A atividade econômica global está em desaceleração nos últimos meses. O ano de 2022, segundo aponta o FMI*, o Produto Interno Bruto – PIB do mundo apresentou crescimento de 3,4%. Para 2023, as projeções atuais apontam que o PIB Global deve desacelerar e registrar avanço em menor ritmo, 2,9%. Vale ressaltar que a cada nova projeção, o FMI reduz as expectativas de crescimento da economia em 2023.
Para se calcular o PIB, nós economistas temos três possibilidades de mensuração do principal indicador da economia, que chamamos de “ótica”, e pode ser calculado a partir da demanda, oferta e renda. As três óticas devem chegar no mesmo número final do PIB. É como se você pudesse alcançar o destino final (resultado do PIB), com a possibilidade de três rotas(óticas) diferentes.
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O cálculo do PIB, pela ótica da demanda, é obtido pelas variáveis de consumo, investimentos, gastos do governo, e também, por variáveis do comércio exterior, no caso, a diferença entre exportações e importações.
De fato, o comércio exterior é um vetor importante do Produto Interno Bruto – PIB, na medida em que resultados pode promover uma série de efeitos no indicador, e claro, afetando a economia real, sobretudo a produção, o comércio, o emprego e a renda.
O comércio exterior cearense, no 1º bimestre de 2023, foi de menor desempenho, tanto do lado das importações, quando das exportações, conforme números capturados do portal Comex Stat, do Ministério da Indústria, Comércio e Serviços – MDIC.
As exportações cearenses nos dois primeiros meses de 2023 foram de US$ 375,28 milhões, o que representa queda de 3,3%, quando comparado ao mesmo período de 2022. No lado das importações, o 1º bimestre de 2023 foi de U$S 465,17 milhões, também em queda de 53,6%. Em 2023, o saldo da balança comercial cearense é negativo, no montante de US$ 89,8 milhões.
Neste cenário, a atual corrente de comércio, que é a soma das exportações e importações, no Ceará em 2023 é de US$ 840,46 milhões, inferior ao registrado nos dois primeiros meses de 2022, que foi de US$ 1,3 bilhão.
A tensão geopolítica, em razão do conflito entre Rússia e Ucrânia, além do menor ritmo de atividade global, decorrente da trajetória ascendente dos juros, promovendo uma política monetária restritiva, são forças motrizes negativas para o comércio internacional.
A conexão global no fluxo de bens e serviços, recursos financeiros, mão-de-obra, matérias-primas, insumos, tecnologia, entre outros fatores, nos coloca em um ambiente de elevada complexidade.
Apesar do cenário desafiador, acredito que o comércio exterior do Ceará poderá ainda apresentar resultados mais positivos. Entre as forças que podem ajudar o comércio exterior
cearense, o está no câmbio desvalorizado, que ajuda na competitividade dos produtos via preços; além da possibilidade de aumentar as parcerias comerciais, haja vista a nova política externa brasileira, em implementação pelo governo atual.
A China, por exemplo, é um dos mercados de grande potencial, que no nosso estado, ainda não figura entre os principais destinos dos produtos cearenses. No Nordeste, em 2022, a China foi o principal destino dos produtos exportados da nossa Região. A China ficou apenas em 12º Lugar em 2022 como destino dos produtos cearenses.
Grande abraço e até a próxima semana.
Este texto reflete, exclusivamente, a opinião do autor.
* projeções realizadas em Outubro de 2022 no World Economic Outlook. Novas estimativas devem ser publicadas no próximo mês de abril.