A vitória do Ceará por 1 a 0 sobre o Fortaleza, garantindo o Alvinegro na final da Copa do Nordeste, tem vários aspectos a se destacar. Sobre o Tricolor, farei um post em específico ainda hoje para destrinchar mais detalhes. Aqui, uma breve análise sobre a partida em si e os principais pontos sobre o Vovô.
O jogo não foi tecnicamente brilhante. Longe disso, teve muitas faltas e erros de passes. Mas taticamente foi extremamente interessante. Em um verdadeiro duelo de estratégias entre Rogério Ceni e Guto Ferreira, o treinador alvinegro levou a melhor.
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E teve méritos. O Ceará fez um jogo tático quase perfeito. E é importante destacar: jogo tático quase perfeito não necessariamente significa ser dono de 80% da posse de bola, criar 10 chances reais de gol e vencer por 3 a 0. Se pode fazer um jogo tático quase perfeito cumprindo o plano de jogo que foi estabelecido para uma partida em específico. É executar a proposta que foi pensada para aquele jogo. E foi isso que o Ceará fez.
Guto Ferreira mostrou que tirou lições da derrota por 2 a 1, no Clássico-Rei válido pelo Campeonato Cearense, em que o adversário foi superior. Estudou muito o rival e analisou o que deveria fazer. Agora, o Ceará foi superior ao Fortaleza nos 90 minutos.
Guto mandou a campo um time com muito mais imposição física, intensidade e velocidade. A entrada de Fabinho, que formou linha defensiva com Charles e Fernando Sobral, foi fundamental pra isso. Klaus também ganhou a vaga de Luiz Otávio por ser mais rápido e melhor no jogo aéreo defensivo e ofensivo que Brock - e foi isso que decidiu o jogo, no 4º gol dele em 2020.
O Ceará deu a bola ao Fortaleza, adotou postura mais reativa e anulou o rival. Defensivamente, foi impecável e venceu a maioria dos duelos 1x1. Com muita entrega coletiva, todo o sistema defensivo foi bem, e Fernando Prass não fez uma grande defesa sequer. A melhor chance do Tricolor foi em chute de Yuri César que triscou a trave, na segunda etapa, e só.
Ofensivamente, não foi um time avassalador. Criou até poucas chances muito claras - embora mais que o Fortaleza, inclusive chegando mais perto de marcar o segundo que sofrer o empate - mas mostrou efetividade logo aos 23 minutos, o que garantiu tranquilidade para o resto da peleja.
Além disso, a postura do Ceará também foi mais vibrante. Um time com mais "gana" e que lutou demais.
Klaus, Vina, Fabinho e Bruno Pacheco foram muito bem. Cléber também demonstrou boa atuação, sendo a referência de profundidade e auxiliando no primeiro combate de marcação. Charles, gigante no meio de campo, fez mais uma partida em altíssimo nível. Incrível a regularidade do volante.
Mas o que jogou bola o criticado Fernando Sobral não é brincadeira. Taticamente e fisicamente foi simplesmente perfeito. O melhor em campo. Anulou o forte lado esquerdo do Fortaleza - e Guto falou sobre isso - e correu um absurdo, mantendo a intensidade - literalmente - até o último minuto.
O Fortaleza não teve profundidade, os laterais e pontas não funcionaram, não teve jogadas de ultrapassagens, Felipe e Juninho tentaram, mas estavam bem marcados. Como disse, haverá um texto só para analisar o Fortaleza, mas já adianto que esta é uma derrota que deixa lições.
Ao Ceará, uma vitória que vale muito. A possibilidade do bicampeonato nunca esteve tão próxima.
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