Emprego: lojas de Fortaleza têm 500 vagas de vendedores
Presidente da CDL, Assis Cavalcante, diz que há lojas que estão desde o ano passado sem completar seu quadro de pessoal.
Para a construção civil do Ceará, falta mão de obra, especializada ou simples; para a agropecuária, também. E para o comércio da capital cearense? Quem responde é ninguém menos do que o presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de Fortaleza, empresário Assis Cavalcante. Em mensagem verbal a esta coluna, que vem, nos últimos dias, levantando um debate sobre a questão, ele escreveu:
“Esse programa social de transferência de renda do governo federal (o Bolsa Família) -- maravilhosamente idealizado, mas executado com lamentáveis equívocos -- tem de fato atrapalhado, também, o varejo. Só no centro (comercial) de Fortaleza, sem falar nos shoppings, temos vagas para 500 vendedores. Há lojas que estão desde o ano passado sem completar seu quadro de pessoal.”
Assis Cavalcante pigarreia, limpa a garganta e comunica:
“No segmento de ótica, no qual atuo empresarialmente, estamos com uma carência de, aproximadamente, 180 profissionais de vendas.” E acentua:
“Caso o governo não mude as regras sobre o tempo de duração dos benefícios do programa, só haverá uma alternativa: a automatização da atividade varejista, o que, infelizmente, desumanizará o atendimento, e o cliente será apenado, pois o nosso povo cearense gosta do contato com o pessoal de frente de loja.”
Os empresários que, de uma semana para cá, emitiram aqui suas opiniões a respeito dessa falta de mão de obra repetiram o mesmo argumento: o trabalhador, qualificado ou não, parece haver perdido o gosto pela formalidade do emprego, ou seja, ele hoje prefere a ociosidade remunerada pelo poder público – na verdade, mal remunerada – do que o trabalho protegido pela CLT, com melhor salário e com as garantias das leis trabalhistas, algo que o Bolsa Família não contempla.
Mas é esse segmento da população que atrai a prioridade do governo numa troca de favores viciosa, deletéria, uma vez que falta a “porta de saída” do programa, sem a qual o beneficiário -- e são milhões -- se acostuma ao ócio e se desacostuma do labor. No sertão nordestino – o do Ceará no meio – cresce o número dos que, garantidos pela bolsa governamental, trocam o trabalho na lavoura pela espreguiçadeira da calçada de casa.
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