Economia cearense: serviços avançam e comércio decepciona

Em 2022 o crescimento do volume de Serviços superou 10%; por outro lado, o comércio teve avanço de apenas 0,3% volume de vendas

Legenda: Comércio pode ser afetado com mudanças no rotativo do cartão
Foto: José Leomar/Diário do Nordeste

A atividade econômica cearense em 2022, apesar de todas as dificuldades econômicas, sociais e políticas, teve um grande destaque: O setor de Serviços.

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Dados publicados recentemente pelo IBGE*, apontam que as atividades de serviços no Ceará apresentaram crescimento de 10,2% em 2022, quando comparada com o ano anterior. 

SERVIÇOS APRESENTAM RESULTADOS HISTÓRICOS

O crescimento do volume das atividades de Serviços foi o segundo melhor da série histórica, sendo superado apenas pelo ano de 2021, que cresceu 13,1%, muito pela baixa base de comparação de 2020, ano fortemente impactado pela pandemia.

Em relação ao Brasil, as atividades de Serviços do Ceará, pelo segundo ano consecutivo, apresentaram performance melhor que a média nacional. Em 2022, enquanto as atividades de Serviços no Ceará avançaram 10,2%, no Brasil cresceram 8,3%. No ano de 2021, as atividades de serviços cearense e brasileira registraram aumento de 13,1% e 10,9%, respectivamente.

Variação do Volume de Serviços – Brasil e Ceará – Performance Anual (%) – 2019 a 2022
Ano/Brasil/Ceará
2019: +1,0%/+0,3%
2020: -7,8%/-13,6%
2021: +10,9%/+13,1%
2022: +8,3%/+10,2%
Fonte: IBGE (2023)

Os Serviços prestados às famílias, segundo o IBGE, com crescimento espetacular de 37,2%, contribuíram em grande medida para o indicador estadual. O resultado dessas atividades contemplam os serviços de alojamento e alimentação; atividades culturais e de recreação e lazer; atividades esportivas; serviços pessoais e de educação não continuada.

COMÉRCIO NO CEARÁ EM 2022

O comércio cearense varejista, que após alcançar crescimento de quase 9% em pleno mês de abril de 2022, perdeu fôlego, mingou, e encerrou o ano de 2022 com resultados nada animadores, muito em razão da renda deteriorada pelo nível endividamento, inflação elevada e juros nas alturas (em companhia dos Ovnis!).

No Ceará, o volume de vendas do comércio, incluindo as atividades de veículos, motos e peças, além de material de construção, que é caracterizado como varejo ampliado, apresentou crescimento de apenas 0,3% no ano de 2022. No Brasil, o volume de vendas do varejo ampliado teve retração de 0,6% no ano passado.

COMÉRCIO DE MATERIAL DE CONSTRUÇÃO E VEÍCULOS

No cálculo do volume de vendas do comércio, caso seja excluído o comportamento das vendas de material de construção, veículos, motocicletas, partes e peças**, o resultado cearense do comércio seria 4,3% de crescimento. 

Se percebe claramente que os juros, em trajetória crescente, impactaram fortemente a decisão do consumidor na aquisição de material de construção para construir ou reformar, bem como adquirir um novo veículo.

Além dos juros, e o consequente efeito “bola de neve” no endividamento, a inflação também corroeu o poder de consumo das famílias. Há algumas semanas já tinha tratado do assunto.  A trinca cruel de inflação, juros e endividamento, tem promovido efeitos deletérios para o comércio varejista cearense.

Grande abraço e até a próxima semana!

Este texto reflete, exclusivamente, a opinião do autor.

*Pesquisa Mensal dos Serviços 
** Comércio varejista restrito

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