Chapada do Apodi, o novo banco de sol e vento do Ceará

Começou uma corrida de grandes empresas, que estão dispostas a produzir não só o hidrogênio, mas também a própria energia para torná-lo verde. E mais: o Simec-Ceará celebra 50 anos.

Legenda: Na Chapada do Apodi dá de tudo, além da agricultura (na foto uma plantação de trigo), inclusive energia eólica e solar fotovoltaica
Foto: Divulgação

Esta coluna obteve a informação de que um novo levantamento sobre os bancos de vento e de insolação no Ceará revelou que o Litoral Leste e a Chapada do Apodi têm hoje os melhores índices de aproveitamento da geografia cearense para a geração de energias renováveis.

Esta informação veio acompanhada de outra, também de alta relevância: com base nessa nova medição, começou uma corrida em busca desses novos bancos de sol e vento, pelos quais estão interessadas, principalmente, as empresas nacionais e estrangeiras que celebraram Memorandos de Entendimento (MOUs na sigla em inglês) com o governo do Ceará para a implantação de unidades industriais produtoras de Hidrogênio Verde no futuro Hub do Pecém.

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O Hidrogênio será verde se sua cadeia de produção for movida a energias renováveis – ou solar fotovoltaica, ou eólica onshore, ou eólica offshore. 

No Litoral Leste, em terras dos municípios de Aracati e Icapuí, a Omega Energy implantará um parque solar fotovoltaico com capacidade instalada de 4 GW, para o que ocupará área de 8 mil hectares. Para produzir tanta energia, a Omega utilizará 8 milhões de placas solares.

O projeto da Omega será apreciado na próxima terça-feira, dia 29, pelo Conselho Estadual do Meio Ambiente, o Coema, que deverá aprovar o seu pedido de Licenciamento Ambiental. Isto deveria ter acontecido no início do mês, mas um conselheiro pediu vistas do processo, transferindo para a próxima semana a decisão.

O que esta coluna apurou até ontem revelou que as empresas que celebraram o MOU com o governo cearense estão avidamente buscando fornecedores de energia renovável. 

E surgiu uma novidade: há companhias internacionais, todas com memorandos firmados com o governo do Ceará, que estão decididas, elas mesmas, a investir recursos próprios para a geração de sua própria energia verde – eólica ou solar fotovoltaica. Por quê? Porque já tiveram acesso ao novo potencial do banco de ventos e de insolação do Ceará.

Há pedras no meio do caminho. Uma delas é a falta de Linhas de Transmissão (LTs) que façam o transporte da energia desde o local da geração até o ponto de consumo – que será o Hub do H2V do Pecém. 

Mas é exatamente aqui que está a novidade: pelo menos duas multinacionais, cuja identidade não pode nem será revelada por impedimento de uma cláusula de confidencialidade, estão dispostas a não só construir o seu parque de geração de energia eólica ou solar como, também, a implantar essas LTs, desde o local geracional até a unidade industrial consumidora no futuro Hub do Complexo do Pecém.

Mas há outra pedra no meio do caminho, e essa pedra é a Enel Distribuição Ceará, que está à venda, segundo já anunciou sua controladora, a Enel Brasil, que, por sua vez, é controlada pelo grupo italiano Enel SpA.
 
A Enel é a dona de todas as Linhas de Distribuição de energia existentes na geografia do Ceará. A empresa italiana pagou, há 24 anos, cerca de R$ 1 bilhão pela antiga Coelce. 

Agora, diante de dificuldades de caixa e, principalmente, pelo desafio de ser competitiva em um espaço comercial que tem o crescente Mercado Livre de Energia como protagonista, os italianos da Enel descobriram que, para sair bem do negócio, o melhor é vendê-lo, o mais rapidamente possível.

Faltam seis anos para a conclusão do contrato da Enel Ceará com o Governo do Estado, e nesse espaço de tempo está prevista apenas uma revisão tarifária. Quem se interessaria por um ativo sob essas condições e, ainda, com a perspectiva de que a empresa poderá ser reestatizada no governo do estatizante PT?

Resumindo: em condições normais de temperatura e pressão, é muito promissor o futuro próximo das energias renováveis no Ceará e, também, o projeto do Hub do Hidrogênio Verde no Pecém. Sinais de dúvidas na construção desses projetos poderão retardar os investimentos. 

SIMEC CELEBRA 50 ANOS COM FESTA E LIVRO

No próximo dia 2 de dezembro, o Sindicato da Indpústria Metal Mecânica do Ceará (Simec-CE) celebrará, com festa, seus primeiros 50 anos de atividade.

Fundado em 1972, o Simec, "ao longo de sua história, tornou-se protagonista do movimento associativo industrial, assumindo para si o papel de legítimo defensor dos interesses maiores das empresas que representa, sempre atuando de forma inovadora e comprometida com a geração de oportunidades, o fortalecimento dos negócios, a qualificação dos produtos e serviços, o crescimento das pessoas, e a promoção de um modelo de desenvolvimento que se possa dizer, de fato, sustentável", como disse à coluna o seu presidente, industrial Sampaio Filho.

Atuando mais destacadamemnte na Região Metropolitana de Fortaleza, onde se concentra a maioria das grandes indústrias do setor, o Simec tem dedicado atenção especial à qualificação e capacitação dos executivos das empresas associadas, focando, também, na melhoria da da gestão empresarial, estimulando com seu apoio projetos que otimizam a eficiência operacional das indústrias.

“O Simec tem investido em ações no interior do estado, com destaque para as regiõesdo Cariri, Norte e Jaguaribe, fortalecendo as empresas por meio da qualificação da mão de obra, da instalação de centrais de compras, da criação de um selo de qualidade de produtos e da inovação", como explica Sampaio Filho.

Para comemorar o seu cinquentenário, o Simec preparou uma série de eventos, o primeiro dos quais aconteceu na última qurta-feira, 23, na Assembleia Legislativa, que realizou sessão solene para homenagear o atual e os ex-presidentes da entidade, o presidente da Federação das Indústrias (Fiec), Ricardo Cavalcante, e o deputado Sérgio Aguiar, considerado "um amigo especial do setor metal mecânico do Ceará".  

Na festa do dia 2 de dezembro, será lançado um livro que contará a história do Simec.