Neste dia 2 de abril é comemorado o Dia da Conscientização do Autismo. Para marcar a data, a matéria traz o perfil de cinco atletas autistas
O mundo é o mesmo, mas a percepção é além. Aos que têm Transtorno do Espectro Autista (TEA), o olhar requer mais requinte, cuidado. No Dia Mundial da Conscientização do Autismo, comemorado hoje, 2 de abril, o Diário do Nordeste faz um resgaste de nomes do esporte mundial, todos autistas.
Na lista, nada de incapacidade, as batalhas transcendem os limites do esporte, da mente. Seja na Paralímpiada ou não, os autistas se comunicam, competem e, acima de tudo, vencem. Longe de qualquer preconceito. O histórico serve também como forma de respeito aos muitos que trabalham para estabelecer novos parâmetros de tratamento ao TEA.
Antes, vale ressaltar que há diversos níveis de autismo. A característica mais comum, no entanto, é a dificuldade de interagir socialmente e também se comunicar. No Brasil, estima-se que há um autista para cada 367 pessoas - segundo estudo realizado em 2008 no estado de São Paulo.
Confira grandes nomes
Diego Vivaldo
Um dos principais nomes do jiu-jitsu brasileiro, o atleta descobriu a Síndrome de Asperger, um tipo de autismo, apenas em 2019. No currículo, um título Sul-Americano em 2015 e a Copa do Mundo da modalidade em 2017.
Diego tem uma vida dedicada ao esporte e é pai de Danilo, de um ano. O diagnóstico veio acompanhado de um histórico de dificuldades para se concentrar durante as reuniões de família.
Tommy Des Brisay
Aos 29 anos, o corredor paratleta é uma das sensações do esporte canadense. Diagnosticado com autismo logo aos dois anos de idade, realizou acompanhamento desde cedo e se tornou um atleta profissional.
Além das provas, é conhecido também pelo canal no YouTube, "Lookyus", em que compartilha a rotina, viagens e aventuras com Abel, um cão-guia. A história dele já inspirou dois documentários e um livro, de quando se perdeu pela Islândia durante um surto de estresse.
James Eisenreich
Ex-jogador de beisebol, James atuou na principal liga dos EUA por 15 anos, acumulando passagens por clubes como Philadelphia Phillies, Florida Marlins e Los Angeles Dodgers.
Após diagnóstico de autismo devido ao excesso de ansiedade, aos 28 anos, teve acesso ao plano de aposentadoria voluntária em 1987. Três anos depois foi o primeiro na história do país a vencer o prêmio Tony Conigliaro Award, concedido anualmente a um jogador que superou um obstáculo significativo na vida. Hoje, cuida da fundação com o próprio nome para auxiliar crianças com TEA.
Jessica-Jane Applegate
Nadadora paralímpica da Inglaterra, Jessica começou a nadar após o diagnóstico de autismo, quando os pais a conduziram para aulas de natação. Logo cedo, foi admitida por um programa de talentos esportivos no Reino Unido e, aos 13 anos, detinha recordes regionais no país.
Especialista na modalidade especial S14 de estilo livre e de costas, conquistou um ouro olímpico em 2012, em casa, nos Jogos de Londres. Também defendeu a nação em 2016, nos Jogos do Rio de Janeiro. Aos 23, o maior feito foi em 2013, quando foi nomeada Membro da Ordem do Império Britânico (MBE) pelos serviços prestados.
David Campion
O esporte radical surgiu como uma "forma de liberdade". Assim, o australiano David descreve a relação com o snowboard e a neve. Selecionado para a seleção do país em 2017, conquistou uma medalha de prata no Special Olympic, a maior competição internacional para pessoas com transtorno intelectual. No âmbito local, foi multicampeão entre eventos regionais.
Com família humilde, é um dos símbolos da modalidade por pedir ajuda nas redes sociais e seguir competindo. O início da carreira foi motivado pela mãe, que o apoiou na decisão de competir.