As memórias ainda vivas do antigo Colégio Capital em Fortaleza

No Dia do Estudante, paro a refletir sobre uma das minhas escolas da vida, lugar de aprendizados, amores e boas histórias

Legenda: Até hoje, tenho costume de cortar caminho para passar na frente do antigo Colégio Capital, onde estudei no fim da década de 1990
Foto: Antônio Justino/Acervo Diário do Nordeste

Era fim da década de 1990 quando, por meio de uma bolsa de estudos, ou da ‘força do destino’, como diz minha irmã mais velha, a vida levou-me às salas de aula do já extinto Colégio Capital, em Fortaleza. Cheguei meio perdida, mas passei a ‘habitar’ por algumas horas do dia aquela imensidão de paredes e experienciar ar livres, entre pátios e árvores a dançar com o vento.

Logo encontrei-me entre os muros de cimento e as janelas imensas que ainda hoje resistem de frente à Avenida Heráclito Graça. Há tanto daquela escola em minha memória que, assim como me perdia entre o que sempre foi imensidão, e até infinito lá dentro, perco-me também tentando encontrar palavras a descreverem tudo que lá vivi. E senti.

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Quando percebi as dificuldades de colocar em frases as sensações, lembranças e sentimentos latentes e misturados, tive a ideia de buscar em arquivos do jornal as fotografias da minha antiga escola da vida. Encontrei. E que sorte conseguir eternizar lembranças também em imagens! 

Até hoje, tenho costume de cortar caminho para passar na frente da escola e de seu Centro Esportivo, ainda de pé do outro lado da avenida, como de pé também estão minhas boas saudades. Muitas vezes, dou a volta entre os quarteirões que circundam os prédios - onde hoje é uma faculdade - para olhar os detalhes que mudaram na estrutura, e reviver as memórias.

Um verdadeiro lugar de existência. Lá, encontrei palco e apoio para a poesia que naquela época já estava guardada em algum lugar dentro de mim, entre as aulas de português e as tarefas que pareciam infinitas no meu caderno. Entre aquelas folhas, se espremiam meu castelos, contas, escritas e também meus segredos de amor adolescente. 

Também aprendi a lidar - e também a resolver - as equações de 1º e 2º graus que me tiraram o sono e fizeram-me sofrer na medida certa para entender que meus caminhos estavam muito mais ligados às gramáticas e literaturas de vida. Às poesias das nossas histórias. E tanto estudei História, que hoje sobrevivo ‘catando’ e contando narrativas. 

Colégio Capital onde hoje funciona uma faculdade
Legenda: Há tanto daquela escola em minha memória que, assim como me perdia entre o que sempre foi imensidão, e até infinito lá dentro
Foto: Antônio Justino/Acervo Diário do Nordeste

Foi ainda fruto de minhas travessuras e travessias no Colégio Capital que ganhei um dos melhores presentes de amor: a chance de ser madrinha da filha da amiga-irmã que primeiro me acolheu entre aulas, provas, aventuras e recreios, com amor e gargalhadas, dentro e fora da escola. Perto e longe, e ainda para sempre.  

De lá, herdei a admiração por tudo que o esporte pode fazer não apenas pela saúde física, mas também por potencializar o respeito à coletividade, às relações de amizade e nosso equilíbrio emocional. Se hoje me pego várias vezes em falta com atividade física, reconheço: não foi isso que lá aprendi. 

Aulas de campo, teatro, literatura, banho de piscina, torneios de esporte, passeios ciclísticos, amores platônicos, festas de aniversários e despedidas, aulas da saudade. São muitas páginas, capítulos, personagens e lembranças de uma história que ainda não acabou dentro de mim, e entre tantos. 



 
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