No Mercado AlimentaCE, lixo vira renda de R$ 1.200 para catadores de comunidade, em Fortaleza
O lixo produzido no ‘Festival do Pratinho’, realizado pelo Mercado AlimentaCE, se transformou em diversas matérias-primas e em fonte de renda para catadores do bairro Moura Brasil, onde fica o equipamento que integra o Complexo Cultural Estação das Artes, em Fortaleza. Durante os dois dias do evento, no fim de julho, cada trabalhador arrecadou mais de R$ 1.200.
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Ao todo, foram selecionados seis catadores nessa fase de teste do projeto, totalizando quatro famílias beneficiadas com a coleta de quase meia tonelada de materiais recicláveis e orgânicos. Segundo a diretora do Mercado Alimenta, Marina Araujo, a ideia é aprimorar a ação para torná-la uma política de gestão de resíduos no complexo.
A iniciativa comprova que a sustentabilidade pode ser um pilar para envolver e desenvolver as comunidades. Para a presidente da Associação de Catadores do Moura Brasil, Raquel Silva, de 36 anos, esse é o tipo de “oportunidade perfeita”. “Trabalhamos por ali, mas muita gente não nos conhece. Foi uma forma de dar visibilidade ao nosso trabalho”, relata.
Iniciativas como essa são muito importantes para todos porque, além de ajudar o meio ambiente, mantém a nossa renda”, observa.
A entidade conta com 24 catadores. Conforme Raquel, a manutenção da parceria ficou acordada com o equipamento para novos eventos e para tentar ampliar o número de beneficiados. O Moura Brasil está entre os territórios com o menor Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), marcando 0,28 e ficando na 77ª posição entre os 119 bairros de Fortaleza.
A metodologia para calcular o indicador considera aspectos como saúde, educação e renda, variando a pontuação de zero a um. Quanto mais próximo do maior número (1), melhor. O dado mais recente é de 2010, conforme documento da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico (SDE).
Trabalho de cooperação com a sociedade reduz resíduos e gera renda
O projeto foi executado com sucesso graças à capacitação e conscientização de todos os envolvidos. Em reuniões, os coletores foram orientados por uma empresa especializada sobre cada tipo de resíduo. Durante o evento, foi montada uma ilha para esses trabalhadores separarem o material.
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Ocorreu, ainda, uma consultoria de sustentabilidade para os permissionários e expositores, em parceria com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae). O público também foi peça-chave.
Houve a conscientização para o descarte correto por meio de mensagens nas telas e áudios ao longo do festival. “Ainda temos muito a avançar, mas o início já nos apontou para um caminho próspero de parceria comunitária e desenvolvimento sustentável”, avalia Araujo.
Com a ação, o Mercado AlimentaCE demonstra estar conseguindo cumprir com seu papel social ao unir cultura e economia circular, articulando ferramentas socioeconômicas inovadoras. O feito deve servir para inspirar gestores públicos e privados para multiplicar essas iniciativas pela cidade.
Segundo a instituição, em 2023, quase 100 mil pessoas foram alcançadas em atividades de pesquisa, desenvolvimento e ações culturais. O objetivo é estimular a produção da “gastronomia cearense focada nas tradições culturais, mas também conectada à criatividade, inovação e sustentabilidade”.
Os restaurantes do mercado são selecionados pela equipe de pesquisa, havendo rodízios de empreendedores por tempo variável. A ideia é que mais negócios locais consigam participar, inclusive os da própria comunidade, como o Tacos Burger.
Os interessados em apresentar estabelecimento ou produto podem preencher formulário neste link para passar pelo processo de curadoria.