Sinais de civilização extraterrestre podem mudar o que sabemos sobre a tabela periódica

O mistério começa com uma estrela já conhecida há mais de 60 anos, chamada estrela de Przybylski

Legenda: Concepção artística de uma civilização ao redor de uma estrela, criada com uso de inteligência artificial
Foto: Ednardo Rodrigues com uso de IA

Na minha última coluna, eu falei sobre os casos menos prováveis de seres extraterrestres. Agora, eu trago a evidência mais plausível de uma civilização alienígena que tem ganhado destaque na última semana. Mas, antes de tudo, alerto que não recebemos nenhuma mensagem de áudio ou texto vindo de uma estrela distante. É tudo baseado em nossos conhecimentos sobre os elementos químicos. 

Para compreender o que está repercutindo, primeiro precisamos entender a origem dos elementos químicos no universo. Logo após o Big Bang, as partículas elementares se combinaram para formar o hidrogênio (número 1 na tabela) e o hélio (número 2). O lítio (3), tão usado em nossas baterias, assim como o berílio (4) e o boro (5), foram produzidos pela colisão de raios cósmicos (prótons em alta velocidade) com átomos mais pesados. 

Tabela periódica
Legenda: Tabela periódica de acordo com a principal origem
Foto: Rootabeta

Os átomos mais pesados foram produzidos no interior das estrelas, fundindo elementos mais leves devido à alta pressão e temperatura acima dos 15 milhões de graus Célsius.

A maior parte dos átomos que constituem a matéria prima da vida, como carbono (6), nitrogênio (7), oxigênio (8) e enxofre (16), foi produzida no interior de pequenas estrelas como o Sol. É magnífico pensar que os átomos do nosso corpo vieram das estrelas. O processo de formação continua em estrelas maiores até chegar no ferro (26) quando a estrela explode formando elementos mais pesados.

Uma outra forma de produzir elementos é pela colisão de duas estrelas de nêutrons. Neste processo é que são produzidos os metais preciosos como paládio (46), prata (47), irídio (77), platina (78), o ouro (79) e outros.

Agora, quando a tabela períódica foi desenvolvida, existia uma espécie de vazio no número 43. O criador da tabela, Mendeleev, previu que deveria existir tal elemento, ele não foi encontrado, e sim criado. Pegaram um amostra do elemento 42, bombardearam com nêutron e o resultado foi o elemento conhecido hoje como tecnécio (43). Ou seja, um elemento artificial.

Algo parecido foi feito para criar o elemento 61, conhecido como promécio. O nome vem do deus da mitologia grega, Prometeu, que teria traído os deuses trazendo o fogo para os humanos, que poderiam usá-lo para fazer ferramentas, armas, preparar alimentos e transformar a matéria em geral. Prometeu foi condenado a ser acorrentado com uma ave picando seu fígado eternamente.

Outros elementos foram criados e dados nomes de cientistas, como einstênio (Albert Einstein) e cúrio (Madame Curie).

O mistério começa com uma estrela já conhecida há mais de 60 anos, chamada estrela de Przybylski (HD101065). Ela foi descoberta em 1961 pelo astrônomo polonês naturalizado australiano, Antoni Przybylski (apenas uma vogal no sobrenome).

O que mais chama a atenção é que a estrela de Przysbylski apresenta sinais destes elementos artificiais. Embora o promécio tenha sido encontrado por meio da fusão de estrelas de nêutrons, na referida estrela não há estes objetos por perto. Além disso, se houvesse, esses elementos duram muito pouco tempo, e para serem observados ainda hoje é porque algum processo continua gerando-os.

Ainda que não tenha civilização extraterrestre nenhuma, o que sabemos sobre a tabela periódica pode mudar, pois isso significaria que os elementos que achamos ser artificiais seriam, na verdade, naturais. Contudo, essa possibilidade é como encontrar um pião girando no meio da floresta sobre uma rocha.

Ou seja, é altamente improvável, uma vez que esses elementos duram muito pouco tempo e necessitariam de algo para repô-los, assim como o pião precisa de alguém para enrolar um barbante fazê-lo girar novamente.

Tendo já sido descartadas várias possibilidades naturais conhecidas, só resta a mais interessante de todas. Uma civilização extraterrestre em um planeta orbitando a estrela e jogando esses átomos nela. Porque essa hipotética civilização faria isso? Carl Sagan levantou a possibilidade de que uma civilização inteligente quisesse enviar um sinal para outras civilizações.

Quem assistiu a série de ficção científica “O problema dos três corpos” (alerta de spoilers)  viu um exemplo de como usar o Sol para amplificar um sinal emitido de nosso planeta. Isso atraiu a atenção de uma civilização alienígena mais avançada, se isso foi benigno, aí é melhor conferir assistindo a série.

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Voltando ao mistério da estrela de Przybylski, eu particularmente não interpreto que tal civilização estaria fazendo isso para chamar a atenção, muito menos a nossa. Se essa sociedade existir, o mais provável é que ela seja autossuficiente em energia nuclear de fissão.

Perceba que todos os elementos artificiais são radioativos. Possivelmente, eles estariam apenas se livrando do lixo radioativo jogando em sua estrela. Não haveria outra alternativa viável de se livrar do lixo. Deixar no espaço seria perigoso, pois o lixo poderia voltar para o planeta. Enviando para a sua estrela hospedeira, não haveria esse risco.

Para concluir, e percebendo o problema que tal civilização pode estar passando com seu lixo radioativo, é bom refletirmos mais sobre o processo de fissão e investir mais no processo de fusão nuclear que ainda está em desenvolvimento, mas quando dominado, assim como as estrelas o dominam, haverá energia em abundância e energia limpa. 

Fontes: