A elevação da Taxa Selic, promovida pelo Comitê de Política Monetária – Copom do Banco Central, busca atuar no sentido de controlar a dinâmica inflacionária, conforme fica claro no teor dos comunicados da autoridade monetária.
O ciclo de alta da Selic deve estar chegando ao fim, de modo que na próxima reunião do Copom, que ocorrerá em setembro, deveremos ter a resposta de qual será o pico da taxa Selic, que hoje está em 13,75%, mas deve alcançar 14,00%.
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Entre os efeitos colaterais da elevação da Selic, em razão desta ser a taxa de juros de referência para o mercado, é o impacto direto nos juros cobrados nos contratos de empréstimos e financiamentos no Sistema Financeiro Nacional.
Após a inflexão da taxa Selic em março de 2021, os juros médios das operações de crédito estão nitidamente em crescimento, com trajetória que parece mirar a lua.
Os juros médios de todas as operações de crédito, que incluem a pessoa física e jurídica, no último mês de junho foram de 28,13% ao ano (a.a.). Em março de 2021, quando se iniciou o ciclo de alta da taxa Selic, os juros médios no Brasil eram de 19,92% a.a.
Na ótica das fontes de recursos, temos as operações de crédito sob o funding dos recursos direcionados, com taxas de juros subsidiadas; e em outro sentido, temos os empréstimos e financiamentos sob o amparo dos recursos livres, que tem as taxas de juros pactuadas pelo mercado.
Os juros médios de mercado, que tem a fonte os recursos livres, alcançaram 38,99% em junho, e crescem em velocidade similar ao foguete da missão Apollo 11 de Neil Armstrong e Cia. Veja a evolução a seguir:
Os juros cobrados nos contratos celebrados pelos Bancos são parametrizados por diversas variáveis, entre elas o risco da operação e o prazo. Assim, as diversas modalidades de crédito para pessoa física e jurídica, tem juros diferentes.
Entre as modalidades de crédito, que utilizam os Recursos Livres, chamam atenção os juros médios das operações de cheque especial e cartão de crédito para a pessoa física, que tem importante participação de crédito no Brasil.
Em junho, os juros médios das operações de cheque especial atingiram 129,24% a.a., enquanto as de cartão de crédito, alcançaram 78,69% a.a.. Lembro que estas taxas são médias.
O Banco Central já disponibilizou taxas de juros praticadas pelo mercado, no período de 09/08 a 15/08, e as maiores taxas, respectivamente, de cheque especial e cartão de crédito rotativo foram de 212,45% a.a. e 1.120,41 a.a. (sim, você leu certo, mais de 1.000% de juros anuais).
Apesar do ciclo de alta da Selic estar próximo, não vejo mudança da trajetória de juros de mercado nos próximos meses, em função da própria dinâmica de ajustes de juros das instituições financeiras se estender por um período maior, além da inadimplência em alta, que também é fator relevante para compor os juros cobrados nos contratos.
Grande abraço e até a próxima semana!
Este texto reflete, exclusivamente, a opinião do autor.