Os últimos dias foram sombrios para a economia mundial. O cardápio de indicadores econômicos foi indigesto, com elevação de juros americano e Europa, recessão técnica nos Estados Unidos e recrudescimento da guerra na Ucrânia.
Não está fácil, para todo o mundo, literalmente!
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Em razão deste cenário sombrio, o Fundo Monetário Internacional – FMI em revisão das projeções econômicas, reduziu as estimativas de crescimento global, que agora prevê crescimento do PIB de 3,2% para 2022 e 2,9% referente a 2023.
As previsões anteriores eram de 3,6% e 3,5%, para os anos de 2022 e 2023, respectivamente.
Fonte: FMI (2022)
Segundo o FMI, a guerra na Ucrânia, a elevação dos preços de energia e alimentos, combinada com a cadeia de suprimentos ainda prejudicada pela pandemia, foram os vetores econômicos que forçaram a redução das estimativas de crescimento econômico global.
As economias do Estados Unidos, Zona do Euro e China, menos dinâmicas, materializam o quadro econômico global de desaceleração.
A inflação mundial, infelizmente, deve ser maior do que a prevista no início do ano, e deve perdurar por mais tempo, obrigando as autoridades monetárias a atuar no campo restritivo da política monetária.
No campo inflacionário, os números também foram revisados. As estimativas do FMI apontam que a inflação no mundo será de 8,3% em 2022 (anteriormente era de 7,4%), e para as economias emergentes e em desenvolvimento, a inflação estimada deste ano é de 9,5% (previsão anterior era de 8,7%).
Os Estados Unidos, maior economia pela métrica do PIB corrente, tem observado resultados mais fracos nos investimentos públicos e privados. O nível de desemprego e
os gastos das famílias, por enquanto, representam o lado positivo das variáveis econômicas, mas não foram suficientes para evitar o segundo trimestre negativo da variação do PIB.
A recessão técnica, que no Brasil tem sua caracterização quando da ocorrência de dois trimestres consecutivos de queda no nível de atividade econômica, nos Estados Unidos a dinâmica é diferente, que requer parecer do National Bureau of Economic Research (NBER) para decretar oficialmente a economia em estado recessivo.
Os juros em alta, a deterioração do poder de compra das famílias, a elevação dos custos empresariais (matérias-primas e logística) e os ativos em baixa na bolsa, já são sinais claros de dificuldades na economia global.
A deterioração das variáveis econômicas pode ainda decorrer do agravamento das tensões geopolíticas na Europa (crise energética), bem como transbordamento de seus efeitos, a exemplo da tensão entre China e Taiwan.
Caro leitor, a certeza que tenho é de uma economia global em marcha lenta nos próximos meses, de maneira que repercutirá na economia brasileira, em função do menor apetite dos investidores globais e fluxo de comércio internacional de menor intensidade.
Grande abraço e até a próxima semana!
Este texto reflete, exclusivamente, a opinião do autor.