Há, no futebol brasileiro, uma espécie de histeria pelo caos. Basta uma sequência de jogos sem vencer (mesmo que pequena) para que surjam os questionamentos antes escondidos (ou inexistentes). A passionalidade dos torcedores e até mesmo a forma como age parcela da própria imprensa nacional contribui para isso.
Vejamos o exemplo do Fortaleza. Com um futebol envolvente, vistoso, efetivo, que entregou ótimos desempenhos e resultados de forma consistente, é a sensação do Campeonato Brasileiro. Mas bastou ficar quatro jogos sem ganhar e já se questiona: o que está acontecendo?
Nada de alarmante. Uma oscilação natural, que todos os times passam em um campeonato de pontos corridos que tem 38 rodadas. É praticamente impossível passar de ponta a ponta sem nenhum momento de irregularidade.
O Palmeiras, por exemplo, também passou quatro jogos sem vencer, mas amargando três derrotas seguidas, com um confronto direto (contra o Atlético-MG) e outras duas partidas em casa (para o próprio Fortaleza e Cuiabá).
É uma sequência pior que a atual do Tricolor, que acumula quatro empates (sendo que no Brasileirão são três). Se não ganhou, também não perdeu, e nem saiu do G-4.
CONTEXTO DOS JOGOS
Mais que olhar os resultados, é preciso entender, também, o contexto das partidas. Contra Santos e Juventude, pênaltis desperdiçados nos momentos finais que poderiam ter decretado duas vitórias a mais na conta.
Contra o São Paulo, uma reação impressionante com dois gols além dos 40 minutos e um empate que diminuiu aquilo que seria um prejuízo imenso e teve gosto de vitória para um confronto eliminatório de 180 minutos.
O jogo contra o Cuiabá, sim, deve ser visto com mais calma para refletir sobre os erros cometidos, o que o próprio Vojvoda admitiu.
Realizar alguns ajustes de marcação (sobretudo quando o adversário contra-ataca e com atenção especial ao lado esquerdo), ter maior velocidade na circulação da bola para furar defesas retrancadas e aproveitar melhor oportunidades criadas são pontos fundamentais para evolução, mas já vistos antes mesmo destes últimos quatro jogos.
O SARRAFO SUBIU
O Fortaleza, porém, precisa saber que o sarrafo subiu. Pelo desempenho apresentado e pelos resultados conquistados, o próprio Tricolor estabeleceu uma expectativa alta que, se não for correspondida, desencadeará cobranças maiores.
De 18 rodadas do Brasileirão, o Leão do Pici pontuou em 15, com apenas três derrotas. O torcedor ficou mal acostumado (ou bem) não apenas em não ver o time perder, mas em vencer adversários complicados, como Atlético-MG, Palmeiras, Bragantino, Corinthians, São Paulo, etc.
Por isso, um empate contra o Cuiabá, em casa, tem uma lamentação maior. Desperdiçar penalidades, embora seja parte do jogo, também não é visto com muita tolerância.
A margem segue boa, e bastará retomar o caminho das vitórias para acabar com desconfianças.