A economia real na análise de três economistas

Gustavo Assis, CEO da Asset Bank; Pedro da Matta, CEO da Audax Capital; e Volnei Eyng, CEO da Multiplike, comentam sobre o IPCA de outubro e a perspectiva para a atividade

Escrito por
Egídio Serpa egidio.serpa@svm.com.br
(Atualizado às 09:09)
Legenda: Os preços têm subido mais lentamente. A inflação de outubro, medida pelo IPCA, é uma prova.
Foto: Fabiane de Paula / SVM
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Para que os leitores desta coluna entendam o que se passa agora na cena econômica brasileira, segue, abaixo, a opinião de três economistas sobre o que significam o IPCA deste mês de outubro, o Boletim Focos do Banco Central, ontem publicado, e a perspectiva para o PIB deste 2025.  

Opinião do economista Gustavo Assis, CEO da Asset Bank:  

“O IPCA-15 de outubro, com alta de 0,18%, confirma a desaceleração da inflação, mas também expõe a perda de ritmo da economia. A política monetária cumpre seu papel, porém os juros altos continuam restringindo o crédito e exigindo gestão mais técnica do capital. Nesse contexto, os FIDCs ganham relevância por manterem o fluxo financeiro ativo, conectando empresas sólidas a investidores que buscam retorno real com risco controlado. O crédito estruturado se consolida como ferramenta essencial de liquidez e previsibilidade em tempos de cautela. A inflação cede, mas o equilíbrio ainda depende de coerência fiscal e eficiência operacional. É um cenário que exige prudência, mas também visão: quem estrutura bem o crédito agora estará pronto para crescer quando o ciclo de juros começar a virar.” 

Opinião do economista Pedro da Matta, CEO da Audax Capital: 

“O IPCA-15 trouxe o que o mercado esperava: desaceleração da inflação e manutenção da política monetária restritiva. A alta de 0,18% em outubro, frente a 0,48% em setembro, reforça que o Banco Central vai manter os juros elevados até consolidar a credibilidade e evitar cortes prematuros. Para o mercado de crédito, isso significa um ambiente de seletividade e sofisticação. O Brasil avança para um ciclo de maior racionalidade financeira. Com inflação controlada e juros estáveis, o foco deixa de ser especulação e volta a ser gestão de risco, liquidez e qualidade de ativos, princípios que fortalecem o mercado e consolidam a confiança de longo prazo.” 

Opinião do economista Volnei Eyng, CEO da Multiplike: 

“O IPCA-15 de outubro, em 0,18%, veio abaixo das projeções e reforça a leitura de uma economia em desaceleração gradual. A inflação perde força tanto nos alimentos quanto na energia, dois grupos que pressionaram o índice no passado recente. Isso mostra que a demanda interna está mais contida e que o juro alto vem cumprindo seu papel de frear o consumo. Por outro lado, setores mais sensíveis à renda e ao crédito, como comércio, serviços e bens duráveis, tendem a sentir esse desaquecimento com mais intensidade nos próximos meses. O mercado deve reagir com cautela. A leitura atual reforça a percepção de uma inflação que vem se acomodando gradualmente. Embora o Banco Central tenha sinalizado até agora a manutenção da taxa Selic em 15% por mais tempo, nesta semana, declarações de Galípolo indicam que, diante de um cenário de desinflação, já se considera a possibilidade de antecipar o início do ciclo de cortes. No cenário global, o ciclo de juros também começa a virar. Os Estados Unidos já reduziram suas taxas e o Federal Reserve sinalizou novos cortes, o que tende a aliviar pressões sobre moedas e fluxos de capital. O investidor deve acompanhar com atenção essa transição, porque mexe com os rendimentos no mundo todo”. 

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