Donald Trump no governo dos EUA: o mundo na expectativa

Assustados, os mercados mundiais temem que as promessas do futuro presidente norte-americano - que podem ser marqueteiras - se tornem reais. E o que ele promete é um filme de terror

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(Atualizado às 07:10)
Legenda: Canal do Panamá (foto) que liga o Atlântico ao Pacífico, pertence ao governo panamenho, mas Trump quer tomá-lo à força
Foto: Divulgação

Daqui a 11 dias, os Estados Unidos da América, donos da maior economia do planeta, terão um novo presidente – Donald Trump. O mundo inteiro, assustado, mantém-se em estado de tensa expectativa, tendo em vista o que ele vem dizendo – e repetindo – todos os dias.

E o que, em resumo, ele está prometendo é 1) tornar o Canadá, um país soberano, o 51º estado norte-americano; 2) comprar a Groelândia, uma ilha autônoma localizada na região ártica da América do Norte, muito próxima do Polo Norte, pertencente à Dinamarca, uma nação independente, soberana e democrática; 3) retomar o controle do Canal do Panamá, que é estrategicamente crucial para o interesse do governo dos EUA e para o comércio mundial, mas que pertence e é administrado pelo governo de uma nação também livre e soberana; 4) taxar em 20% tudo o que vem da China e de outros países, inclusive o Brasil, para o que pretende decretar estado de emergência econômica nacional; 5) deportar todos os imigrantes em situação de ilegalidade e, ao mesmo tempo, construir um muro ao longo da fronteira com o México; 6) suspender a contribuição financeira dos EUA à OTAN, o que significará pôr em risco a segurança da Europa; 7) encerrar a guerra na Ucrânia e no Oriente Médio; 8) desburocratizar o governo dos EUA e fechar agências federais que forem consideradas ineficientes.

Parece o roteiro de um filme de terror.

Tudo isso pode ser uma estudada jogada marqueteira que o vem mantendo, diariamente, nas manchetes da mídia mundial. Mas pode ser, também, um plano de Donald Trump – o mercurial – para transmitir temor aos três outros atores da geopolítica global: o presidente da China, Xi Jiping; o presidente da Rússia, Vladimir Putin; e o ditador da Coreia do Nortel, Kim Jon-un.

Ao proclamar, nas suas duas campanhas eleitorais, o “Make America Great Again” (Faça a América Grande de Novo), Trump copiou Ronald Reagan, que, em 1980, com apelo semelhante, se elegeu presidente dos EUA e liderou o esforço político-ideológico, que, apoiado também pelo Papa João Paulo II, desembocou na queda do Muro de Berlim e no desmoronamento do regime socialista.

A rigor, não se conheceu durante o primeiro mandato e nem se conhece agora o plano político e econômico de Donald Trump. O que se sabe a respeito, até hoje, está no conjunto de intenções acima listadas. Sabe-se, ainda, que, para reduzir o tamanho do estado norte-americano, Trump chamou o empresário bilionário Elon Musk, que chefiará o Departamento de Eficiência do Governo, ainda a ser criado.

Nada se sabe, porém, sobre como ele deportará imigrantes, como anexará o Canadá, como retomará o Canal do Panamá, como se apropriará da Groelândia e como porá fim às duas guerras. No seu discurso de posse, no próximo dia 20, na esplanada do Capitólio, em Washington, talvez ele atenda à curiosidade.

O mercado financeiro mundial opera hoje, como operou ontem e operará até o dia 20 no fluxo e refluxo das opiniões de Donald Trump, aguardando que, no dia seguinte, passada a festa da posse, se oficializem e sejam anunciadas as primeiras medidas do seu governo.

Pelo que até agora foi revelado, Trump anistiará seus aliados que, no dia 6 de janeiro de 2001, estimulados por um discurso dele, invadiram o Capitólio (sede do Parlamento dos EUA), protestando contra a eleição de Joe Biden. Na opinião de Trump e de sua trupe, a eleição de Biden foi fraudada e o verdadeiro vencedor foi o próprio Trump, que se tornou, desde 1992, o primeiro presidente a não obter reeleição.

Biden foi proclamado vencedor, assumiu o poder e tudo voltou ao normal, mas de novo, agora, excitam-se os líderes da geopolítica e os mercados financeiros mundiais às vésperas da segunda posse de Trump na presidência dos EUA.

Analistas do mercado entendem que, se for implementado tudo o que já prometeu Trump nos últimos 60 dias, haverá, pelo mundo afora, profundas alterações nas bolsas de valores e na cotação do dólar, pois as medidas anunciadas por ele causarão inflação nos EUA.

Quando – e se – o governo norte-americano impuser taxação exagerada aos produtos chineses, os preços dos produtos norte-americanos se elevarão e causarão inflação. Os chineses produzem tudo em escala planetária, têm baixíssimos custos de mão de obra e podem oferecer preços competitivos em qualquer país do mundo – incluindo os EUA e o Brasil.

Os EUA estão hoje, literalmente, pegando fogo. Os incêndios florestais que se registram em Los Angeles e em seus arredores, na Califórnia, já mataram cinco pessoas e destruíram dezenas de residências, inclusive mansões de famosos artistas de Hollywood. É nesse cenário que assumirá o presidente Donald Trump.

Resumo: deixemos que chegue o dia 20 de janeiro para ver como ficarão os EUA, o mundo e o Brasil.

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