Sonda da iSpace se choca com a superfície da Lua nesta quinta (5)
A falha parece ter ocorrido no sistema de medição a laser, que apresentou atrasos na leitura da altitude, impedindo a sonda de reduzir sua velocidade a tempo
A missão da iSPACE com a sonda Resilience era ambiciosa: pousar suavemente na Lua e se destacar na exploração privada do espaço. Mas, como já vimos antes, a Lua não perdoa erros. Ontem, quinta-feira (5), a sonda perdeu contato com o centro de controle e, ao invés de um pouso controlado, colidiu com a superfície lunar.
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A transmissão do pouso foi feita em japonês, e a equipe celebrou cada etapa até que, no momento crítico, o clima mudou completamente. A expressão da equipe mudou e seguiu com um gesto universal de frustração. Mas, apesar da falha, há motivos para comemorar: a missão trouxe dados valiosos e reforçou a necessidade de sistemas mais autônomos para futuras tentativas.
A bordo da sonda Resilience estava o Tenacious, um pequeno rover europeu desenvolvido pela ispace em parceria com a Agência Espacial de Luxemburgo. Com apenas 26 centímetros de altura, 31 centímetros de largura e 54 centímetros de comprimento, o veículo pesava cerca de 5 quilos e era feito de plásticos reforçados com fibra de carbono.
Equipado com uma câmera HD de 360 graus e uma pá, sua missão era coletar amostras do solo lunar e realizar experimentos durante um período de duas semanas. Além disso, o Tenacious carregava uma obra de arte chamada Moonhouse, uma miniatura de uma casa de madeira projetada pelo artista sueco Mikael Genberg. Infelizmente, com a falha no pouso da Resilience, o rover foi perdido junto com os demais equipamentos da missão.
O que aconteceu?
Em coletiva de imprensa, Takeshi Hakamada, CEO da iSpace, explicou que a equipe perdeu os dados da sonda pouco antes do pouso. A telemetria indicava uma altitude negativa de 200 metros, ou seja, a Resilience estava abaixo do nível esperado e já havia se chocado contra a Lua. A falha parece ter ocorrido no sistema de medição a laser, que apresentou atrasos na leitura da altitude, impedindo a sonda de reduzir sua velocidade a tempo.
A ispace optou por uma rota mais econômica, levando cinco meses para chegar à Lua, em contraste com os três dias das missões Apollo. Essa escolha reduz custos, mas aumenta os riscos. O orçamento da missão não foi divulgado em detalhes, mas certamente é uma fração dos bilhões investidos pela NASA na era Apollo, quando o programa chegou a consumir 4% do orçamento federal dos EUA.
O nome Resilience não foi escolhido à toa. A palavra significa capacidade de superar adversidades, e é exatamente isso que a ispace precisa demonstrar agora. Esta não foi a primeira tentativa frustrada da empresa: em 2023, a sonda Hakuto-R também falhou ao tentar pousar na Lua. Mas, como o próprio Hakamada disse, a empresa seguirá aprendendo e tentando novamente.
A ispace já planeja novas missões, incluindo o lançamento do Apex 1.0 em 2027, um módulo maior e mais robusto. O caminho para a Lua é árduo, mas a verdadeira resiliência está em continuar tentando. E nisso, os japoneses são mestres. Que venha a próxima tentativa!
*Esse texto reflete, exclusivamente, a opinião do autor.