Após sair do governo Trump, Elon Musk foca em levar a humanidade para Marte

O CEO da SpaceX era chefe do Departamento de Eficiência Governamental

Escrito por
Ednardo Rdorigues producaodiario@svm.com.br
(Atualizado às 09:29)
Legenda: Musk afirma que um foguete de grande porte reduzirá o custo por pessoa para viagens a Marte
Foto: AFP

Após a terceira falha consecutiva da Starship, Elon Musk deixou o governo a apenas dois dias do fim de seu mandato provisório de 130 dias. O CEO da SpaceX ocupava um cargo criado no governo Trump como chefe do Departamento de Eficiência Governamental (Shield, brincadeira, a sigla em inglês é Doge). Musk se opunha principalmente à máquina de taxação de Trump.

Além disso, ele precisaria da aprovação do senado para continuar no cargo. Estar no governo não fez bem para a Tesla que vinha com as ações em queda.

Após deixar o cargo, os pontos da empresa começaram a subir. Aparentemente, sua saída não prejudicou a relação com o atual presidente. Tudo indicava que esse rumo já era esperado. A priori dois nomes haviam sido anunciados para o cargo, o de Musk e de Vivek Ramaswamy, nascido em Ohio, EUA e descendente de indianos. Eu escrevi sobre isso aqui.

Agora, Musk deve focar no seu maior objetivo: a nave Starship. Sua ausência da SpaceX parece ter impactado os últimos lançamentos, que apresentaram pouco progresso. Ontem ele (30) apresentou alguns slides sobre o rumo que espera tomar com a nave. 

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Sobrevivência em Marte

Cada Starship é maior que um Boeing, e o objetivo primordial de Musk é enviar seres humanos para Marte. Ele acredita que uma civilização multiplanetária teria maiores chances de sobrevivência.  Ele enfatiza que nosso planeta pode se tornar inabitável por causas antrópicas, como guerras e poluição, ou por fenômenos naturais, como erupções vulcânicas, impactos de asteroides e cometas. Eventos naturais como esses já causaram extinções em massa na pré-história.

O foguete Super Heavy possui dois estágios: o primeiro conta com 33 motores Raptor, enquanto o segundo estágio tem 9 motores. No total, são 42 motores, número em referência à obra clássica “O Guia do Mochileiro das Galáxias” como sendo a resposta de um supercomputador quando perguntado qual o sentido da vida. 

Musk afirma que um foguete de grande porte reduzirá o custo por pessoa para viagens a Marte: 

"Assim, qualquer pessoa que queira ir para Marte e ajudar a construir uma nova civilização poderá fazê-lo." — declara Musk.

A cada dois anos, abre-se uma janela de lançamento para Marte, quando o planeta está mais próximo a cerca de 54 milhões de quilômetros da Terra. A próxima oportunidade ocorrerá em dezembro do ano que vem. Se conseguirem solucionar o desafio da transferência de combustível, a SpaceX poderá tentar uma missão ao planeta vermelho, enviando robôs humanoides chamados Optimus — uma possível referência ao personagem Optimus Prime dos Transformers.

Indefinição de base marciana

O local da primeira base marciana ainda não foi definido. Apesar da vasta extensão territorial do planeta, é fundamental evitar as regiões polares, onde o frio extremo dificulta a sobrevivência, mas, ao mesmo tempo, estar próximo de gelo para obtenção de água. Também não é recomendável pousar em áreas montanhosas, o que restringe significativamente as opções. Um local sob avaliação é Arcadia — curiosamente, o mesmo nome da filha de Musk.

A rede Starlink deve estar disponível em breve em Marte. Isso pode atrair alguns pioneiros, afinal, há quem não se importe com o destino, contanto que tenha conexão. Durante a oposição, quando Marte está mais próximo, o sinal levaria cerca de 3 minutos para chegar ao planeta vizinho. Na conjunção, quando Marte está do outro lado do Sol, esse tempo aumentaria para 22 minutos.

Por fim, é interessante notar a possível referência à Arca de Noé nesse projeto. Recentemente, Musk se converteu à Igreja Anglicana, onde se declarou um "cristão cultural", embora afirme acreditar muito mais na ciência e na razão.