O Banco Central do Brasil no último dia 06/03 iniciou projeto piloto do Real Digital, chamado de “Piloto RD”, que tem como objetivo realizar uma série de testes, que passam desde aspectos tecnológicos às questões operacionais das transações com a nova moeda.
Além de responder a dúvida se o dinheiro em papel vai ser extinto, de forma a ajudar o leitor a melhor compreender o Real Digital, responderei mais outros pontos importantes que você já precisa saber.
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O Real Digital vem para acabar de vez que o dinheiro em papel? Não. É notório que cada vez menos usamos o dinheiro na forma física. As transações por meio do PIX batem recordes todos os meses, e os pagamentos através dos cartões, agora também por aproximação, chegaram para ficar.
Contudo, a forma tradicional do dinheiro continuará em circulação. O avanço das tecnologias e do próprio Real Digital, evidentemente, farão com que as pessoas tenham a tendência de deixar de lado as cédulas e as moedas.
Assim como os cheques (sim, eles ainda existem!), o dinheiro de forma física (cédulas e moedas) por muito tempo ainda estará em circulação, assim como nos últimos milênios.
A nova moeda não será concorrente do Real (R$) que utilizamos atualmente. O Real Digital, na verdade, será uma forma complementar do uso do dinheiro. Espera-se que a “cotação” do Real Digital e do Real Tradicional seja de 1 para 1, evitando distorções do valor da moeda. Uma inovação do Real Digital será a moeda tokenizada. Em razão de sua complexidade do Real Tokenizado, buscarei tratar do assunto em outro texto.
Existe certa confusão de conceitos em relação às moedas digitais, mas é importante, logo de pronto, salientar que o Real Digital não é uma criptomoeda, portanto, não é similiar ao Bitcoin.
O Real Digital é classificado como uma CBDC (Central Bank Digital Currency), ou seja, uma moeda digital emitida por um Banco Central (Autoridade Monetária), que é diferente do Bitcoin, de tem como característica ser de natureza privada.
As transações do Real Digital, a priori, segundo o Banco Central, serão no ambiente on line. E qual o impacto disto? O fato de não permitir operações do Real Digital off line inviabilizará a posse do Real Digital em dispositivos fora da rede, e na minha opinião, limitará os casos de usos.
Na China, a CBDC chinesa, conhecida por Yuan Digital, também em fase de testes, tem a possibilidade do uso off line, o que vêm permitindo uma série de avanços nas formas de usos da moeda.
O Real Digital obrigatoriamente estará vinculado a conta de um Banco ou uma Instituição de Pagamento. Portanto, caso tenha um Real Digital, o recurso estará “depositado digitalmente”
nas instituições fiscalizadas pelo Banco Central. O resultado prático desta decisão é que todas as transações com o Real Digital, necessariamente, terão a intermediação de um agente financeiro.
Na coletiva de imprensa no dia 06/03, foi anunciado que o Real Digital será emitido pelo Banco Central e terá sua operacionalização de forma descentralizada (Distributed Ledger Tecnology - DLT), mas de forma permissionada.
E qual a importância disso? Ao contrário do Bitcoin, por exemplo, que é a operação da criptomoeda é descentralizada e pública, o Real Digital “impresso” pelo Banco Central será transacionado em rede com a participação apenas das instituições financeiras.
A plataforma de testes escolhida foi a Hyperledger Besu, que “roda” na rede Ethereum. Isso significa que os contratos inteligentes terão ampla possibilidade de uso. Para saber de casos de uso, veja aqui.
Segundo o calendário do Banco Central, o Real Digital deve seguir em fase de testes até o início do próximo ano. Estima-se que o Real Digital esteja em operação com o público a partir do final de 2024.
Grande abraço e até a próxima semana!
Este texto reflete, exclusivamente, a opinião do autor.