A jornada da descarbonização da indústria têxtil brasileira

A cadeia de valor da moda responde globalmente por 2% a 8% das emissões totais. A China, maior produtora têxtil e de confecção no ranking mundial, usa combustíveis fósseis

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(Atualizado às 14:28)
Legenda: A cadeia de valor da moda responde globalmente por 2% a 8% das emissões totais
Foto: Arquivo

Elaborado para esta coluna, o texto abaixo é de autoria de Fernando Pimentel, superintendente e presidente emérito da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecções (Abit), e de Camila Zelezoglo, coordenadora de Sustentabilidade e Inovação da Abit.

Os articulistas apresentam dados para instigar uma trilha de sustentabilidade mais enfática e mudar as perspectivas da cadeia de valor da moda, que responde globalmente por 2% a 8% das emissões totais.

Leiam com atenção:

“O recente lançamento da Liga de Descarbonização pela Abit (Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção) marca um passo significativo no percurso do setor em sua jornada, cada vez mais enfática, rumo à produção e consumo sustentáveis. Tal movimento apresenta um cenário promissor para o futuro da moda e alinha a atividade às exigências globais de redução de emissões de gases de efeito estufa. Também contribui para o posicionamento do Brasil como líder emergente na agenda das mudanças climáticas.

“Diferentes estimativas apontam que a cadeia de valor da moda responde globalmente por 2% a 8% das emissões totais. No entanto, sabemos que a China – maior produtor têxtil e de confecção no ranking mundial – é responsável por grande parte dessas emissões, porque sua matriz energética é baseada em combustíveis fósseis, em particular o carvão.

“O Brasil apresenta condições únicas, que o colocam em posição privilegiada quanto às emissões globais. Com matriz energética predominantemente renovável, composta majoritariamente por hidrelétricas, e com avanços notáveis em geração eólica e solar, tem um ativo ambiental incomparável.

“Atualmente, de acordo com o Balanço Energético Nacional, 74% das energias consumidas pela indústria têxtil e de confecção brasileira são de origem renovável, sendo 67% provenientes da eletricidade e 7%, de biomassa. O gás natural representa 21% do consumo do setor. É neste último item que se faz necessária uma avaliação de possibilidades de substituição para redução de emissões.

“A legislação nacional, aliada à nossa matriz energética limpa, proporciona um diferencial competitivo crucial para a indústria têxtil e de confecção, que deve aproveitar essas vantagens para se consolidar no mercado global, o qual demanda de maneira crescente responsabilidade socioambiental dos produtos consumidos. Nesse sentido, também cabe mencionar que o setor conta com cerca de quatro mil empresas certificadas, que garantem práticas socialmente justas e responsáveis. Ademais, o Brasil também é detentor da maior safra de algodão certificado do mundo.

“Para se destacar no mercado nacional e global, as empresas precisam investir em inovação e tecnologia e garantir uma governança eficaz e um engajamento real na agenda de sustentabilidade. A pressão por transparência e o combate ao greenwashing são pontos críticos que exigem atenção contínua.

“A Liga de Descarbonização é um passo nessa direção, já que incentiva as empresas do setor têxtil e de confecção a publicarem seus Inventários de Gases de Efeito Estufa. Estas são importantes ferramentas de identificação de possibilidades de redução das emissões, seja por meio da adoção de novas tecnologias ou aumentando a eficiência no uso de recursos para produção.

“No horizonte, a 30ª Conferência das Partes das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP 30), que ocorrerá em Belém do Pará, em novembro de 2025, representa uma oportunidade ímpar para demonstrar o comprometimento do País com a redução das emissões de gases de efeito estufa. Será um importante espaço para evidenciar os diferenciais da indústria têxtil e de confecção brasileira.

“A jornada rumo à sustentabilidade é oportunidade única para o setor. Com um histórico de compromisso ambiental, arcabouço regulatório adequado e uma posição estratégica, o Brasil tem tudo para liderar globalmente essa agenda, mostrando ao mundo que a combinação de tradição e inovação pode resultar em uma indústria têxtil e de confecção cada vez mais responsável e alinhada aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) e aos princípios da governança ambiental, social e corporativa (ESG).”

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