Aristarco de Samos (310 a.C - 230 a.C.) já acreditava no sistema heliocêntrico. Nesta concepção, os planetas giram ao redor do Sol. Ele também aceitava que as estrelas eram como nosso astro rei, porém pareciam menores porque estavam muito mais distantes e ao redor delas deveriam orbitar outros planetas.
Não se sabe como Aristarco chegou a essas conclusões sem telescópio numa época a qual prevalecia o sistema geocêntrico (crença de que a Terra está no centro do Sistema Solar). Para aumentar o mistério, seus trabalhos foram perdidos no incêndio da biblioteca de Alexandria no Século III.
Acredita-se que ele possa ter sido influenciado pelo filósofo pré-socrático, Filolau de Crotona (470 a.C-385 a.C.), o qual descrevia o “fogo no centro do universo”.
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Pouca gente sabe, na definição moderna, o Sol é de plasma, e não de fogo, pois é pobre em oxigênio, essencial para combustão e consequente para existência do fogo, porém naquela época, não havia essa concepção. Então faz sentido Aristarco ter associado o Sol ao fogo.
Contudo, suas idéias foram ofuscadas pelo sistema geocêntrico. Este modelo do sistema solar foi altamente difundido porque estava de acordo com o senso comum, mas passou a ser questionado por Nicolau Copérnico (1473-1543) e Giordano Bruno (1548-1600), este último é tido como mártir da ciência.
Historiadores concordam que ele foi condenado muito mais por sua visão religiosa e filosófica do que por suas idéias astronômicas, o que também não é justificável.
As primeiras evidências que colocaram em xeque o geocentrismo foram apresentadas por Galileu Galilei (1564-1642) ao usar o telescópio inventado por Hans Lippershey para observar as luas de Júpiter. No início ele observou apenas quatro luas orbitando o gigante gasoso mostrando que haviam objetos que não orbitavam a Terra.
O número de luas descobertas só foi aumentando gradativamente. Semana passada descobriram mais 12 luas em sua órbita, totalizando 92 e passando Saturno, com 83. Ainda que Galileu tenha encontrado essa evidência, ele a negou para não entrar em conflito com a inquisição.
O sistema geocêntrico vigorou implacável até Isaac Newton (1642-1727) propor a teoria da gravitação universal. Apesar da influência de Newton, um questionamento permanecia: se a Terra gira ao redor do Sol, a posição das estrelas deveria oscilar ligeiramente a cada volta.
Esse fenômeno só foi provado por Friedrich Bessel em 1838 para a estrela 61 Cygni o que ficou conhecido como paralaxe das estrelas. Em 1977, a sonda Voyager 1 – objeto criado pela humanidade que está mais longe da Terra até hoje – foi lançada e navegou pelo sistema solar se baseando na teoria de Newton.
A Voyager ruma em direção a uma estrela na constelação de Águia e um dia poderá ser encontrada por prováveis seres vivos alienígenas. Sabemos que existem muitos exoplanetas, assim chamados os planetas que orbitam outras estrelas. O primeiro exoplaneta foi descoberto somente 1992. Foi uma tarefa muito difícil, o planeta orbitava um pulsar, coisa raríssima.
A descoberta de exoplanetas avançou muito nestes 31 anos. Nesta semana, por exemplo, um trabalho que levou 12 anos revela a filmagem de um sistema planetário a 133 anos-luz na constelação de Pégaso. O vídeo feito por Jason Wang passa 12 anos em apenas 4,5 segundos.
Os planetas orbitam a estrela 50% mais massiva do que o Sol e 5 vezes mais brilhante. O brilho é tão intenso que a estrela foi coberta por um círculo preto e em seu lugar foi colocado um marcador amarelo. Assim conseguimos ver 4 pontos claros ao redor que são os exoplanetas, todos maiores do que Júpiter.
Percebe-se que o planeta mais próximo se move mais rápido assim como ocorre para o Sistema solar como explica a teoria da gravitação de Newton. Estamos vivendo uma era privilegiada do conhecimento do universo. Podemos finalmente verificar que as idéias de Aristarcos de Samos estavam corretas.