Eleições 2026: 65% ainda não sabem em quem votar
Para empresário industrial cearense, só com 35% decididos por candidaturas, não há como apontar favorito
Há 65% do eleitorado brasileiro que ainda não sabem em quem votar para presidente da República. Neste momento, e diante do que revelou na terça-feira, 16, a pesquisa Genial/Quaest, não há favorito, embora haja, nos 35% que já decidiram por candidaturas, a liderança forte do presidente Lula. Esta é a conclusão a que chegou um grande empresário cearense da indústria, que pediu, por óbvios motivos, o anonimato imediatamente concedido.
Mesmo assim, comentaristas apressados publicaram em sites jornalísticos opiniões interessantes: um deles disse que o levantamento da Genial/Quaest mostrou o favoritismo de Lula, que tentará a reeleição, e o de Tarcísio de Freitas, na opinião dos quais provavelmente deverá lançar-se a um novo mandato de governador de São Paulo, onde tem baixa rejeição e alto índice de aprovação.
“Daqui até julho, quando se realizarão as convenções partidárias, muita água correrá sob a ponte pré-eleitoral”, argumentou o empresário, acrescentando que “poderá haver surpresas tanto no plano federal quanto nos planos estaduais”.
O candidato de hoje – frisou o empresário – poderá deixar de sê-lo amanhã, e tudo dependerá de mais pesquisas, de mais conversas e de mais entendimentos ou desentendimentos, que são fatos e atos corriqueiros da política e dos políticos brasileiros – os cearenses no meio, evidentemente.
É preciso estar atento a um detalhe importante em relação ao pleito para o Palácio do Planalto: Lula não é o candidato do chamado mercado, e tanto não é que a divulgação da pesquisa Genial/Quaest derrubou fortemente a Bolsa de Valores, que fechou o pregão de terça-feira em queda de 2,4%, com extraordinária venda de ativos, algo que movimentou um volume financeiro de R$ 31,6 bilhões. O dólar subiu, mas aí pode ser citada, como justificativa, a remessa de lucros das empresas estrangeiras que operam no Brasil, o que sempre acontece nesta época do ano.
Esse mercado aposta suas fichas na candidatura de Tarcísio de Freitas, que, para o industrial ouvido por esta coluna, parece já ter optado pela reeleição ao Palácio dos Bandeirantes, que, de acordo com a mesma pesquisa, estaria assegurada pela baixa rejeição do seu nome e pela muito boa aprovação que tem da população paulista sua gestão.
Nos corredores das empresas financeiras que operam na Avenida Faria Lima, admite-se que Tarcísio de Freitas quer fugir das dificuldades financeiras que o próximo presidente da República, seja ele quem for, terá de enfrentar e superar a partir de 2027.
Essas dificuldades concentram-se na área fiscal: o rombo da Previdência avança como um bólido e cresce como uma bola de neve; os gastos com o funcionalismo público só fazem aumentar; a dívida está explodindo e seu serviço (o juro) vai exigir neste ano R$ 1 trilhão, dinheiro que o Orçamento Geral da União (OGU) não tem.
“Para superar esse caos que se aproxima, medidas duras terão de ser adotadas, e isto só poderá ser feito por um governo que tenha 1) legitimidade, o que as urnas lhe darão; 2) credibilidade popular, o que só o passado do governante conferirá; 3) coragem para adotar o ajuste fiscal, reduzindo o tamanho do estado, cortando gastos supérfluos, reduzindo a magnanimidade estatal; 4) diminuição das renúncias fiscais, que hoje consomem mais de R$ 600 bilhões do OGU; maioria no Congresso Nacional, principalmente no Senado; e 5) disposição para trabalhar, pois o Brasil não pode ter preguiçoso e esbanjador a comandá-lo”, disse o empresário industrial.
Como se vê, trata-se de um trabalho de Hércules.
De acordo com os últimos índices levantados pelo IBGE e pela FGV, a economia dá sinal de arrefecimento, embora o mercado de trabalho ainda esteja com percentuais aceitáveis. Os juros reais nas alturas impedem que o setor produtivo busque o crédito para investir na ampliação dos seus negócios, na tecnologia e na inovação.
Por causa disto mesmo, a indústria nacional, acossada pela concorrência estrangeira, máxime pela asiática (leia-se chinesa), perde competitividade, com raríssimas exceções, e a indústria aeronáutica (Embraer) é uma delas. Para embaralhar tudo, há o tarifaço de Donald Trump que agrava o quadro da indústria.
Resumindo: o Ano Novo está chegando, trazendo com ele grandes e graves expectativas para a política e para a economia nacionais. O horizonte à vista está carregado de nuvens escuras, prenunciando tempestade.
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