Fiec Summit: Descarbonizar o planeta custará US$ 275 trilhões

Cearense de Fortaleza, mas cidadão do Canadá e da Holanda, Jesse Griensven Thé, um consultor mundial em energia, sugere que o Ceará faça uso do H2V. E mais: Coopercon importará cimento.

Legenda: Jesse Griensven Thé (foto), consultor mundial em energias, aposta no Hidrogênio Verde produzido no Ceará
Foto: Marília Camelo /Gecom / Fiec

Mostrando o passaporte dos Países Baixos e dizendo-se o único holandês da história nascido em Quixeramobim, quando na verdade nasceu em Fortaleza na família Thé, o brasileiro e, também, cidadão do Canadá Jesse Griensven Thé, um dos maiores consultores mundiais em energia, disse ontem, no Fiec Summit:

“Para reduzir, até 2030, 50% das emissões de carbono e, até 2050, 100% dessas emissões, o mundo precisará de um Monte Evereste de US$ 275 trilhões. Só para atender ao que está na Lei. Só para a produção do Hidrogênio Verde, serão necessários, até 2050, US$ 11 trilhões.”

Jesse Thé foi além:

“Haverá uma mudança radical. Tudo vai mudar, mas essa mudança será difícil porque, primeiro, será preciso mudar a cabeça das pessoas, incluindo a dos investidores e a dos ambientalistas.”

A mudança já começou, os investimentos em energias renováveis crescem em alta velocidade. Jesse Griensven avisou:

“Já estão faltando navios especializados para enterrar no mar as torres eólicas offshore”.

Bem-humorado e falando sem qualquer sotaque nordestino, o consultor adiantou:

“É por isso mesmo que a ArcelorMittal comprou a CSP. Ela já enxergou o Aço Verde”.

No Fato Relevante em que comunicou a aquisição da CSP, a ArcelorMittal deixou claro que deverá investir na produção do Hidrogênio Verde, primeiro passo para jogar no lixo o carvão mineral poluente que move a gigantesca e moderna usina siderúrgica do Pecém.

Jesse Van Griensven Thé prestou consultoria à Federação das Indústrias do Ceará na organização do Fiec Summit e, também, na participação da entidade na Cop 26, realizada em Glasgow, na Escócia, durante a qual a entidade e o governo cearense comprometeram-se a trabalhar para que se alcancem as metas da ONU para a descarbonização do planeta.

Na sua fala, Griensven sugeriu que o Hub do H2V do Pecém não se volte totalmente para a exportação, aconselhando o seu uso local. 

“Pecém pode fazer amônia para a indústria nacional de fertilizantes. A ZPE do Ceará tem 13 mil hectares. É pouco. Só a DowChemical, nos EUA, tem, sozinha, 17 mil hectares. Assim, será necessário ampliar a área da ZPE cearense”, advertiu ele, lembrando de algo importante:

“O Estado do Ceará tem, somente em Memorandos de Entendimento (MOUs, na sigla em inglês), US$ 44 bilhões, o que significa que haverá oportunidades de negócios para as pequenas e medias empresas fornecedoras de produtos e serviços, inclusive da área da construção”.
 
No final, Jesse Griensven, emitiu uma frase que arrancou sorrisos e aplausos do auditório:

“O que não pode acontecer aqui, nesse projeto do Hub do Hidrogênio Verde, é a interferência da político e dos políticos, coisa que, graças  Deus, não acontece no Brasil”. 

COOPERCON-CEARÁ IMPORTARÁ CIMENTO

Decidiu a Cooperativa da Construção Civil do Ceará, a Coopercon, importar cimento da Europa.

A decisão foi tomada como medidas extrema. O preço do cimento no Brasil subiu 32,7% de janeiro a julho deste ano, onerando bastante o custo da construção.

A Coopercon está mantendo contatos com os países produtores europeus de cimento, incluindo os da Turquia, em busca do melhor preço de importação. 

Até que se feche a negociação, a cooperativa não falará sobre o assunto.