Cearenses veem na Espanha o cultivo protegido que é foco da Nasa

Astronautas da Estação Espacial Internacional já fotografaram as muralhas da China e as estufas de Almeria, que serão visitadas hoje e amanhã pela Missão Faec/Abid

Escrito por
Egídio Serpa egidio.serpa@svm.com.br
(Atualizado às 01:36)
Legenda: Integrantes da Missão da Faec/Senar/Abid posam diante do Instituto de Agricutura Sustentável de Córdoba, na sexta-feira, 3.
Foto: Egídio Serpa
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ALMERIA (Espanha) -- Está na geografia de Almeria, uma das oito províncias integrantes da Comunidade Autônoma de Andaluzia, no Sul da Espanha, um foco constante das poderosas lentes da Estação Espacial Internacional da Nasa: a gigantesca área de mais de 40 mil hectares de brancas estufas – vistas do céu -- dentro das quais se desenvolve o chamado cultivo protegido, tecnologia que já ganha velocidade no Ceará, principalmente na Chapada da Ibiapaba. 

Esta província, à beira do Mar Mediterrâneo, onde o sol, em pleno Outono europeu, brilha intensamente, provocando um calor de 32 graus que deveria ser de 24 se o planeta estivesse em ordem, será de hoje, segunda-feira, 6, até quarta-feira, 8, o foco da Missão Técnica e Empresarial conjunta da Faec/Senar e da Associação Brasileira de Irrigação e Drenagem (Abid) que aqui está para capturar mais conhecimento sobre a moderna agricultura. 

Ontem, domingo, no fim da tarde, na chegada da viagem rodoviária de 250 quilômetros entre Córdoba e Almeria – feita em uma autoestrada espetacular, subindo e descendo montanhas em velocidade variando de 80 a 120 quilômetros -- os 35 integrantes da missão tiveram uma ideia do que verão hoje e amanhã. Nas proximidades de Almeria, de um lado e outro da rodovia, viam-se imensas estufas que produzem, na maioria, hortifrutis consumidos pelo mercado europeu. 

Do grupo que está aqui fazem parte produtores rurais ibiapabanos, em cuja região a cultura protegida vem crescendo nos últimos anos, havendo hoje cerca de 600 hectares de estufas implantadas em diferentes municípios da área, como informou há um mês o presidente da Faec, Amílcar Silveira. As principais culturas são de tomate, pimentões coloridos, brócolis, flores e rosas.  

“Mas brevemente a Ibiapaba produzirá, também, os berries, como morangos e mirtilo”, como promete o secretário Executivo do Agronegócio da Secretaria do Desenvolvimento Econômico do Governo do Ceará, agrônomo Sílvio Carlos Ribeiro, que é, também, presidente da Abid. 

A Missão Faec/Senar/Abid não tem apenas cearenses, mas técnicos, professores, pesquisadores e autoridades do Rio Grande do Norte, de Sergipe, da Bahia, além de executivos do Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional e da Casa Civil da Presidência da República.  

Na semana passada, eles conheceram, na região de Córdoba, as tecnologias da moderna irrigação; agora, nestes dois dias, eles capturarão conhecimento sobre o cultivo protegido. Guilherme Saldanha, secretário de Agricultura do Rio Grande do Norte, não esconde sua expectativa: 

“Conhecer em detalhes essa tecnologia é um dos meus objetivos nesta viagem. O Rio Grande do Norte, que, também na agropecuária, tem uma muito boa interação com o Ceará e os cearenses, vê grandes possibilidades de crescimento de sua agricultura por meio da implementação do cultivo protegido de hortifrutis. Temos excelentes áreas propícias para o seu desenvolvimento”, disse Saldanha à coluna.  

Na mesma direção, posicionou-se o presidente da Federação da Agricultura do Rio Grande do Norte, José Vieira, na poinião de quem esta missão está abrindo novos horizontes para os produtores rurais que dela participam.  

“Esta viagem é um importante investimento que estamos a fazer na obtenção do conhecimento. Uma coisa é você ouvir falar ou ler pelo jornal; outra coisa é você conhecer, pessoalmente, in loco, a tecnologia em uso, conversando e tirando dúvidas com quem a domina e utiliza a essas novas tecnologias”, disse Vieira. 

No meio do caminho entre Córdoba e Almeria, está a belíssima e histórica cidade de Granada, cuja área moderna, no sopé da colina El-Sabika, tem grandes e arborizadas praças, uma delas em homenagem ao mexicano Augusti Lara, autor da célebre canção que leva o nome da cidade, e mais uma grande loja da rede El Corte Inglês e uma bela agência do banco espanhol Santander, além de salas de espetáculo e outros equipamentos culturais.  

Na parte alta, está a Granada que, como toda a Península Ibérica, foi dominada durante 700 anos pelos Mouros, que deixaram de herança monumentos extraordinários com o de Allambra, um complexo de Palácio e Fortaleza de incrível beleza, sendo um dos locais turísticos mais visitados da Espanha, que, aliás, é um dos três mais visitados países do mundo, junto com a França e os Estados Unidos. 

Mas há outro detalhe a destacar desta viagem: perto de Almeria, do lado esquerdo da autoestrada A-92, está o deserto de Tabernas, que, pela semelhança com os desertos dos Estados Unidos, foi utilizado, desde a década de 1950 até a década de 1980, para filmagens de muitas cenas dos denominados westerns spaghetti, coproduções hispano-italianas de westerns, como os filmes do diretor Sérgio Leone, com a mítica trilogia estrelada por Clint Eastwood (Por um Punhado de Dólares, Por uns Dólares a Mais e Três Homens em Conflito, além do magistral Era Uma vez no Oeste, protagonizado por Henry Fonda, Charles Bfonso, Jason Robards e Claudia Cardinale. Também no deserto de Tabernas foi rodada parte do filme Red Sun, de Terence Young, em 1971, com Charles Bronson e Toshiro Mifune. 

Além de westerns, o deserto de Tabernas foi cenário de filmes de outros géneros, como Lawrence da Arabia (1962), Cleópatra (1963), Patton (1970), Conan, o Bárbaro e Indiana Jones e a Última Cruzada, como informa o Google. 

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