A estreia do Fortaleza na Libertadores teve os elementos que todo mundo imaginava. Emoção, festa, catimba, gols, expulsão, bola na trave, arbitragem polêmica. A derrota por 2 a 1 para o Colo Colo-CHI, na noite da última quinta-feira (7), foi tensa. Mas mostrou claramente dois aspectos: 1) o Tricolor sentiu o peso da principal competição do continente; 2) mostrou força para reagir.
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O time de Juan Pablo Vojvoda entrou nervoso. Sentiu o peso da estreia e da competição. Natural até, dado o ineditismo e a importância do momento. Mas fato é que o Fortaleza não jogou no 1º tempo. Nervoso, não conseguia conectar passes, errou demais e não demonstrou o futebol envolvente que já apresentou em outros momentos.
O principal problema foi que o Leão do Pici não teve saída de bola. O time chileno adiantou muito bem a marcação e, sem Tinga (que faz a saída de bola pelo lado direito) e Lucas Crispim (que qualifica a articulação pela esquerda), o Fortaleza foi previsível.
Sem ter sucesso em iniciar a construção de jogadas pelo lado esquerdo, o Tricolor não conseguia inverter a bola para infiltração de Yago Pikachu. O camisa 22 pouco apareceu no 1º tempo e, assim, uma das jogadas mais fortes do Fortaleza foi totalmente anulada pelo Colo Colo.
Os visitantes foram superiores nos primeiros 45 minutos, criando boas chances, finalizando mais (6 vezes contra 4 do Fortaleza) e merecendo a construção do 1 a 0, em gol de Martin Lucero, que aproveitou espaço no lado direito da defesa leonina e marcou.
Mal deu tempo de retornar do intervalo e, com 3 minutos, em contra-ataque muito rápido do time chileno, Pablo Solari recebeu livre na área e ampliou. Um belo gol, jogada de pé em pé, em que deixou bem claro ao Fortaleza: erros não são perdoados.
Mesmo com 0 x 2 no placar, o Fortaleza não se entregou. O time melhorou no 2º tempo, sobretudo com as mudanças de Vojvoda, que colocou Felipe, Ceballos, Lucas Crispim e Renato Kayzer. A postura foi outra.
Com melhor qualidade no passe, articulou mais jogadas ofensivas e pressionou. Teve 10 finalizações e chegou ao gol justamente na jogada acima citada que não havia funcionado no 1º tempo: a infiltração de Pikachu.
Zé Welison achou belíssimo passe para o camisa 22, que deixou Renato Kayzer na boa para anotar um gol histórico: o 1º do Fortaleza na Libertadores.
O Tricolor criou, ainda, oportunidades para empatar o jogo. O goleiro Brayan Cortés fez boas defesas e, no último ataque, Benevenuto cabeceou na trave e, no rebote, acabou isolando na pequena área para lamentação geral nas arquibancadas.
Mas apesar da derrota, o Fortaleza mostrou que pode reagir e encarar de igual para igual adversários em um nível competitivo claramente mais alto que a Libertadores impõe. Perder um confronto direto em casa custa caro, e o time precisará agora de equilíbrio e regularidade para recuperar os pontos fora do Brasil.
Marcelo Benevenuto foi o melhor em campo pelo Fortaleza. Venceu praticamente todos os duelos individuais, foi muito preciso nas recuperações, tirou um gol feito em cima da linha ainda np 1º tempo e, no fim, quase coroa a grande atuação com o gol, mas parou na trave. Por outro lado, seus companheiros de zaga, Titi e Landázuri, foram mal.
Especialmente o equatoriano, que esteve péssimo, errando praticamente tudo e inclusive comprometendo defensivamente. Os dois gols do Colo Colo foram originados pelo lado direito da defesa do Fortaleza, que sente bastante a ausência do capitão Tinga, que esteve no banco de reservas, mas não entrou.
Juninho Capixaba foi outro que esteve bem. Com muita entrega, foi o principal ladrão de bolas do time, com 8 desarmes certos. Zé Welison (que deu passe para Pikachu no lance do gol) também foi muito bem. Lucas Lima não esteve mal enquanto Romero foi apagado, já que a bola não chegou, e Moisés oscilou, indo mal no 1º tempo e melhorando no 2º.
Não tem como não citar, ainda, um lance que foi crucial para o placar. Aos 11 minutos, Moisés arrancou em velocidade e invadiu a área, sendo empurrado pelo marcador no momento da finalização. Pênalti claro que o árbitro ignorou.