Cearense Gabriel Santos luta no Card Principal do UFC Jacksonville; conheça história do atleta

Gabriel é especialista em jiu-jitsu e fará sua segunda luta na principal organização de MMA do mundo

Legenda: Gabriel carrega a bandeira de Beberibe, sua cidade natal, com muito orgulho.
Foto: Arquivo Pessoal

Os cearenses terão um motivo a mais para acompanhar de perto o UFC Jacksonville, na Flórida, neste sábado (24). Entre o card preliminar e o principal, seis atletas brasileiros entrarão no octógono, dentre eles o cearense Gabriel ‘Mosquitinho’ Santos, na categoria peso-pena (até 66,2 kg). 

Natural de Beberibe, Gabriel tem 26 anos e irá fazer sua segunda luta na maior organização de MMA do mundo. A luta entrou em sua vida quando ele tinha 14 anos, através de um primo que praticava jiu-jitsu Na época, o jovem demorou a se interessar, mas depois disso traçou o esporte como o seu propósito.

“Eu não tive muito interesse lá atrás. Eu fui criado em um sítio, mexendo com animais, então era outra realidade. Mas sempre gostei de Dragon Ball Z, Dragão Branco, esses filmes de luta. Eu sempre via e ficava querendo imitar. Cheguei a entrar na capoeira e fiquei um certo tempo, depois fui para o futebol, mas, meu Deus do céu, era uma verdadeira arma, um perigo (risos). Meu primo entrou primeiro do que eu no Jiu-Jitsu e me apresentou. A primeira vez colocamos uma lona no chão do sítio e eu achei muito legal. Depois disso, minha mãe falou que iríamos morar na cidade, no centro de Beberibe. Eu fiquei um pouco triste porque tive que vender meus animais, eu tinha cavalo, meu negócio era ser vaqueiro, mas tive que seguir. Só que Deus faz as coisas de uma maneira perfeita. Às vezes, a gente não entende, mas se hoje estou aqui é por isso, pelas coisas que aconteceram. Cheguei na cidade e no primeiro treino, fiz o que meu primo me ensinou e acabou dando certo”, afirmou. 

As lutas de Gabriel não foram apenas dentro de ringues e octógonos. Até chegar no UFC, o atleta enfrentou inúmeras dificuldades na vida pessoal, mas manteve a dedicação e a resiliência para alcançar o seu objetivo.

“A caminhada para o UFC foi feita de muitas batalhas. Não só na luta mesmo, mas na vida pessoal, que, às vezes, acaba sendo ainda mais difícil. A gente não tem apoio, não tem patrocínio, mas mesmo assim continuei seguindo o meu propósito e tudo que eu passei valeu a pena. Minha primeira luta no MMA foi com 16 anos no amador. Depois disso, fui seguindo, treinando, e me mudei para Fortaleza, onde evolui bastante com o Fernando Moura. Depois fui para Curitiba e evolui muito minha parte de trocação, meu espírito de guerreiro. Hoje estou morando no Rio de Janeiro e consigo olhar pra trás e saber que tenho as portas abertas. Sempre fui um cara muito sincero, dizendo a verdade. Sou muito sincero com meu sonho. Eu não brinco com o meu sonho nem com o sonho de ninguém, o cara que se dedica comigo eu também vou me dedicar com ele. Sou um cara que sei o que preciso fazer e quem eu sou. Sou muito feliz e grato por tudo que eu vivo. Não é fácil você sair do interior e chegar no maior evento do mundo, então isso é mágico pra mim. É muito gratificante porque eu também estou inspirando outras gerações, uma molecada que vem por aí”, disse. 

Estreia no UFC

A estreia aconteceu no UFC 286, realizado em março, na cidade de Londres, na Inglaterra. Gabriel teve apenas oito dias para se preparar para a luta diante do inglês Lerone Murphy. Mesmo assim, o cearense teve um bom desempenho dentro do octógono. Porém, em uma decisão contestável por parte da arbitragem, foi derrotado. Ele afirma que aprendeu muito no primeiro combate e que está mais do que preparado para enfrentar o ugandês David Onama em sua segunda luta na organização. Ao todo, foram 60 dias de preparação para o confronto deste sábado.

“Eu aceitei realizar minha estreia no UFC faltando apenas oito dias para ela acontecer, mas isso não é desculpa. Eu dei o meu máximo, aprendi e hoje posso estar aqui de novo, para o próximo capítulo da minha história. Eu sempre digo que a minha maior luta é a próxima, a estreia já ficou pra trás. Estou bem para essa luta, fiz tudo o que precisava ser feito. Sou um cara que trabalha duro e quando entro no tatame dou o meu melhor, sempre buscando a vitória para o meu país, para minha família e para Deus. Ele é um cara perigoso, duro, - Onama - e eu não subestimo ninguém, mas sei do meu potencial, sei que estou bem e só vejo um braço erguido no final de tudo, que é o meu. Foi maravilhoso, fiz tudo que tinha que ser feito, o que estava no meu controle. Agora estou colhendo os frutos, estando no card principal. Foi tudo do jeito que tinha que ser e estou muito feliz. Foram dois meses de preparação e estou pronto para tudo que vier no octógono”, declarou.

Em seu cartel, Gabriel, que é especialista no jiu-jitsu, já fez 11 lutas, com 10 vitórias e apenas uma derrota, justamente na estreia do UFC. O atleta faz parte da categoria peso-pena, que envolve atletas de até 66,2 kg. Por ser franzino desde a infância, ganhou o apelido de Mosquitinho que carrega até hoje como marca.

“Foi na minha segunda competição de jiu jitsu, em Teresina, no Piauí. Eu tava lá competindo, quando escuto alguém gritando ‘bora, mosquito! Mosquitinho, num sei o que’. Eu era muito magrinho quando comecei a lutar, pesava cerca de 50 kilos. Lutava em uma categoria acima, pois não tinha ninguém na minha categoria e, por isso, eu lutava com caras mais pesados. E aí começaram as brincadeiras: ‘olha esse mosquito aí no meio da galera’. Hoje levo como marca”, finalizou.

O UFC Jacksonville tem programação marcada para início às 12h30 (horário de Brasília), neste sábado (24), mas a luta entre Gabriel e Onama deve acontecer a partir das 16h, pelo Card Principal. Com os dois lutadores possuindo históricos vitoriosos no peso-pena, o confronto promete ser um dos melhores do dia.