Vojvoda deve reinventar esquema do Fortaleza com saída de Pikachu: 'encontrar uma variante'

O ala se despede do clube para defender o Shimizu S-Pulse, do Japão

Legenda: Pikachu é um dos líderes técnicos do elenco do Fortaleza
Foto: Thiago Gadelha / SVM

A passagem de Yago Pikachu no Fortaleza chegou ao fim. O ala aceitou a proposta do Shimizu S-Pulse, do Japão, e deixou a equipe pelo valor de US$ 800 mil (cerca de R$ 4,3 milhões), referente à multa rescisória. O resultado: um duro golpe na briga contra o rebaixamento da Série A e um movimento que força a necessidade do técnico Vojvoda de reinventar o esquema tático.

Pikachu é, de longe, o principal jogador do time em 2022. São 44 jogos, com 17 gols e oito assistências. No último ano, integrou a seleção do Brasileirão na lateral-direita e já despertava o interesse do exterior. Assim, o Leão fica sem o principal ativo e não possui uma reposição no elenco com as mesmas característcas.

"Quando ao time, temos de encontrar uma variante (de jogo), e essa é a minha função. Não vamos encontrar apenas em um jogador, mas é no time completo que vamos encontrar essa substituição (ao Pikachu). Como? Podemos fazer através de troca de sistema. Não sei se de uma ideia, sempre no futebol eu necessito ganhar, mas temos que trabalhar para encontrar a melhor solução ao Yago".
Juan Pablo Vojvoda
Técnico do Fortaleza

Pikachu pelo Fortaleza

  • Jogos: 96
  • Gols: 29
  • Assistências: 16
  • Títulos: Bicampeão do Cearense (2021-2022) e campeão da Copa do Nordeste (2022).
  • Eleito o melhor lateral-direito do Brasileirão de 2021 e da Copa do Nordeste de 2022.

O presidente tricolor Marcelo Paz ressaltou em coletiva que não um substituto no mercado para Pikachu. O clube avaliou situações, mas não encontrou uma reposição e deve investir em uma solução interna.

"O Pikachu é um jogador raro. O jogador que eu lembro que fez algo parecido era o Sorín, do Cruzeiro, pelo lado esquerdo. Era um lateral e ala que entrava na área, infitrava e fazia gol. Até por isso não conseguimos trazer um jogador para fazer o que ele faz, porque poderíamos trazer um lateral mais defensivo, um cara que fizesse a ala,  mas com gol é muito difícil, não tem no Brasl e no exterior [...] Vai mudar a forma de jogar? Talvez. Vai adaptar alguém? Talvez. Estamos aqui para achar a solução para o problema. O Yago, não tinha. A gente tentou, até olhou, conversou, vou trazer quem? É um jogador raro pela característica".
Marcelo Paz
Presidente do Fortaleza

No fim, se trata do maior prejuízo técnico do elenco. Protagonista e capitão, Pikachu foi um dos únicos que respondeu no momento crítico do ano, com a equipe na lanterna. Na Copa do Brasil, também marcou os gols no 2 a 0 do Clássico-Rei, pelo confronto de ida das oitavas, que foram determinantes para a classificação.

Pikachu comemora gol pelo Fortaleza
Legenda: Pikachu foi um dos destaques do esquema tático 3-5-2 do Fortaleza sob o comando de Vojvoda
Foto: Thiago Gadelha / SVM

Mudança no esquema

O Fortaleza adota o esquema tático 3-5-2 desde o último ano, sob o comando de Vojvoda. No ano vigente, sem as mesmas peças, a equipe se mostrou mais frágil defensivamente e teve dificuldade no ataque. Sem Pikachu, a estrutura perde força pela especificidade do ala, que preenchia o lado direito.

No setor, era um dos trunfos da formação. Com uma trinca defensiva, recebia liberdade para atacar e até ficar mais centralizado, apesar das responsabilidades na defesa. Assim, entrou muito na área e se tornou o artilheiro e maior garçom do time na atual temporada.

Recorte da formação tática do Fortaleza
Legenda: O Fortaleza atua no esquema 3-5-2 sob o comando de Vojvoda
Foto: reprodução / LineUp 11

A necessidade de sempre permanecer em campo era fruto da falta de reposição. No atual elenco, não há um atleta com a mesma característica de Pikachu. Pela ausência de um substituto, a alteração não pode ser ponto descartado. Na verdade, se faz necessária, quando pilares de sustentação do modelo de jogo estão fora. Nos jogos com Palmeiras e Ceará, o time ensaiou o 5-4-1. O 4-3-3 também é opção, com volantes e pontas.

Contra o Avaí, quando Pikachu não atuou, Hércules e Lucas Lima se alternaram no setor, sem muito efeito. Nos últimos jogos, Vitor Ricardo (da base) também teve chance. O desafio é de Vojvoda, mas passa por rever os conceitos e encontrar um novo modelo. O time precisa se reinventar para tentar seguir na Série A.