Quem participou do XII Seminário Gestores Públicos – Prefeitos Ceará 2024, promovido pelo Sistema Verdes Mares e encerrado ontem no Centro de Eventos, saiu dele com a certeza de que, daqui para a frente, a Inteligência Artificial estará integrada à vida das pessoas, das empresas e da administração pública.
Quem o disse foi Wesley Vaz, um cientista da computação, que por 20 minutos prendeu a atenção de três centenas de prefeitos e secretários municipais e de dirigentes de organismos públicos e privados cearenses. Ele foi um dos quatro palestrantes do painel “Governança Digital e Desenvolvimento Sustentável – Desafios e Melhores Práticas”.
Falando a esta coluna, logo após sua palestra, Wesley Vaz, que integra os quadros técnicos do Tribunal de Contas da União (TCU), disse, com outras palavras, que a Inteligência Artificial já está mudando o mundo, a ciência, a educação dos jovens, os processos industriais, a indústria farmacêutica, a construção civil e pesada, a aeronáutica, enfim, tudo o que está ligado à sociedade e à economia.
“Por enquanto, o que há é só o começo de uma transformação que tornará mais eficientes as pesquisas científicas e a prática da medicina, assim como a vida doméstica, a mobilidade urbana e a arquitetura”, disse ele.
Mas Wesley Vaz advertiu: como tudo o que está na fase inicial, a Inteligência Artificial pode cometer equívocos, e os comete. Mas a tendência é de que – à medida que se aperfeiçoa e se desenvolve, e isto vem acontecendo na velocidade do som – ela reorientará e mudará a vida humana. “Em cinco anos”, calcula Vaz, “nossa vida estará completamente diferente.”
Quem falou também no mesmo painel foi o vice-prefeito de Fortaleza, o sociólogo Élcio Batista, na opinião de quem a gestão pública no Brasil está errada. E explicou, usando outras palavras, que hoje há um ciclo eleitoral e um ciclo administrativo.
O primeiro repete-se nos prazos e nos eventos eleitorais determinados pela Lei, conforme manda o regime democrático. O segundo deveria subornar-se a um Plano Estratégico de longo Prazo, como o criado pela gestão do ex-prefeito de Fortaleza, Roberto Carlos e cujo prazo de validade vai até 2040.
O problema – salientou o orador – é que cada prefeito quer fazer do seu jeito, desprezando as diretrizes contidas no Plano Estratégico Fortaleza 2040, e isto prejudica a gestão e o gestor.
Élcio Batista referiu-se ao tema da Cidade Inteligente e, na qualidade de vice-prefeito da quarta maior cidade do Brasil – explicou o que isto quer dizer:
“Cidade inteligente é aquela que resolve seus problemas, com ou sem tecnologia, que, aliás, é só um meio para alcançar o fim.”
Em seguida falou Guilherme Muchale de Araújo, gerente do Observatório da Indústria, uma plataforma digital criada, desenvolvida, instalada e em plena operação pela Federação das Indústrias do Ceará (Fiec).
Essa plataforma tem, hoje, mais de 1 trilhão de informações (repita-se: mais de 1 trilhão) para nortear o investidor nacional ou estrangeiro sobre onde, quando, quanto e em que investir. São clientes do Observatório da Indústria grupos econômicos como Edson Queiroz e M. Dias Branco e entidades nacionais e estrangeiras, como o próprio Banco Mundial, como informou Muchale, falando à coluna após sua palestra.
Depois de Muchale, falou Eduardo Jereissati, novo presidente da Junta Comercial do Ceará (Jucec), que, na conversa posterior com a coluna, revelou: o Ceará tem hoje, registradas, cerca de 900 mil empresas ativas. Ele surpreendeu o colunista ao dizer que, para abrir uma empresa na Junta Comercial do Ceará, são necessários não mais do que cinco minutos. Mas isto é verdade? – indagou a coluna.
Resposta de Jereissati:
“Sim, desde que toda a documentação do interessado esteja completa e regularizada. E tudo se faz pela via digital”.
Para fechar o painel, falou Carlos Alexandria, dos quadros técnicos do Serpro, que também surpreendeu o auditório ao revelar que sua empresa é a maior estatal de tecnologia do mundo, estando pronta para prestar aos gestores públicos cearenses a ajuda de que precisarem.