Com status de "pandemia", novo coronavírus prejudica viagens ao exterior
Enquanto a OMS declara o coronavírus como epidemia em diversos continentes, países ficam mais rígidos e vigilantes com a chegada de visitantes
Viajar para fazer turismo no exterior tende a se tornar um pesadelo devido às medidas rigorosas nas fronteiras e na vigilância sobre visitantes e às maiores dificuldades de obter visto de entrada, dependendo do país, após a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarar, nesta quarta-feira, como uma "pandemia" o Covid-19, infecção causada pelo novo coronavírus.
Segundo a OMS, uma pandemia é a disseminação mundial de uma nova doença. O termo é utilizado quando uma epidemia - grande surto que afeta uma região - se espalha por diferentes continentes com transmissão sustentada de pessoa para pessoa. Atualmente, há 115 países com casos declarados da infecção.
A questão da gravidade da doença não entra na definição da OMS de pandemia que leva em consideração apenas a disseminação geográfica rápida que o vírus tem apresentado. A declaração como "pandemia" não significa a adoção de novas recomendações no combate ao vírus.
Vistos
Nesta quarta-feira, a Índia suspendeu todos os vistos de turismo até 15 de abril e afirmou que colocará em quarentena os viajantes vindos de sete países afetados pelo vírus em uma tentativa de conter a propagação do novo coronavírus. A suspensão dos vistos começará em 13 de março. No entanto, ficam isentos da medida os vistos diplomáticos, para organizações internacionais, de trabalho e para execução de projetos.
Já o governo do Iraque, preocupado com mortes no Irã devido ao novo coronavírus, proibiu a entrada de iranianos em seu território e a viagem de seus cidadãos à República Islâmica
Mesmo em lugares que não exigem vistos, os visitantes encontram atrações fechadas. A Basílica e a Praça de São Pedro do Vaticano foram fechadas aos turistas e visitas guiadas até 3 de abril, "para evitar a propagação do coronavírus", anunciou a Santa Sé.
Depois de Wuhan, capital da província chinesa de Hubei e epicentro do coronavírus, onde quase 57 milhões de pessoas estão isoladas, a Itália agora é o principal foco do surto no mundo e o primeiro da Europa, com medidas preventivas cada vez mais draconianas e abandonadas por turistas e companhias aéreas.
O medo do coronavírus esvazia hotéis e locais turísticos na capital da França, outro foco da epidemia na Europa e diminui os passageiros em voos de empresas aéreas que, dia após dia, anunciam a suspensão de atividades.
Voos
A propagação da epidemia de Covid-19 e o cancelamento em série de voos, primeiro na Ásia e agora na Itália, fazem tremer o setor do transporte aéreo, com o risco de falências e pedidos de ajuda aos governos. Depois da Ásia, agora é a Itália que sofre com as limitações de deslocamentos em todo o país desde segunda.
Do Coliseu à Torre de Pisa, o governo italiano fechou as portas de todos os museus e monumentos. Os bares e restaurantes fecham às 18h.
O premiê italiano Giuseppe Conte anunciou, nesta quarta-feira, o fechamento de todos estabelecimentos comerciais do país, exceto os dos setores de alimentação e saúde. "Fechamos os comércios, bares, pubs, restaurantes", disse em um discurso. "Continuará autorizada a entrega em domicílio". "O efeito do esforço será visível em 14 dias", afirmou.
Após o anúncio de confinamento na Itália, a Espanha foi, nesta quarta-feira, o primeiro país a comunicar a suspensão de todas as conexões aéreas com esse país até 25 de março. A Air France informou a suspensão de todos os seus voos com a Itália de 14 de março a 3 de abril, e a Ryanair suspendeu todos as suas conexões com a península, assim como a empresa húngara de baixo custo Wizz Air.
Há mais de um mês, as companhias aéreas e os aeroportos enfrentam medidas de confinamento - como na China ou na Itália -, prudência dos turistas que atrasam suas viagens e cancelamentos em cascata de feiras e eventos profissionais.
Algumas, como a Lufthansa, tiveram que deixar parte de suas aeronaves no chão, enquanto outras, como a Air France, realizam manutenção antecipada de suas aeronaves ou as redistribuem em áreas menos afetadas. A preocupação é generalizada no setor, especialmente desde que o verão (boreal), geralmente bom para o transporte aéreo, começará no início de abril, já sobrecarregado por perdas significativas do tráfego na Ásia, especialmente na China e agora na Itália.
Na Europa, a queda na frequência aeroportuária foi de 13,5% nos três primeiros meses do ano, segundo a ACI Europe, que reúne 500 aeroportos em 46 países.
A companhia aérea Norwegian Air Shuttle cancelou cerca de 3.000 voos entre março e meados de junho. E do outro lado do Atlântico, a American Airlines e a Delta cancelarão voos adicionais para lidar com a pandemia. A Southwest, empresa dos EUA, reduzirá os voos internacionais de 20% para 25% e de 10% para 15% nos EUA e no Canadá.
Argentina
O governo argentino ordenou um isolamento obrigatório por 14 dias às pessoas que entrarem no país vindo de regiões mais afetadas pelo novo coronavírus, informou o presidente Alberto Fernández, nesta quarta-feira. "Isso não é voluntário, não é uma recomendação. Se você não cumprir, estará cometendo um crime, colocando em risco a saúde pública", disse Fernández.
Esta medida é similar a uma adotada pela Colômbia, que também visa quem desembarca no país oriundo de uma área atingida pela pandemia.
Dinheiro extra na itália
Para combater a pandemia, a Itália anunciou uma ajuda excepcional de 25 bilhões de euros (US$ 28,3 bilhões de dólares).
Juro cai na Inglaterra
Para proteger sua economia de abalos pelo vírus, o Banco da Inglaterra anunciou, nesta quarta-feira, ontem, uma inesperada redução nas taxas de juros, que passou de 0,75% para 0,25%.
Apelo da ONU
O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, pediu aos governos de todos os países que "aumentem imediatamente os esforços" para combater a pandemia.