Economia: boas notícias chegam para o Ceará
Hidrogênio verde e Big Data Center no Complexo do Pecém, investimento bilionário da Fiocruz no Eusébio e avanço da agricultura na Chapada do Araripe animam governo e empresários

Esta tem sido, surpreendentemente, uma semana de muito boas notícias para a economia do Ceará. Para começar, o anúncio da cúpula da Fortescue, que, na terça-feira, 4, no Palácio da Abolição, onde foi recebida pelo governador Elmano de Freitas, renovou o compromisso de investir US$ 5 bilhões (quase R$ 20 bilhões ao câmbio de hoje) no seu megaprojeto de implantação no Pecém de uma unidade industrial para a produção de hidrogênio verde (H2V).
No mesmo instante, mas noutro endereço, a Casa da Indústria, o presidente da Fiec, Ricardo Cavalcante, anunciava para quase uma centena de jovens empresários da AJE Fortaleza que o Ceará será um polo mundial de produção do H2V.
Ontem, uma fonte ligada diretamente ao governo do Estado, revelou à coluna que a Fundação Osvaldo Cruz (Fiocruz) investirá R$ 1 bilhão na construção de uma planta industrial que fabricará vacinas e medicamentos de alto valor. Esse investimento será feito na geografia do Polo de Saúde do Eusébio, na Região Metropolitana de Fortaleza, onde a Fiocruz já tem instalações que comporão seu complexo industrial farmacêutico.
A mesma fonte revelou que já foi licitada a construção dos primeiros prédios desse complexo, no que serão investidos R$ 133 milhões. A empresa vencedora é uma construtora cearense, que iniciará a obra dentro de 30 dias.
É pouco? Há mais: o empresário cearense Mário Araripe, que fundou e comanda a Casa dos Ventos – a maior empresa brasileira do setor de energias renováveis – tem amiudado suas reuniões com o presidente da Fiec, Ricardo Cavalcante, com o governador Elmano de Freitas e com o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, no sentido de acelerar providências para a construção das Linhas de Transmissão (LTs) que garantirão a energia elétrica eólica, solar e hidráulica necessária à instalação e operação do gigantesco Data Center que ele pretende construir no Complexo do Pecém, mais precisamente na geografia da ZPE do Ceará. Data Center, em qualquer lugar do mundo, é um consumidor intensivo de energia elétrica, insumo que o Ceará e o Nordeste produzem em abundância, mas com graves gargalos como o da carência de LTs.
Mas há, também, boas novidades que chegaram da agricultura cearense. Na Chapada do Araripe, na região do Cariri, no Sul do estado, produtores mato-grossenses já adquiriram mais de 20 mil hectares de terras, cujo solo já foi e está sendo tratado para produzir soja e mandioca – cultivo já iniciado – e algodão, daqui a mais três anos. É nessa área que vai surgindo a nova fronteira agrícola cearense. A propósito, a coluna publica o texto a seguir:
O SOLO DA CHAPADA DO ARARIPE: UMA OPINIÃO TÉCNICA
Sobre matéria aqui publicada a respeito da presença de grandes produtores rurais de Mato Grosso, que já adquiriram mais de 20 mil hectares de boas terras na Chapada do Araripe para o cultivo, já iniciado, de soja, mandioca e algodão, o agrônomo José Maria de Carvalho, servidor aposentado do Etene/BNB, transmitiu comentários muito pertinentes.
Carvalho diz:
“Os cerrados (de onde vieram os produtores mato-grossenses) apresentam uma similaridade com as chapadas do Apodi e Araripe. São solos de altitude, planos, não pedregosos (ou seja, que não impedem a mecanização), com solos ácidos e pobres em cálcio, fósforo e potássio.
“Com a correção do solo, e adubação com fósforo e potássio, os mato-grossenses conseguirão produzir mandioca, soja e algodão na Chapada do Araripe. É mais uma fronteira agrícola que se abre no Ceará e no Nordeste. Por extensão, também serão beneficiados os potiguares na Chapada do Apodi, no lado do Rio Grande do Norte, como já o são os cearenses do lado de cá.
“A atual gestão da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado do Ceará (Faec) vem trabalhando muito bem, tendo em vista o estabelecimento da parceria com a Fiec, com o Sebrae e com o governo do Estado, pelo que está de parabéns seu presidente, Amílcar Silveira.
“Afinal, grande parte da matéria prima utilizada pela indústria e agroindústria tem origem no setor primário.” É verdade.
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