Ceará detém mais da metade dos investimentos bilionários em Hidrogênio Verde no Brasil
O Ceará abarca fatia de 58,6% dos investimentos em Hidrogênio Verde (H₂V) no Brasil, com projetos que somam R$ 110,6 bilhões. Em seguida, aparecem os estados do Piauí (R$ 20,4 bilhões), Pernambuco (R$ 19,6 bilhões) e o Rio de Janeiro (R$ 16,5 bilhões). Os valores constam em estudo publicado nessa segunda-feira (26) pela Confederação Nacional da Indústria (CNI).
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A soma dos 23 projetos analisados em território nacional resultou em um montante de R$ 188,7 bilhões. Desses negócios, sete encontram-se na Capital e Região Metropolitana de Fortaleza, tornando o Estado também líder em número de empreendimentos.
Para o ex-secretário executivo de Energia e Telecomunicações do Ceará e presidente da Energo Soluções em Energias, Adão Linhares, o resultado do estudo reafirma a atratividade da ambiência local.
Entre as vantagens, lista, estão as fontes eólicas e solar e a facilidade logística da Zona de Processamento de Exportação do Ceará (ZPE), instalada no Complexo Industrial e Portuário do Pecém (Cipp), onde está a maioria dos projetos.
“A parceria com o Porto de Roterdã criou um corredor que leva o hidrogênio como amônia para a Europa, facilitando e deixando bastante competitiva a produção dele, mas também de amônia e metanol verdes”, explica.
Apesar das vantagens, Ceará terá desafios
“Todos os investidores de grande porte olham para o Brasil e enxergam o Porto do Pecém e o Ceará como o mais vantajosos e competitivos economicamente. Agora, sair na frente não significa se tornar uma realidade”, observa, ponderando a importância de deixar a regulamentação acessível.
O projeto de lei que regulamenta a fabricação do combustível foi sancionado neste mês de agosto. Conforme o especialista, outro ponto para manter o Ceará no pódio é concretizar as linhas de transmissão. Uma questão do H₂V é a demanda por energia elétrica renovável para o processo de eletrólise, cujo objetivo é separar o hidrogênio da molécula da água.
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Para o presidente da CNI, Ricardo Alban, o foco deve ser em transformar as vantagens regionais em competitividade. “Estamos no Nordeste do Brasil, além dos ventos, do sol e das possibilidades de offshores (éolicas no mar), estamos muito mais próximos do Norte global. Há muitas possibilidades de produzir amônia e Hidrogênio Verde para esses países”, frisa.
Atualmente, o Governo do Ceará possui mais de 30 memorandos de entendimento para a produção do H₂V. Conforme o economista Célio Fernando, ainda é necessário aguardar para saber quantas dessas intenções serão convertidas em contratos.
“Mas o mais importante não são as promessas de investimentos, mas o desenvolver da transição energética, com várias cadeias produtivas. Isso é bom para o Ceará e para a sociedade”, avalia.
“Estamos desenvolvendo a biomassa e outras formas de energia. Além disso, os recursos hídricos estão sendo planejados para atender a indústria do H₂V e o próprio Estado, que vivenciou escassez. Água e energia são cadeias produtivas básicas de desenvolvimento econômico e dentro da visão de sustentabilidade”, completa.
Colaborou Luciano Rodrigues