A mina de fosfato de Itataia, os fertilizantes e a grande contradição
A agricultura brasileira importa 90% dos fertilizantes que consome, mas está impedida de explorar as reservas de fosfato e potássio existentes no país.

Reparem a contradição: mesmo sendo o endereço de grandes reservas mundiais de fosfato e potássio, matéria prima do fertilizante, o Brasil importa 90% desse insumo de que precisa sua agricultura para ser o que é hoje: a fiadora do abastecimento de alimentos de parte da população deste planeta, que se aproxima dos 10 bilhões de habitantes.
Surge, então, rápida e naturalmente, a pergunta: por que isto acontece? E a resposta é uma só: porque se juntaram movimentos sociais, ONGs nacionais e estrangeiras e até autoridades do governo federal, que, sob diferentes argumentos, alguns puramente ideológicos, se levantaram – e mantêm-se assim – contra quem pretende explorar essas reservas.
No Ceará – mais precisamente na geografia do município de Santa Quitéria, no Norte do Estado – localiza-se uma das grandes reservas de fosfato do país, para cuja exploração foi criado um consórcio Integrado pelas empresas Indústria Nucleares do Brasil (INB) e Galvani Fertilizantes, cujo objetivo é extrair o urânio e o fosfato que existem na mina de Itataia, naquele município, calculadas em 8,9 milhões de toneladas.
As maiores reservas de potássio e fosfato do Brasil estão na região Norte, mas não podem ser exploradas porque, de acordo com o governo e com ONGs ambientalistas, estão localizadas dentro de reservas indígenas. Isto é Inacreditável e contraditório, porque o Brasil importa fertilizantes do Canadá, que os extrai de uma reserva indígena.
Assim, a quem interessa esse embargo à exploração das reservas brasileiras de fosfato e potássio? De acordo com o ex-deputado federal e ex-ministro da Defesa e da Ciência e Tecnologia, Aldo Rebelo, os grandes interessados são as outras potências agrícolas, que temem a qualidade dos produtos da agricultura brasileira, e, principalmente, a sua produtividade: na agropecuária, o Brasil produz mais com menos, graças à tecnologia, criada e desenvolvida pela Embrapa, que, por exemplo, transformou o Centro-Oeste – com solo e clima de cerrado – numa área onde se plantam e colhem três safras por ano. Em nenhum outro lugar do mundo isto acontece.
Produzindo mais com menos, o custo da produção brasileira torna-se, como se tornou, bem inferior ao dos países mais ricos. Resultado: o preço da soja, do algodão, do milho, do açúcar e do café produzidos no Brasil chega competitivo a todo os mercados do mundo. Simples assim,
Custa acreditar, pois, que, de uns tempos para cá, grupos de interesse brasileiros – “a serviço de potências estrangeiras”, como tem dito e repetido Aldo Rebelo – trabalhem no Amapá, em Roraima e no Pará contra o interesse nacional.
Aqui no Ceará, sob o mesmo argumento anotado naqueles estados, há uma forte oposição de ONGs ambientalistas, partidos políticos, movimentos sociais e setores da academia contrária ao projeto de exploração econômica da usina de urânio fosfatado de Itataia.
Na semana passada, houve uma audiência pública – que nos próximos dias se repetirá – na qual executivos do consórcio empreendedor apresentaram o Eia (Estudo de Impacto Ambiental) e o Rima (Relatório de Impacto Ambiental) do projeto. De maneira tonitruante, os grupos opositores manifestaram-se contra o Eia e o Rima, com o discurso de que a exploração da mina poderá, entre outras coisas, causar câncer às famílias do seu entorno e contaminar o lençol freático da região.
A tecnologia de mitigação dos impactos ambientais evoluiu, e o Canadá, em terras indígenas, já o provou, pois retira delas o fosfato e o potássio com que fabrica o fertilizante que exporta para a agricultura brasileira. O Brasil também domina essa tecnologia, mas não pode utilizá-la porque interesses ideológicos o proíbem.
O Brasil é o único país do mundo que tem terra, água e tecnologia capazes de dobrar sua produção agrícola para atender às necessidades do mundo por alimento. Eis a razão por que as potências agrícolas mundiais temem a concorrência brasileira.