A economia do Ceará e do Brasil na visão da Fiec
Uma nação só será verdadeiramente desenvolvida se combinar responsabilidade fiscal com eficiência do gasto público, diz Ricardo Cavalcante
Para o presidente da Federação das Indústrias do Ceará (Fiec), Ricardo Cavalcante, a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, tomada na semana passada, de manter inalterada a taxa de juros Selic no atual patamar de 15% ao ano foi equivocada. Ele argumenta que, enquanto a taxa real de juros no Brasil é superior a 10%, a média do juro real das 10 maiores economias do mundo é de apenas 0,5% (meio ponto percentual). No discurso que pronunciou na última sexta-feira, no “Almoço do Governador”, ouvido pelo chefe do Poder Executivo, Elmano de Freitas, e por cerca de 500 convidados, representando o PIB industrial com seus sócios e CEOs, Cavalcante afirmou:
“A manutenção desses níveis elevados (de juros) dificulta o acesso ao crédito, inibe investimentos na atividade produtiva e agrava o endividamento das famílias, dificultando o acesso a bens essenciais como roupas, alimentos e eletrodomésticos de linha branca. Além disso, as taxas tão altas também elevam os gastos com juros da dívida pública, reduzindo o investimento público necessário para a competitividade do país e o bem-estar da sociedade”.
O presidente da Fiec preocupa-se com o complicado cenário da economia brasileira, que, tendo enfrentado um ano difícil neste 2025 por causa do tarifaço de Donald Trump, se deparará com o desafio de um ano eleitoral, o de 2026, quando, por lamentável tradição, aumentarão as despesas do governo. Sobre isto, ele afirmou:
“Ainda não conseguimos enxergar, em um horizonte próximo, uma indicação clara de controle das contas públicas nacionais. Falta uma política fiscal consistente e comprometida com a busca do equilíbrio. Ressalto também que a reforma administrativa, instrumento essencial para o controle das contas públicas, ainda não é uma prioridade na agenda política. Em 2026, iniciaremos a fase de transição da implantação da Reforma Tributária, que trouxe avanços na simplificação, porém precisamos debater a redução da carga tributária que tanto onera o setor produtivo.”
Outro ponto da fala do presidente da Fiec referiu-se aos incentivos fiscais. Ele não deixou por menos, defendendo-os com sólidos motivos. Ele disse:
“No tocante aos incentivos fiscais, com a entrada da reforma (tributária), o FNE terá uma perda gradativa, ano a ano, até a sua extinção em 2032. Perdura, no entanto, uma preocupante indefinição sobre a criação e o funcionamento do novo Fundo de Desenvolvimento Regional. Esta é uma questão fundamental para o Nordeste, região que ainda carrega desigualdades históricas e precisa de instrumentos que garantam sua competitividade. Nós entendemos que uma nação só será verdadeiramente desenvolvida se conseguir combinar responsabilidade fiscal com eficiência do gasto público, simplificação tributária e políticas que considerem as assimetrias regionais.”
Mais adiante, abordou um tema atual e crucial, principalmente em setores importantes da atividade econômica no Ceará:
“Outra questão preocupante é a escassez de mão de obra qualificada em áreas estratégicas da nossa economia. Muitos setores já sentem dificuldade para encontrar profissionais preparados para acompanhar as novas exigências produtivas, o que limita a competitividade e o ritmo de crescimento. Enfrentar esse desafio é essencial para sustentar investimentos e garantir competitividade de longo prazo. Essas mudanças são necessárias e urgentes, não podem mais ser adiadas.”
Depois, o presidente da Fiec focou o desenvolvimento econômico do Ceará, que, segundo ele e com base em dados oficiais e do Observatório da Indústria da Fiec, atravessa um período de boas realizações e conquistas, com um futuro promissor:
“Mas é importante destacar que mesmo nesse cenário, o Ceará tem dado demonstrações consistentes de resiliência e visão estratégica. A nossa economia segue crescendo acima da média nacional, com uma indústria em busca constante por inovação e internacionalização, tanto em cadeias tradicionais como as de alimentos, têxtil, vestuário, calçados, metalurgia e construção civil, como em setores de alta tecnologia, como energias renováveis e hidrogênio verde, siderurgia, economia azul (que é a economia do mar sustentável), data centers, cabos submarinos e saúde”.
Resumindo: o trem do progresso está atravessando o Ceará. Que em 2026 ele prossiga nos trilhos.
PRESIDENTE DA FAEC RECEBE TITULOS DE CIDADANIA
Na semana em que tomou posse como diretor executivo da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Ceará (Faec), Amílcar Silveira, foi homenageado com títulos de cidadania concedidos pelas Câmaras de Vereadores dos municípios de Caucaia e Senador Pompeu.
Na quinta-feira, Amílcar Silveira recebeu da Câmara Municipal de Caucaia o título de Cidadão Caucaiense e a Medalha do Mérito Legislativo, em cerimônia presenciada, também, pelo prefeito do município, Naumi Amorim.
Na sexta-feira, 12, ele foi agraciado com o título de Cidadão Pompeuense, concedido pela Câmara Municipal de Senador Pompeu. A solenidade teve a presença do deputado estadual Felipe Mota, entre outras autoridades. O projeto foi proposto pelo vereador Henrique Lindolfo.
“Recebo essas homenagens como um reconhecimento e confiança no trabalho que temos feito em defesa dos produtores rurais. Isso nos motiva a continuar lutando pelo desenvolvimento e fortalecimento da agropecuária do Ceará”, disse Amílcar.
No dia 28 de novembro, Amílcar Silveira foi reeleito, por aclamação, para a Presidência da Faec no quadriênio 2026/2029. No último dia 9, em Brasília, ele tomou posse como integrante da Diretoria Executiva da CNA para o quadriênio 2025/2029, em cerimônia que oficializou a recondução de João Martins à presidência da entidade.
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