2,2 GW - restam poucas dúvidas de que o Ceará está perto de realizar seu sonho. 

E para isso o sol, o vento e o mar cearenses são presentes divinos.