Você já deve ter visto, pelo menos nos livros, os famosos anéis de Saturno. Como essa jóia do sistema solar se formou? Para entendermos, precisamos compreender como o nosso sistema solar se formou.
A 4,6 bilhões de anos atrás nosso sistema era uma nuvem de gás e poeira, o que restou da explosão de uma outra estrela. Essa poeira foi se concentrando devido à força da gravidade, formando uma gigantesca bola de gás quente.
O gás se concentrou e passou a girar cada vez mais rápido. Isso acontece quando patinadores fecham os braços para aumentar a rotação. À medida que a rotação aumenta, forma-se um disco. Eu chamo isso de efeito pizzaiolo, que gira a massa para que ela se achate formando um disco.
Com o tempo o disco vira anéis. Isso mesmo. Um sistema solar foi formado por anéis. Essa fase de formação é chamada proto-estrela. O mais fascinante é que conseguimos encontrar proto-estrelas no universo com o uso de telescópios de alta resolução como os do Observatório Europeu do Sul (ESO) no deserto do Atacama- Chile. Por exemplo, temos uma imagem belíssima de um sistema estelar se formando na constelação do Touro, chamado HL Tauri.
Com o tempo, cada anel desses em HL Tauri se concentrará e se tornará um planeta. O mesmo aconteceu com os planetas do nosso sistema.
Como os anéis de Saturno são muito jovens, com cerca de 100 milhões de anos, eles teriam surgido de um mecanismo um pouco diferente. A hipótese mais aceita é que os anéis seriam os fragmentos de uma lua que se aproximou do planeta [1].
Essa extinta lua recebeu o nome de Crisálida, o nome do casulo de uma lagarta antes de virar borboleta. Existe uma distância mínima para cada lua permanecer intacta. Por exemplo: caso a nossa lua se aproximasse a apenas 7.527 km, ela também se fragmentaria e formaria um esplendoroso anel ao redor da Terra [2]. Esse processo não deve ser raro visto que Júpiter, Urano e Netuno também possuem anéis.
Anéis em planetas-anões
Anéis também podem ocorrer em outras escalas, por exemplo, em planetas-anões como descoberto pelo brasileiro Bruno Morgado. O objeto de nome nativo norte-americano, Quaoar fica depois da órbita do último planeta do sistema solar Netuno.
Esse anel desafia a compreensão dos cientistas, pois ele está posicionado onde nenhuma lua deveria se fragmentar. O trabalho foi publicado na revista Nature este mês no dia 8 de fevereiro [3].
Sabemos que corpos orbitando um planeta são luas. E existem luas que também possuem anéis. Em escalas muito pequenas até os átomos possuem estruturas semelhantes a anéis chamados orbitais e já podem ser observados com a tecnologia atual.
Perceba que é muito semelhante a uma proto-estrela como HL Tauri mostrada anteriormente. Desta forma, os anéis astronômicos são padrões fractais.
Dizemos que esse comportamento é fractal quando um padrão se repete em diferentes escalas, ou seja, em diferentes tamanhos. Até mesmo os átomos parecem seguir essa organização na natureza.