Economia do Mar: Ceará deve investir em peixes vermelhos

Para o ex-secretário Maia Júnior, o agro e a indústria cearenses devem investir na qualificação da mão de obra e na modernização da frota pesqueira

Escrito por
Egídio Serpa egidio.serpa@svm.com.br
(Atualizado às 08:00)
Legenda: A lagosta é um dos produtos que o mar oferece à economia do Ceará. Mas os peixes vermelhos são outra boa alternativa, diz Maia Jr.
Foto: Diário do Nordeste
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Ex-vice-governador e ex-secretário de Infraestrutura e do Desenvolvimento Econômico do estado, o engenheiro Maia Júnior adverte que o Ceará não pode perder as várias oportunidades que a Economia do Mar, ou Economia Azul, oferece hoje aos empresários do seu agronegócio.

Uma dessas oportunidades - ele disse - é o investimento na captura, beneficiamento e exportação dos denominados peixes vermelhos, como o pargo, o ariacó e a cioba, “além do atum”, que lidera a pauta das exportações cearenses de pescado. 

Para isso, é necessário aumentar o investimento na modernização de sua atual frota de barcos pesqueiros, ultrapassada em tudo, inclusive e principalmente na tecnologia. O esforço de pesca evoluiu e os instrumentos náuticos que equipam as modernas embarcações chegam a localizar os cardumes graças às informações e imagens via satélite. 

Maia Júnior elogia o avanço que, nos últimos anos, alcançou a agropecuária do Ceará, “com destaque para a produção de hortifrutis, chegando a quase 25 produtos cultivados e extraídos do solo cearense graças ao esforço de empresas privadas que apostaram e seguem apostando, sempre em escala crescente, no potencial agrícola do estado”.

Mas ele lembra que o agro cearense, que sempre foi voltado para a Economia do Mar, capturando, beneficiando e exportando lagosta e camarão, fortalece-se agora com uma forte oferta de pescados, sobretudo o atum, sendo o maior exportador nacional, "graças a negócios que envolvem a sua cadeia produtiva, pois já são três fábricas de uma empresa espanhola – a Robinson Crusoé, uma das melhores do mundo -- que processam, embalam e exportam o atum cearense”. 

Na sua opinião, o Ceará precisa de expandir esse mercado por meio da ampliação da oferta dos peixes vermelhos, uma vez que seu parque industrial “tem condição de agregar valor a esses pescados, dobrando sua captura, seu beneficiamento e sua exportação, o que vale também para o atum; isto tornará o Ceará um estado forte no setor pesqueiro, juntamente com Santa Catarina”. 

E o que precisa de ser feito? Maia Júnior tem a resposta na ponta da língua: 

“Melhorar a qualificação da mão de obra, apesar de todo o esforço já desenvolvido nesse sentido; ser necessariamente mais seletivo com relação aos empreendedores, de preferência atraindo-os de outros países para investir aqui no Ceará, como foi e segue sendo o caso dessa empresa espanhola; e uma providência inadiável é a de implementar uma indústria capaz de modernizar as embarcações pesqueiras que atuam aqui”.  

Mais Júnior vai direto ao ponto: 

“Estamos pescando com embarcações cujo nível de segurança é baixo, o que compromete bastante a qualidade do atum e dos peixes vermelhos capturados no Ceará. Seria muito importante e oportuno um trabalho junto ao BNB e ao governo cearense no sentido de substituir a nossa frota pesqueira por embarcações mais modernas, que possam abrigar melhor esse pescado e transportá-lo para a indústria em melhores condições para o processamento do que as de hoje.” 

O ex-secretário da SDE respira, enche o peito de ar e faz uma aposta: 

“O Mar tem muito a nos oferecer, além dos peixes. Suas algas podem ser transformadas, pela biotecnologia, em produtos para a saúde e o embelezamento de homens e mulheres. Ele é o infinito que está diante de nós (a costa cearense tem quase 600 quilômetros, desde Icapuí, no Sudeste, até Barroquinha, no Noroeste) e cabe-nos aproveitá-lo de maneira eficiente e sustentável.

"Os empresários do agronegócio do Ceará precisam elaborar, com detalhes, um plano para a Economia do Mar, fortalecendo a cadeia econômica do estado. Já fazemos isso com a criação de camarão em cativeiro em várias fazendas bem próximas da praia, e neste particular já somos os maiores produtores do país, graças aos investimentos privados. Por enquanto, toda a produção camaroneira do Ceará, e do Nordeste como um todo, está voltada para o poderoso mercado interno, mas há agora a forte possibilidade de exportação para a Europa, se for mesmo aprovado o acordo do Mercosul com a União Europeia”. 

Concluindo, Maia Júnior sugere que os líderes do agro cearense, com o apoio de sua Federação da Agricultura e Pecuária (Faec) e trabalhando em parceria com a Federação das Indústrias(Fiec), devem robustecer o planejamento para a Economia do Mar, algo que instituições privadas e públicas, principalmente em Portugal, já vêm fazendo, investindo em pesquisas destinadas à descoberta de novas possibilidades econômicas que os oceanos podem oferecer à melhoria de vida das pessoas. Ele entende que é possível, por meio das pesquisas científicas, identificar outros tipos de crustáceos ou peixes possíveis de serem produzidos em cativeiro. 

De acordo com Maia Júnior, merece louvor a Fiec que organizou uma Missão Empresarial que, a partir da próxima terça-feira, 12, e durante cinco dias, fará uma imersão na Nova School of Business & Economics (Nova SBE), principal escola de negócios de Portugal e uma das mais prestigiadas da Europa, reconhecida com a Triple Crown Accreditation e ocupando posições de destaque nos rankings internacionais. 

A missão integra o Programa de Educação Executiva Internacional elaborado e executado pelo Instituto Euvaldo Lodi, da Fiec, comandado por Dana Nunes, e dele participarão 29 empresários e executivos de empresas privadas e do governo do estado. 

Do grupo, que viajará domingo à noite para Lisboa, farão parte o próprio presidente da Fiec, Ricardo Cavalcante, o diretor do Sesi/Senai, Paulo André Holanda; a superintendente do IEL Ceará, Dana Nunes, empresários de diferentes setores industriais e, ainda, Carlos Alberto Mendes Júnior, conselheiro da Arce.  

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