Na empresa privada e no governo, 2025 exige executivos competentes
São muitos os desafios que enfrentarão neste ano a iniciativa privada e o serviço público, principalmente no Ceará
Esta coluna já disse que, pelo cenário à frente, 2025 é um ano de grandes desafios para a economia brasileira. E neste sentido apontam os primeiros indícios – juros altos, dólar acima de R$ 6, crédito caro para as empresas e muito mais caro para o consumidor que quer comprar a prazo uma nova tevê ou um novo refrigerador.
Para a economia do Ceará, porém, esses desafios são maiores e exigirão dos gestores públicos e privados 1) competência, 2) disposição para o trabalho em tempo integral, 3) conhecimento do que lhes cabe gerenciar, 4) capacidade de decidir antes que o faça o concorrente, 5) uma dose de coragem e ousadia para, por exemplo, fechar negócios que só prejuízos (na área privada) ou extinguir organismos reconhecidamente ineficientes (na área do serviço público), como mostra a Argentina.
O céu não é de brigadeiro. As nuvens são do tipo “cumulus nimbus”, aquelas que provocam raios, chuvas de granizo e até tornados, além de fortes sacolejos nas aeronaves cujos comandantes se dispõem a enfrentá-las.
Para a iniciativa privada cearense, os desafios de 2025 estão na indústria e na agropecuária. Esta coluna conversou ontem com um grande industrial da metalurgia. Ele nem permitiu que fosse feita a primeira pergunta, e foi logo dizendo:
“Diga-me uma coisa: como é agora e como será possível amanhã fazer investimento em novos negócios com uma taxa de juros pornográfica como a que temos hoje? No Brasil deste janeiro de 2025, nem o Elon Musk se sente atraído a investir com juros bancários de 20% ao ano. O melhor mesmo é fazer o que já estão fazendo grandes, médios e até pequenos empresários – aplicando suas reservas na renda fixa, que oferece, sem qualquer preocupação adicional, retorno melhor do que o risco de pedir dinheiro emprestado ao banco.”
A mesma opinião do industrial é replicada por um empresário do agro, segundo quem “nem os recursos incentivados do FNE nos atraem neste 2025, porque a renda das famílias tende a cair diante do aumento dos preços das coisas, reduzindo o consumo, o que nos deixa na seguinte dúvida: investimos na ampliação dos nossos negócios, com os riscos inerentes, ou aplicamos em papéis do Tesouro+, que nos oferecem a tranquilidade de um garantido retorno sem causar problemas cardiológicos?”
Ontem, esta coluna abordou a questão das energias renováveis, ressaltando o fato de que houve uma redução substancial das encomendas dos equipamentos dos parques de geração de energia eólica (gerada pela força dos ventos) e o extraordinário aumento dos investimentos na geração de energia solar fotovoltaica, cujos custos caíram de maneira espetacular. Isto tem a ver diretamente com a economia cearense, uma vez que estão aqui a maior empresa fabricante de pás eólicas do país e uma unidade do maior grupo mundial de produção de turbinas eólicas. A manutenção dessas gigantes da energia eólica é vital para o Ceará e os cearenses.
Na agropecuária, os desafios são do mesmo tamanho e da mesma importância. Na dúvida sobre se 2025 será um ano de chuvas na média, abaixo da média ou acima da média histórica – e essa dúvida cresce à medida em que ganha credibilidade a previsão da Funceme de que terenos uma estação chuvosa abaixo da média – os empresários pisam no freio do entusiasmo e decidem aguardar a decisão da natureza, que, em janeiro ou fevereiro, revelará a tendência do clima.
Enquanto os céus não deliberam sobre as chuvas, os agricultores preferem acautelar-se, protelando investimentos tendo em vista a questão dos juros altos. Endividar-se é ruim, principalmente em momentos de incertezas como este: vai chover ou não? Planto ou não? Essa dúvida inquieta os cearenses que produzem e trabalham no campo.
Há, todavia, boas perspectivas: em maio, a Itaueira Agropecuária voltará a produzir e a exportar melão e melancia para seus antigos clientes da Europa e dos EUA e Canadá. Nos últimos seis anos, a empresa da família Prado – que tem, também, fazendas de produção no Piauí e na Bahia – ficou sem produzir aqui por falta de água. Agora, superada essa escassez graças ao Eixão das Águas e ao Projeto São Francisco, a Itaueira colaborará para que, no agro, o ano de 2025 seja de prosperidade para o Ceará.
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