Solstício de inverno: como a estação afeta o Ceará em dois efeitos significativos

Entramos agora no período seco, e o fator principal que contribui para isso é a Zona de Convergência Intertropical (ZCIT) que já está muito ao Norte

Legenda: Pôr do Sol em Caucaia
Foto: Ednardo Rodrigues

Tem muita gente chamando a presente estação de verão. Está errado, estamos no inverno. O termo não se refere essencialmente à presença de chuvas e sim à inclinação dos raios solares. O inverno começa quando o Sol chega ao trópico de Câncer – isso significa que está no limite de 23,5° do equador celeste. O equador celeste nada mais é do que a projeção do equador geográfico na esfera celeste. Isso faz o hemisfério Norte ser mais iluminado do que o hemisfério Sul nesta estação. Por isso, se aqui é inverno, nos EUA e Europa, é verão. 

O inverno começou oficialmente no dia 20 de junho, mas nem sempre cai no mesmo dia, podendo ocorrer no dia 21, dependendo se o ano não for bissexto. E no dia que o Sol está nesta coordenada de 23,5°, chamamos de solstício de inverno. Neste caso, o período de horas de céu escuro é maior do que o período de céu claro. 

Mas como a estação afeta a vida do cearense? 

Enfatizo dois efeitos significativos. O primeiro efeito que podemos notar é que o Sol está se pondo mais cedo, às 17:35, em Fortaleza, e nascendo mais tarde, 5:40. Isso reduz um pouco a temperatura que podemos sentir no início da manhã. À tarde passa de muito quente “pra só quente mesmo”. Rá! Rá!

O segundo efeito do inverno aqui no hemisfério Sul é que, a partir deste período, as chuvas diminuem e os níveis dos reservatórios de água também. Entramos agora no período seco, e o fator principal que contribui para isso é a Zona de Convergência Intertropical (ZCIT) que já está muito ao Norte, como se pode ver na imagem de satélite abaixo.

Legenda: Posição da zona de convergência intertropical
Foto: Funceme/EUMETSAT/Reprodução

Inclusive eu fiz uma previsão sobre o nível do reservatório mais importante do Ceará na minha coluna, publicada no dia 27 de fevereiro de 2024, sobre o dia de São José. Fiz minha estimativa ousada sobre o açude do Castanhão, que estava com 23,7% da capacidade, chegaria a 33% do dia 1º de junho de 2024. Ousada porque a previsão dos grandes órgãos era de El Niño, ou seja, de redução nas chuvas. 

Bom, agora podemos conferir. O reservatório, hoje está com 35,89% da capacidade. Chegou a 36% no dia 1º de junho. Um valor coerente com minha previsão, e digo que só errei esses 3% por causa da previsão de El Niño. A partir de agora não vou mais levar em consideração outras previsões. Rê! Rê!

O nível do Castanhão deve diminuir até a segunda quinzena de fevereiro. E, agora, minha previsão para você empresário ou agricultor que depende do maior açude do Estado: estimo que o mínimo será de 27% no dia 21 de fevereiro de 2025.

O que é melhor do que a máxima do ano de 2022. Também já vou me atrever a projetar o valor máximo do ano que vem, em 40% no dia 25 de maio. Se isso acontecer será a maior marca dos últimos 11 anos. Só lembrando que 11 anos é o período de atividade solar. Estou cada vez mais convencido de que o clima espacial afeta o clima aqui na Terra e tem vários artigos científicos sobre isso. 

Para concluir, com a redução das nuvens, é o período ideal para adquirir um telescópio e começar a apreciar as belezas da Astronomia. Quem quiser dicas de telescópios é só conversar comigo (@dr.ednardorodrigues). Devo trazer mais dicas sobre o que observar no céu nas próximas semanas. Até lá!

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