O Ceará tem uma dívida de futebol com o torcedor na Série A: há o clamor por melhor rendimento. E a parcela de cobrança se mantém após o empate com o Santos, neste sábado (18), em nova atuação abaixo. No entanto, o cenário na Arena Castelão foi o de um time em início de trabalho, com velhos problemas, muitas ideias e em processo de evolução sob comando de Tiago Nunes.
O crescimento, mesmo tímido, atravessa as novas caras do time titular. A aposta em crias da base, como Geovane e Kelvyn, tem méritos do novo treinador e acrescentou mais dinâmica ao 4-2-3-1. A consolidação depende de sequência, mas conceder as oportunidades era um ato necessário.
Números de Ceará x Santos:
Posse de bola: 51% x 49%
Finalizações: 10 x 7
Passes: 391 x 389
Desarmes: 17 x 7
Faltas: 17 x 13
Assim, as pequenas intervenções agregam ao coletivo. Independente de qualquer melhoria, o diagnóstico é um trabalho árduo e com necessidade de uma resposta imediata sempre na rodada seguinte, como será contra a lanterna Chapecoense, no sábado seguinte, em casa de novo.
Dos demais pontos, a defesa apresentou mais solidez. A alternância entre blocos de marcação alto e médio dificultou a construção adversária, e a compactação no 4-4-2 permitiu segurança, diferente das derrotas para Grêmio e América-MG. Isso tudo apesar do pênalti cometido por Messias - desperdiçado por Marinho, e que poderia custar caro em um confronto de poucas chances.
Mudanças positivas do Ceará:
Alteração de peças no time titular, com uso de nomes da base
Maior solidez defensiva, com atuação positiva de Luiz Otávio
Participação do goleiro Richard em construção no 1º terço do campo
Tentativa de marcação em linha alta, com pressão no adversário
Mais finalizações que o rival, diferente dos duelos com Grêmio e América-MG
Problema no ataque
O sistema ofensivo do Ceará é o setor de mais dificuldade no momento de oscilação recente, agora com seis rodadas sem vitória. Na missão de ser agressivo, não tem o volume para assumir o protagonismo do confronto ou a eficiência para conquistar o gol.
Contra o Santos, assustou mais o adversário e foi melhor em períodos da partida, como na reta final do 2º tempo. São lampejos de coordenação e intensidade que precisam se tornar regulares para o acréscimo de rendimento.
A tomada de decisão é uma das carências. Por vezes, os atletas ficavam espaçados e erravam passes, impedindo a progressão. O desempenho individual também precisa ser observado: o centroavante Jael, por exemplo, pouco agregou nos últimos jogos.
Os aspectos entram na conta das escolhas de Tiago Nunes. Com duas partidas na função, precisa de tempo e confiança para o desenvolvimento do trabalho, só que o Ceará urge pelo imediatismo: o primeiro pelotão da tabela se distanciou.